Lançamos hoje o projeto “300 Vozes Negras – por Marielle Franco”
É uma iniciativa coletiva de mulheres negras que pretende, de forma colaborativa, ser como uma colcha de retalhos ou uma corrente que destrua o que nos limita e assim rompa com as nossas mordaças.
A missão deste escrito é ser uma ferramenta de denúncia, de poetizar as nossas dores, documentar as nossas memórias e ser uma grande ocupação para a vida.
A morte de Marielle Franco nos trouxe a perspectiva de que precisamos continuar a existir, lutar. Por isso, este manifesto, com a intenção de nos resgatar através da escrita.
Como funcionará?
Como o texto será coletivo, cada contribuição é muito importante e terá o dever de respeitar as narrativas das colegas, ou seja, não pode haver nenhuma interferência ou modificação dos textos escritos anteriormente.
Apenas acrescente o seu escrito e depois passe adiante para o próximo endereço do e-mail listado para o envio.
O título será o mesmo para todos os textos. O formato e o tamanho são ilimitados: pode ser curto, longo, uma prosa, poesia ou algo que não considere que tenha uma classificação literária. Que seja seu relato e que deixe a sensação de descarregar a sua bagagem e desse modo respeite a si mesma e as outras companheiras.
Desejamos nesta travessia estarmos sempre de mãos dadas e que possamos seguir os passos das mães negras que embarcaram nos tumbeiros, e ofertaram para as suas crianças o melhor do que tinham, assim transformando suas vestimentas em bonecas Abayomis.
Que os nossos textos sejam um encontro precioso!
Quem pode escrever?
Tem que ser mulher, cis ou trans e ser negra. E só!
Sabemos como o processo da escrita é doloroso para todas nós, porém ele pode ser transformador e curativo, por isso queremos te ouvir, queremos ler o que traz dentro do seu peito e da sua mente. Por favor, não desista.
*Você também pode adicionar o endereço de e-mail de outras mulheres negras, pois deste jeito elas também poderão fazer parte disto.
IMPORTANTE:
Depois que terminar o seu escrito, não se esqueça de assinar, de colocar seu nome (real ou alternativo), localidade (se assim quiser) e também resumidamente o que achar de interessante sobre você (mini-bio).
O texto de número 300, isso quer dizer, a última autora terá a função crucial de enviar para as Blogueiras Negras ([email protected]), em formato .doc e desta maneira este trabalho terá uma postagem pública.
Para participar desta campanha, escreva para [email protected]
Vamos começar?
Agora quero invocar as nossas ancestrais e dessa forma emanar para todas as participantes muito amor e axé e dizer que estamos conectadas através desse grito que está engasgado na garganta desde o século XVI.
Tentaram nos enganar através desse afastamento entre nós e até mesmo do nosso eu, porém chegou o momento de nos levantarmos juntas.
Que a revolução inicie pelas pretas, por meio de um lápis, uma caneta ou um computador. Que a nossa bússola seja a Sankofa, ou seja, um pássaro africano de duas cabeças e segundo a filosofia africana que significa aproximadamente voltar ao passado para ressignificar o presente. O pássaro tem uma cabeça voltada para o passado e outra cabeça voltada para o futuro. Resgatar a memória para continuar fazendo história no presente.
Abril de 2018, texto escrito em font/tipografia comfortaa