As mulheres negras estão entre as vozes mais potentes na defesa da vida e do planeta. Em 2025, estaremos em Marcha mais uma vez! É com orgulho que o Blogueiras Negras apresenta a lista das #25WebNegras 2025, com o tema: Dignidade Social e Justiça Climática.

Este ano acontece a 2ª Marcha das Mulheres Negras no Brasil, um dos principais eventos do movimento de mulheres negras no sul global, que se posiciona a partir do tema Reparação e Bem Viver. Uma agenda que celebra o legado das 100 mil mulheres negras que marcharam em 2015, mas que se reinventa de forma ambiciosa por meio do engajamento político e do desejo de levar 1 milhão de mulheres negras a Brasília/DF. E nós vamos conseguir!
Apesar de nossas energias e nosso axé estarem voltados para a Marcha, muitas de nós, mulheres negras ativistas, ambientalistas e defensoras dos direitos humanos, também estão inseridas na pauta socioambiental, atuação que ganha ainda mais visibilidade este ano com a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), o principal evento global onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do clima, que este ano será no Brasil, na cidade de Belém/PA.
Esses dois acontecimentos podem parecer distintos, porém convergem quando observamos a vida das mulheres negras no Brasil. Não haverá reparação sem que o bem-estar social também leve em consideração o combate ao racismo ambiental e a todas as questões que envolvem os impactos das mudanças climáticas na vida da população negra, que é uma das mais afetadas, segundo estudos da Fiocruz e da Associação de Pesquisa Iyaleta.
Mas, quem são as mulheres negras que estão moldando um futuro mais justo e sustentável para todas e todos nós?
São muitas, em muitos lugares. Porém, nossa 11ª edição das #25WebNegras, que acontece de forma especial no #JulhoDasPretas, busca destacar à trajetória de 25 mulheres negras que se dedicam à justiça social e climática no Brasil, seja a partir de uma atuação local, estadual, regional, nacional ou internacional. Mulheres que inspiram transformações radicais na malha social, de formas e perspectivas diferentes, aguçando o olhar do público sobre as diversas maneiras de mobilização e de ativismo. Seja na agroecologia, no empreendedorismo, na política, na comunicação ou no ativismo, cada uma delas carrega um papel importante na construção da dignidade social de pessoas negras e demais grupos sub-representados.
Em novembro, estaremos em marcha mais uma vez, ocupando Brasília com nossos corpos, vozes e bandeiras por reparação e bem viver. Ao mesmo tempo, também estaremos incidindo politicamente na COP30, reafirmando que as mulheres negras são protagonistas nas lutas por justiça climática e por um projeto de futuro que não desconsidere nossas vidas. Estar nesses dois espaços é reafirmar que não há separação entre justiça social e ambiental, seguimos mobilizadas, organizadas e determinadas a fazer com que nossas pautas ecoem nos centros de decisão, nos territórios e no mundo.
Como todos os anos, nossa lista buscou ser o mais diversa e representativa possível, trazendo mulheres de diferentes territórios, de diferentes orientações sexuais e com trajetórias totalmente distintas. Cabe a nós, sociedade, citar e manter viva a memória das nossas companheiras. Existe um desafio enorme em registrar a trajetória e o legado das mulheres negras, dentro e fora da internet, portanto, pedimos a sua colaboração na difusão desse material. Confira os nomes:
- Adda Vyctoria Caetano (Ceará)

Adda Vyctoria Caetano nasceu no quilombo Conceição dos Caetanos, em Tururu, no Ceará, e desde cedo enfrentou desafios por ser negra, agricultora, pobre e se reconhecer como mulher trans aos dez anos. Em meio a preconceitos e resistências, se tornou uma liderança inspiradora, determinada a transformar sua realidade e a da comunidade ao seu redor. Fundadora do coletivo África Nordestina, passou a coordenar o grupo LGBT da Conaq, lutando por visibilidade, dignidade e pelo direito de existir nos territórios quilombolas.
Sua atuação combina militância, afeto e ancestralidade. Adda rompe com o silêncio imposto às pessoas LGBTQIA+ quilombolas e rurais, promovendo debates, organizando encontros e fortalecendo jovens lideranças. Ao defender a diversidade e o pertencimento no campo, também mobiliza pautas ambientais e territoriais, mostrando que lutar por identidade é também cuidar da terra, da memória e do futuro coletivo.
- Adriana Barbosa (São Paulo)

Adriana Barbosa é uma empreendedora e ativista social nascida em São Paulo, reconhecida por fundar e dirigir a Feira Preta, o maior evento de cultura negra da América Latina. Criada em 2002, a Feira surgiu como resposta à invisibilidade de empreendedores negros no mercado e se transformou em uma potente plataforma de valorização da cultura afro-brasileira, reunindo arte, moda, gastronomia e negócios.
Adriana também é uma importante incentivadora de iniciativas que promovem o afroempreendedorismo e fortalecem redes de apoio para a população negra. Descendente de nigerianos, ganenses, togoleses, beninenses e indígenas, sua trajetória é marcada pelo compromisso com a equidade racial e pelo estímulo à economia criativa negra. Formada em Gestão de Eventos e especializada em Gestão Cultural pela USP, Adriana já recebeu reconhecimentos internacionais: em 2017, entrou na lista MIPAD da ONU como uma das 51 pessoas negras mais influentes do mundo com menos de 40 anos; em 2020, foi nomeada Inovadora Social do Ano pelo Fórum Econômico Mundial; e, entre 2022 e 2024, integrou a lista das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea. Sua atuação inspira transformações profundas no campo da representatividade, do consumo consciente e da justiça social.
Siga e fortaleça a caminhada de Adriana Barbosa e conheça o trabalho da Feira Preta!
- Aline Odara (São Paulo)

Aline Odara é uma ativista e empreendedora social nascida em São Paulo, fundadora e diretora do Fundo Agbara, o primeiro fundo filantrópico do Brasil voltado exclusivamente para mulheres negras. Criado em 2020, durante a pandemia, o fundo nasceu de uma vaquinha solidária e cresceu rapidamente, tornando-se referência em justiça econômica e emancipação de mulheres negras, trans, lésbicas, mães solo, migrantes e egressas do sistema prisional. A organização oferece apoio financeiro, formação técnica e cidadã, e já beneficiou centenas de mulheres em todo o país.
Com formação em Ciências Sociais e passagens pela PUC-SP e Unicamp, Aline transformou sua vivência em potência coletiva. Em 2023, foi reconhecida com o Prêmio Empreendedor Social na categoria “Soluções que Inspiram”. Foi destaque na lista da Época Negócios como uma das 100 mulheres inovadoras que estão reescrevendo a história e transformando suas organizações, seus setores e o próprio ecossistema de inovação. A atuação de Aline é um exemplo vivo de como a filantropia negra pode gerar impacto social, econômico e cultural de forma estruturante e contínua.
Conheça o trabalho de Aline Odara e do Fundo Agbara!
- Cida Bento (São Paulo)

Cida Bento é psicóloga social, escritora e ativista nascida em São Paulo, reconhecida como uma das principais intelectuais do movimento negro brasileiro. Doutora em Psicologia pela USP, é referência nos estudos sobre branquitude, relações raciais e desigualdades estruturais no Brasil. Em 1990, cofundou o CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), organização que atua na promoção da equidade racial e de gênero em escolas, empresas e instituições públicas.
Ao longo de sua trajetória, Cida participou de importantes espaços de articulação política, como a delegação brasileira na Conferência Mundial contra o Racismo em Durban (2001), e integrou conselhos como o da ONU Mulheres e o Instituto Ethos. Em 2015, foi eleita pela revista The Economist uma das 50 pessoas mais influentes do mundo no campo da diversidade. É autora de obras fundamentais como O Pacto da Branquitude, que analisa os mecanismos de manutenção do privilégio branco na sociedade brasileira. Sua atuação une produção acadêmica, militância e intervenção institucional, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e plural.
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- Creuza Oliveira (Bahia)

Creuza Oliveira é uma das mais importantes lideranças na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil. Nascida em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, começou a trabalhar como empregada doméstica ainda criança, em condições de extrema vulnerabilidade. Perdeu o pai aos cinco anos e a mãe aos doze, e só pôde concluir os estudos na vida adulta. Sua trajetória é marcada pela resistência e pela organização coletiva: foi uma das fundadoras da Associação das Empregadas Domésticas da Bahia e, mais tarde, se tornou presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), onde hoje ocupa o cargo de presidenta de honra.
Ao longo de décadas de militância, Creuza teve papel fundamental na conquista de direitos históricos para a categoria, como a promulgação da PEC das Domésticas. Sua atuação ultrapassa fronteiras nacionais, com presença em fóruns internacionais e articulações com organizações de direitos humanos. Em reconhecimento à sua luta, recebeu diversas homenagens, entre elas, o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia, sendo a primeira trabalhadora doméstica a receber essa honraria no país.
Acompanhe e fortaleça a trajetória de Creuza Oliveira!
- Dandara Rudsan (Pará)

Dandara Rudsan é ativista de direitos humanos e gestora de conflitos socioambientais, nascida em Santarém (PA) e criada em Altamira, no coração da Amazônia. Mulher negra e travesti, cresceu entre palafitas e reassentamentos, em uma região profundamente marcada pelos impactos da Usina de Belo Monte e pela violência estrutural. Formada em Direito, Dandara atua na linha de frente da defesa ambiental e da justiça social, enfrentando ameaças de morte e vivendo sob constante risco, a ponto de precisar usar colete à prova de balas para seguir mobilizando sua comunidade.
É fundadora do Núcleo Estratégico de Direitos Humanos e Promoção da Paz (Nepaz), criado para acolher mulheres negras e LGBTQIA+ vítimas de violência em Altamira, um dos municípios mais violentos do país. Também organiza o Fórum Popular de Lideranças do Médio Xingu por Justiça Climática e Ambiental, articulando resistência frente à mineração de ouro e à destruição do território.
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- Edna Dantas e Maria Gabrielly (Pernambuco)

Edna Dantas e Maria Gabrielly são mãe e filha, ativistas socioambientais que idealizaram a Casa de Sal, localizada na Ilha de Itamaracá (PE). A construção, feita com cerca de 8 mil garrafas de vidro reutilizadas, é considerada a primeira do mundo com base vertical desse tipo de material. Mais do que uma moradia, a casa representa uma proposta de ecologia popular, justiça climática e reparação histórica para mulheres negras, especialmente no acesso à moradia digna.
Com trajetória marcada pela reciclagem, moda sustentável e empreendedorismo periférico, Edna e Gabrielly transformaram práticas cotidianas em um projeto de impacto social e ambiental. A iniciativa denuncia a exclusão de comunidades negras dos financiamentos climáticos e propõe soluções acessíveis e replicáveis. A Casa de Sal é, ao mesmo tempo, abrigo, manifesto e tecnologia ancestral reinventada.
Acompanhe o trabalho de Edna e Gabrielly e siga o perfil da Casa de Sal!
- Eliete Paraguassu (Bahia)

Eliete Paraguassu é marisqueira, ativista ambiental e a primeira mulher quilombola eleita vereadora de Salvador(BA). Nascida e criada na Ilha de Maré, território tradicional pesqueiro e quilombola, ela construiu sua trajetória a partir da defesa do meio ambiente e dos direitos das populações ribeirinhas. Sua militância começou nos anos 1990, impulsionada pela contaminação por metais pesados que afetou sua filha e outras crianças da comunidade. Desde então, Eliete passou a atuar em movimentos como a Articulação Nacional das Pescadoras e o Movimento de Pescadores e Pescadoras, tornando-se uma das principais vozes contra o racismo ambiental na região.
Em 2024, foi eleita vereadora pelo PSOL com mais de 8 mil votos, marcando um feito histórico na capital baiana. Sua campanha teve como bandeira central o combate às desigualdades socioambientais e a defesa dos povos das águas. Eliete propõe um mandato coletivo, com foco no “bem viver” e na reparação histórica dos territórios quilombolas. Sua presença na Câmara representa não apenas uma conquista política, mas também o reconhecimento da luta ancestral das mulheres negras e marisqueiras da Bahia.
Acompanhe o trabalho de Elite!
- Erika Hilton (São Paulo)

Erika Hilton é Deputada Federal por São Paulo e uma das figuras mais relevantes da política brasileira contemporânea. Nascida em Franco da Rocha (SP) em 1992, transformou sua trajetória de exclusão em um projeto político de impacto nacional. Antes de chegar ao Congresso, foi a vereadora mais votada do Brasil em 2020 e presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo. Sua atuação é marcada pela defesa dos direitos humanos, da população LGBTQIA+, das mulheres negras e das juventudes periféricas.
Eleita deputada federal em 2022 com mais de 256 mil votos, Erika se tornou a primeira mulher negra e trans a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Em Brasília, tem se destacado por propostas como a PEC que propõe o fim da escala 6×1 de trabalho, defendendo uma jornada semanal de quatro dias. Reconhecida internacionalmente, já foi listada entre as 100 mulheres mais inspiradoras do mundo pela BBC e recebeu o prêmio Generation Change da MTV Europe. Sua presença no Parlamento representa uma ruptura histórica e um avanço na luta por justiça social no Brasil.
Conheça o trabalho da Deputada Erika Hilton nas redes sociais!
- Kamila Camilo (São Paulo)

Kamila Camilo é uma ativista climática e empreendedora social nascida na Zona Leste de São Paulo, cuja trajetória une justiça ambiental, comunicação e inovação. Criada em um contexto periférico, começou a trabalhar ainda criança e teve sua primeira experiência com o mercado formal por meio do programa Jovem Aprendiz. Formou-se em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas e, ao longo dos anos, construiu uma carreira voltada à transformação social, com foco em juventude, sustentabilidade e inclusão.
Ela é diretora executiva do Instituto Oyá, organização da sociedade civil que busca trabalhar com questões como Justiça Climática e Desenvolvimento Sustentável. Kamila também lidera o Davos Lab Brasil, iniciativa do Fórum Econômico Mundial, e já participou de conferências internacionais como a COP27, COP28 e COP16. Sua atuação busca aproximar o setor privado, a sociedade civil e os comunicadores digitais das urgências ambientais, promovendo uma nova cultura de consumo e responsabilidade coletiva.
Acompanhe o trabalho de Kamila e do Instituto Oyá!
- Maria das Dores Almeida (Amapá)

Maria das Dores do Rosário Almeida, conhecida como Durica Almeida, é professora, ambientalista e uma das principais referências do movimento de mulheres negras na Amazônia. Nascida em Macapá (AP), com raízes em comunidades negras e ribeirinhas, é formada em Economia Doméstica e mestra em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília. Atua há décadas na defesa dos direitos humanos, com foco em justiça racial, educação antirracista e fortalecimento das mulheres negras amazônidas.
Durica é cofundadora do Instituto de Mulheres Negras do Amapá (IMENA) e da Rede Fulanas. Coordena o projeto “Mulheres Negras da Amazônia em Movimento” e integra a Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB). Sua atuação articula formação política, incidência institucional e mobilização intergeracional, especialmente na construção da 2º Marcha das Mulheres Negras Por Reparação e Bem Viver. Com sua trajetória, ela inspira novas lideranças e reafirma o protagonismo das mulheres negras na luta por justiça climática, territorial e social.
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- Marcele Oliveira (Rio de Janeiro)

Marcele Oliveira é comunicadora, produtora cultural e ativista climática nascida em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Crescida em um território periférico marcado por desigualdades socioambientais, ela transformou sua vivência em mobilização política e comunitária. É formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e tem atuação destacada na criação de políticas urbanas para as periferias, como a implementação do Parque Realengo Susana Naspolini, fruto de uma luta coletiva por áreas verdes em regiões historicamente negligenciadas.
Em 2025, foi nomeada pelo presidente Lula como Campeã de Juventude da COP30, se tornando a principal representante das juventudes brasileiras na conferência climática da ONU que será sediada em Belém (PA). Marcele também é diretora executiva do Perifalab, cofundadora da coalizão “O Clima é de Mudança” e participou de edições anteriores da COP, como a COP27 e COP28. Sua atuação articula justiça climática, cultura e comunicação, com foco em soluções que partem dos territórios e valorizam os saberes periféricos e ancestrais.
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- Marta Paixão (Piauí)

Marta Paixão é professora, liderança quilombola e ativista dos direitos humanos no estado do Piauí. Nascida em uma comunidade tradicional, atua há décadas na promoção da igualdade racial e na defesa dos povos quilombolas, indígenas e de terreiro. É gerente de Promoção da Igualdade Racial da Secretaria da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc), onde articula políticas públicas voltadas à valorização das identidades étnico-raciais e ao enfrentamento do racismo institucional.
Sua atuação combina educação, mobilização comunitária e incidência política. Marta tem sido uma das vozes mais ativas na criação de conselhos municipais de igualdade racial e na implementação de políticas de educação quilombola no estado. Também participa de articulações nacionais, como a Marcha das Mulheres Negras, contribuindo para o fortalecimento das pautas de reparação histórica e bem viver no Nordeste. Sua trajetória reafirma o papel das mulheres negras quilombolas como protagonistas na construção de um Brasil mais justo e plural.
- Martihene Oliveira (Pernambuco)

Martihene Oliveira é jornalista, articuladora e ativista social nascida em Recife (PE), com atuação voltada à comunicação popular, justiça racial e valorização dos territórios periféricos. É idealizadora do Coletivo Sargento Perifa, que promove ações sociais, formativas e culturais com foco em mulheres e meninas negras da comunidade do Córrego do Sargento. Também escreve para veículos como o Intercept Brasil, onde aborda temas como genocídio negro, violência urbana e justiça climática.
Em 2024, foi uma das homenageadas com o Prêmio Mérito de Comunicação Jornalista Graça Araújo, concedido pela Câmara Municipal do Recife. A premiação reconhece profissionais que se destacam na promoção de uma comunicação comprometida com os direitos humanos e a democracia, e celebra o legado da jornalista Graça Araújo, ícone da televisão pernambucana. A conquista reforça o impacto do trabalho de Martihene na construção de narrativas que rompem com o silenciamento histórico das favelas brasileiras.
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- Mestra Luiza Cavalcante (Pernambuco)

Mestra Luiza Cavalcante é uma agricultora afroecológica e ativista socioambiental que vive no assentamento em Tracunhaém, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Mulher negra e quilombola, ela é referência na promoção da agroecologia como prática de resistência, cuidado com a terra e valorização dos saberes ancestrais. Desde 1997, ocupa o território conhecido como Sítio Ágatha, formando um espaço matriarcal que une três gerações de mulheres negras em torno da produção sustentável e da justiça ambiental.
Sua atuação vai além da agricultura: Luiza lidera grupos de formação, promove a participação feminina na produção agroecológica e defende a agroecologia como caminho para erradicar a pobreza e enfrentar o racismo ambiental. O Sítio Ágatha é reconhecido como um espaço afroecológico, antirracista e feminista, onde se cultivam alimentos, memórias e autonomia. A trajetória de Mestra Luiza é marcada por enfrentamentos históricos, como o despejo violento sofrido por sua comunidade em 2003, e por uma luta contínua por dignidade.
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- Mirtes Renata (Pernambuco)

Mirtes Renata é bacharela em Direito e uma importante ativista na luta por justiça racial e trabalhista no Brasil. Pernambucana e ex-trabalhadora doméstica, teve sua vida transformada em 2020 após a morte de seu filho, Miguel Otávio, que caiu do nono andar de um prédio de luxo no Recife em 2020, enquanto estava sob os cuidados da então patroa de Mirtes, Sari Corte Real. A partir dessa tragédia, Mirtes assumiu um papel de mobilização social e aprofundou seu envolvimento com os direitos humanos.
Determinada a compreender e intervir nas estruturas de poder que perpetuam injustiças, cursou Direito. Sua trajetória é marcada por coragem, empatia e compromisso com a transformação das condições de vida de outras mulheres negras e trabalhadoras. Mirtes se tornou um símbolo de denúncia, mas também de construção de alternativas, usando sua voz para fortalecer o debate público sobre racismo estrutural, direitos das crianças e valorização do trabalho doméstico.
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17) Nega Gizza (Rio de Janeiro)

Nega Gizza, nome artístico de Gisele Gomes de Souza, é rapper, comunicadora e ativista nascida no subúrbio de Brás de Pina, no Rio de Janeiro. Iniciou sua trajetória profissional como locutora de rádio e se destacou no cenário do hip hop nacional ao vencer o Prêmio Hutúz em 2001, na categoria “melhor demo de rap”. Em 2002, lançou o álbum Na Humildade, considerado um marco na presença feminina no rap brasileiro. Também foi apresentadora do programa “Hip Hop Brasil” e, desde então, sua voz se tornou símbolo de resistência e representatividade nas periferias.
Além da música, Gizza é uma das fundadoras da Central Única das Favelas (CUFA), organização que promove cultura, educação e cidadania nas comunidades. Apresenta há mais de uma década o programa de rádio “A Voz das Periferias”, na Rádio Roquette-Pinto, e coordena projetos audiovisuais e sociais voltados à juventude negra e periférica.
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18) Nilce Naira (Rio de Janeiro)

Nilce Naira é yalorixá e coordenadora da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO), com atuação destacada no enfrentamento ao racismo religioso e na promoção da saúde integral das comunidades de terreiro. Residente no Rio de Janeiro, ela tem sido uma das principais vozes na denúncia da violência contra os espaços sagrados de matriz africana e na defesa do terreiro como lugar de acolhimento, cuidado e resistência.
Sua trajetória articula espiritualidade, direitos humanos e políticas públicas. Em audiências públicas e rodas de conversa com instituições como a Defensoria Pública e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Nilce tem ressaltado que o racismo religioso é um determinante social da saúde, afetando diretamente o bem-estar físico e emocional das pessoas de fé afro-brasileira. Como liderança religiosa e política, ela atua para garantir o reconhecimento dos terreiros como espaços legítimos de cuidado e cidadania.
Acompanhe as ações de Nilce Naira!https://www.instagram.com/nilcenaira/
19. Silvia Souza (São Paulo)

Silvia Souza é advogada, conselheira federal da OAB por São Paulo e a primeira mulher negra a presidir a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil. Reconduzida ao cargo para o triênio 2025–2027, ela tem liderado ações de grande impacto na defesa da cidadania, da justiça social e dos direitos fundamentais, com foco especial em populações vulnerabilizadas, como povos indígenas, comunidades negras e vítimas de desastres ambientais.
Formada em Direito, Silvia é mestra pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-graduada em Direitos Humanos, Diversidades e Violências pela UFABC. Sua trajetória começou ainda jovem no movimento negro da ONG Educafro e se consolidou em organizações como a Conectas Direitos Humanos. À frente da Comissão, tem atuado em casos emblemáticos, como o da população Yanomami, o desastre ambiental em Maceió e ações no Supremo Tribunal Federal em defesa da população negra.
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20. Socorro Guterres (Maranhão)

Socorro Guterres é professora, gestora pública e ativista dos direitos das mulheres negras no Maranhão. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão, atua há mais de duas décadas na formação de educadores e no fortalecimento de comunidades quilombolas e tradicionais. Desenvolveu projetos de educação antirracista e combate ao trabalho infantil, e foi consultora do Ministério da Educação no programa Conexões de Saberes.
Entre 2011 e 2014, coordenou o Programa Brasil Quilombola na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), vinculada à Presidência da República. Atualmente, é secretária adjunta da Secretaria de Igualdade Racial do Maranhão, onde lidera ações como o Programa Maranhão Quilombola e iniciativas voltadas à saúde, cidadania e empoderamento das mulheres negras. Também integra o REMNEGRA (Rede de Mulheres Negras do Maranhão), articulando formações, encontros e mobilizações em torno do bem viver, da reparação histórica e do enfrentamento ao racismo.
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21. Tay Silva (Pará)

Tay Silva é ativista climática, educomunicadora e criadora de conteúdo nascida no estado do Pará, com atuação voltada à democratização da comunicação e à justiça socioambiental na Amazônia. Historiadora de formação, Tay desenvolve projetos que conectam juventudes periféricas, quilombolas, ribeirinhas e indígenas por meio de metodologias criativas e tecnologias sociais.
Ela é uma das apresentadoras da websérie Afetividade e já atuou como curadora e produtora local do Festival LivMundi em Belém. Também apresentou o Festival ECOAR, promovido pelo Coletivo Miri, e participou de produções audiovisuais como Não São Apenas Rimas e Na House, da Chibé Produções. Sua atuação articula comunicação popular, cultura e ativismo climático, com foco na valorização dos saberes ancestrais e na construção de narrativas que partem dos territórios amazônicos.
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22. Tereza Oliveira (Pernambuco)

Tereza Oliveira é uma profissional de tecnologia e mentora de carreira que tem se destacado por sua atuação voltada à inclusão de mulheres negras e periféricas no setor de inovação digital. Pernambucana, Fundadora da Virada no Café, ela iniciou sua trajetória profissional em contextos de vulnerabilidade e, ao longo dos anos, construiu uma carreira marcada pela reinvenção, pela escuta ativa e pelo compromisso com a transformação social.
Com experiência na tecnologia e presença em eventos como o Tech Talk no Porto Digital, Tereza compartilha seus conhecimentos sobre desenvolvimento, empregabilidade e transição de carreira com uma abordagem acessível e acolhedora. Ela acredita que a inclusão digital precisa vir acompanhada de afeto, autoestima e pertencimento. Sua trajetória é exemplo de como a tecnologia pode ser ferramenta de reparação e liberdade quando colocada a serviço da equidade.
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23. Vera Lúcia (Bahia)

Vera Lúcia é advogada, baiana de Livramento de Nossa Senhora, e atualmente ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nomeada em 2023. Com uma trajetória de décadas na defesa dos direitos humanos, da democracia e da equidade racial, ela é uma das fundadoras da Frente de Mulheres Negras do Distrito Federal e integrante da Coalizão Negra por Direitos.
Sua atuação no TSE representa um marco simbólico e institucional: Vera é a segunda mulher negra a ocupar uma cadeira na Corte, e movimentos sociais têm mobilizado apoio para que ela seja nomeada ministra titular, o que a tornaria a primeira mulher negra a integrar a composição efetiva do TSE em mais de 90 anos de história.
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24) Vinólia Andrade (Maranhão)

Vinólia Andrade é ativista dos direitos das mulheres negras e coordenadora geral do Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa, no Maranhão. Também integra a coordenação executiva da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), sendo uma das principais articuladoras da 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, prevista para 2025, em Brasília.
Sua atuação combina incidência política, formação comunitária e mobilização interseccional. Sob sua liderança, o grupo Mãe Andresa desenvolve ações em comunidades quilombolas e periféricas, promovendo escutas territoriais, formações sobre história e cultura afro-brasileira e o fortalecimento da educação antirracista nas escolas. Vinólia também tem sido uma voz ativa em espaços institucionais, como a Assembleia Legislativa do Maranhão, onde defende o bem viver, a reparação histórica e o enfrentamento ao racismo religioso e de gênero.
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25) Vitória Pinheiro (Amazonas)

Vitória Pinheiro é uma jovem ativista climática, negra e trans, nascida e criada no bairro Zumbi dos Palmares, periferia de Manaus (AM). De origem afro-indígena, ela atua na interseção entre justiça ambiental, equidade racial e direitos das juventudes periféricas. Fundadora da organização Palmares, Vitória desenvolve soluções comunitárias para enfrentar desigualdades estruturais e promover políticas públicas inclusivas.
Sua trajetória ganhou projeção internacional ao representar o Brasil na COP26, em Glasgow, e ao ser nomeada Ponto Focal da ONU para Crianças e Juventude em 2022. Também foi a primeira pessoa trans no mundo a ocupar um assento no programa de jovens lideranças da Comissão Europeia, participando de fóruns como o European Development Days e o Fórum Urbano Mundial. Vitória defende que a crise climática não pode ser dissociada de questões de raça, gênero e classe, e que as soluções precisam partir dos territórios mais afetados. Sua atuação é um farol para uma nova geração de lideranças amazônicas e interseccionais.
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Produção e Pesquisa: Wellington Silva
Direção de Arte: Helida Costa