Oya Messan – a mulher mãe dos nove filhos.
Oya Messan – a mulher mãe dos nove filhos. Oya nos escolheu e escolhemos seu nome para estampar a nossa primeira publicação em nove anos de existência de Blogueiras Negras. E quantas voltas que o mundo dá. As escolhas que fazemos diante de um limite para não deixar ninguém pra trás, um esforço para materializar a subida que puxa a outra.
Larissa Santiago & Viviane Gomes
Tirem suas mãos de nossos símbolos de luta
O que mais me incomoda é ver pessoas fazendo uso dos elementos da nossa identidade étnica como fizeram com vários elementos da cultura negra, desvirtuando seus significados e se apoderando de algo que não lhes é legítimo.
Eliane Oliveira
Por quais mulheres e feminismo radical luta?
Já digo de antemão que não ignoro as mulheres negras que militam com base em outras correntes, sobretudo a do feminismo radical. Apesar de ter sérias críticas à teoria radical e mais ainda à sua prática, minha sororidade serve a todas às mulheres que dela precisarem. Ouso dizer que uma das maneiras de se exercer a sororidade é exatamente criticando nossas companheiras. Críticas e divergências enriquecem debates e quando feitas de maneira saudável nos trazem maior empatia e, consequentemente, crescimento dentro da militância. Nos dão base para construirmos melhores soluções de apoio e emponderamento a diferentes mulheres.
Gabriela Pires
Como se sente uma mulher negras e gorda demonizada pela sociedade
Quem me conhece intimamente sabe que gasto uma parcela considerável do meu salário com táxis. Já me basta a rotina difícil e penosa de segunda a sexta. Moro próximo ao centro da cidade, e para lazer, em qualquer lugar que eu vá, eu recorro ao transporte particular. Economizo nas saídas, faço uma compra mensal super enxuta pra poder reservar uma parte do meu dinheiro pra ter sossego. Evito ao máximo ficar na rua “dando bobeira”. Em ponto de ônibus, em ruas movimentadas, em qualquer lugar. Sou um prato cheio para a humilhação.
Anônima
O dia em que descobriram que Beyonce é negra e capitalista
Quando o entretenimento leva mensagem de protesto e foge ao padrão estabelecido, coloca os holofotes em outro tema e estremece as normativas. Isso coloca em risco duas coisas fundamentais nos privilégios da branquidade e, nesse caso, dos brancos: quem escolhe a pauta do dia e o fato de que nem tudo é para e sobre eles. Assim, Beyoncé incomodou com sua negritude, sua feminilidade, o rebolado sexy, seu posicionamento político e seu cabelo afro.
Katucha Bento
festa estranha com gente esquisita: espaços seguros, racismo e desapropriação cultural
Será que precisaremos, nó mulheres negras, bissexuais e lésbicas, travestis e trans, andar sempre armadas, esperando a próxima agressão – caso escolhamos frequentar aquele bar, aquela festa “mista”? Ou nos restringiremos aos espaços criados exclusivamente para nós? Será sempre necessário estar pronta para o enfrentamento ou ainda nos manteremos sonsas sem prestar atenção nas violências destiladas a nós nesses espaços?
Larissa Santiago
Esse roubo que não para ou sobre nosso pacto de existir e não morrer envenenadas pelo projeto colonial
De uns tempos pra cá tenho conversado com outras mulheres negras bissexuais e também com as lésbicas e héteras sobre essa nossa aspiração de viver um amor afrocentrado. E são muitas as narrativas das que caíram na armadilha de romantizar uma relação entre pessoas negras e se sentirem ainda mais vulneráveis, manipuladas pelos dispositivos discursivos dos abusadores. Me pergunto se afinal de contas nós fazemos ideia do que cargas d’água é esse amor afroncentrado sobre o qual estamos falando, ou se estamos construindo fantasias e pobres simulacros para justificar a velha e má colonialidade de sempre. Sonhamos simetrias de poder e somos arrastadas no lodo de relacionamentos abusivos. Paradoxal e contraditório? Sim. Infelizmente.
Gabriela Monteiro
#21DiasDeAtivismo: Não queremos virar semente
“Marielle, eu queria ter conhecido viva. A morte dela me dá um recado: eu não posso passar despercebida. Eu não quero ser lembrada enquanto morta. Eu não quero que exaltem a minha morte, quero que exaltem a minha vida! A vida das minhas!”
Yane Mendes
#25WebNegras – Ori é o nome da história
Muitas de nós crescemos ouvindo e praticando o respeito aos mais velhos, um dos princípios mais fundamentais das religiões de matriz africana, onde o pedido de bênção aos que vieram antes precede nossas ações e palavras. É costume também em nossos rituais e festas, que nos posicionarmos em roda para agradecer, dançar e louvar.
Blogueiras Negras
O presidente é branco
No entanto, o branco se permite ser reconhecido publicamente como um ser individual, sem culpa do que uma coletividade branca e colonialista desencadeou no território, toda violência e extermínios culturais. Eu sentiria vergonha até de olhar para uma pessoa preta, se eu fosse branca e tivesse um passado coletivo desses. E o presidente, símbolo máximo de uma branquitude assumidamente escrota, mas que nunca virou motivo de “olha aí, branquitude, esse branco no poder”, e falando em poder, whitelândia, nem o populismo lhes tiram a afroconveniência racista.
Juliana Sankofa
Sob o signo dos bons ventos
Reunimos uma pequena parte de um todo ainda maior. Uma coleção que fala muito sobre os embates, as contradições e os obstáculos de estarmos reunidas enquanto mulheres negras em uma sociedade racista, que se irmana e acomoda em suas estruturas machistas, capitalistas e outras afins. Uma publicação para inspirar mais anos pra frente.