Cê diz que eu sou sua rainha,
mas vá com calma, rapaz
Por baixo dessa tua pele clara
Se esconde meu capataz
Elogia a preta gorda,
Faz de meu corpo seu projeto.
Mas me chama de escrota,
se lhe peço,
imploro,
afeto.
Da minha pele escura,
Se fala muito bem,
ms a minha mente surta,
pela compreensão que não tem.
Como é se descobrir negro,
como é poder querer?
Eu não pude dizer o que sou,
isso cabe a você.
Preta,
Preta,
Gorda,
Gorda,
Guerreira me gritas.
Mas minha alma, solitária solicita :
Me deixe em paz,
Saia daqui,
minha cabeça,
minha alma,
Estão cansadas de cair.
Não vou mais pedir
permissão,
Licença
Coração,
presença.
Vou me fazer rainha,
bem acompanhada,
ou sozinha.
Mas sem ladainha,
só tomando de assalto,
a coroa que é minha.
Escrito por: AZA
Imagem de destaque – Selected Poems, Hsiao-Ron Cheng