As cidades irmãs adormecem tranquilas
Acordam em silêncio sepulcral
Velam a agonizante morte do Rio Paraguaçú
Ou seria mais um corpo?
Dessa vez não está no Morro
Um corpo boiando? Mas qual sua cor?
Branco que não é!
Quem está clamando por socorro?
O corpo ou o Rio?
Por hora é apenas um cavalo selado
Que empresta seu corpo marcado
Ao devaneio poético dos passantes
Os pescadores sabem de seu estado
As marisqueiras sentem sua escassez
Os nativos apenas esperam a próxima vez
Entregue à sua sorte, o corpo segue boiando
O rio segue dourando a cada entardecer
Mas tem como proteger?
O corpo e o Rio
Mortos dia após dia
Ano após ano
Necropolítica, se não me engano?
Água é sangue em nossas veias
No Recôncavo ou na Aldeia
Só nos restar demarcar o território
Que é meu corpo, nosso espírito
~Fragmento Adaptado do Fanzine Independente “Rascunhos do Sentir”.