Infelizmente, ao longo deste ano (2017), observamos diversos casos de racismo contra
pessoas de diferentes posições sociais, gênero, orientação sexual, grau de escolaridade,
local de origem, idade, profissão, credos, entre outros. O racismo está presente em todas
as esferas de nossa vida, desde a familiar até a profissional, permeando nossas relações,
e não importa quem somos, como somos, apenas a cor da nossa pele, que é o suficiente
para muitos nos tratarem como se fossemos inferiores.
Casos como o da atriz Taís Araújo, que fez uma palestra no TEDx São Paulo
falando sobre como o preconceito racial atinge sua família, nos mostram que o racismo
atinge a todos indistintamente. A atriz afirmou que seu filho é vítima de preconceito,
que as pessoas até mesmo chegam a mudar de calçada quando o veem, e ela se tornou
motivo de chacota. Uma fala que deveria servir para reflexão e para mostrar como o
racismo nos violenta, nos estereotipa, nega nossa humanidade, foi subvertida e várias
pessoas criaram memes, insinuando que o posicionamento da atriz foi exagerado.
A cantora Ludmilla também sofreu preconceito e foi chamada de macaca por um
apresentador de TV, que disse que ela deveria estar comendo banana, não cantando.
Essa forma atroz de racismo mostra como em pleno século XXI a marginalização ainda
ronda a população negra. Quando ocupamos lugares que historicamente nos foram
negados, muitas pessoas se sentem à vontade para nos fiscalizar e dizer que lugar
devemos ocupar na sociedade. Quando destoamos do que é esperado, muitos de nós
sofremos ameaças e recebemos mensagens de preconceito.
A atriz Érika Januza escreveu em uma rede social que comprou uma
determinada roupa em uma loja e que, na hora de pagar, o atendente perguntou se ela
havia visto o preço e, quando ela afirmou que sim, perguntou em quantas vezes ela
queria parcelar. Muitos dizem que é exagero, que vemos racismo em tudo, mas essa é
mais uma faceta perversa do racismo. Muitas pessoas acreditam que nosso poder de
consumo é limitado e nos questionam quanto a isso, mas como se fosse apenas um
“aviso”.
Outro caso emblemático de racismo foi o de Titi, filha adotiva de Bruno
Gagliasso e Giovanna Ewbank. Uma socialite fez comentários ofensivos em relação à
Titi, criticando sua aparência, associando-a a uma macaca. É importante lembrar que
Titi tem a pele bem retinta e traços marcantes. Sabemos que, infelizmente, quanto mais escura a tonalidade da pele e mais crespa a textura do cabelo, mais suscetíveis a
discriminação as pessoas negras estão.
Esses são apenas alguns exemplos que mostram a perversidade do racismo e
como ele está presente em nossa sociedade. É importante lembrar que por se tratar de
pessoas conhecidas na mídia, seus casos tiveram repercussão. Sabemos que as vítimas
de preconceito são inúmeras e que aquelas que estão no anonimato ainda estão mais
suscetíveis a sofrer ataques racistas. Sabemos também que a sociedade brasileira carrega
uma herança escravocrata e que a população negra segue sendo negligenciada,
discriminada e marginalizada.
Sendo assim, é importante relembrar as palavras da feminista estadunidense
Angela Davis, que aponta a necessidade de sermos antirracistas, ou seja, de
combatermos o racismo em todas as suas formas. Não podemos nos calar diante de atos
racistas, mas fazer nossa voz ecoar e pressionar os órgãos públicos para que os racistas
sejam punidos e para que a população negra tenha, de fato, os direitos garantidos pela
constituição.
Imagem de destaque – Stop the traffik