Série Contos Blogueiras Negras
Eu a conheci e creio que não poderia ser diferente. Não se trata de “quando é pra ser o destino dá um jeito” ou “não tem como fugir porque estava escrito”, não, não é isso, e não que eu não acredite nisso também, a questão é apenas que a conheço e gosto muito disso, o porquê não vem ao caso. E bom, eu posso afirmar que a conheço? Como saber se tu conhece alguém? Qual o critério? Ou, isso é possível? Se for usar o critério de apenas “informações”, sim, basta saber algo sobre alguém para que se diga que o conhece. Ou não? Eu acho que a conheço, estamos quase sempre juntas. Ela me inspira, ela me alegra, ela sempre ri das minhas piadas e ainda é uma companhia para todas as horas.
Nós brigamos e discutimos, é claro, mas é justamente esse fato que nos fortalece. Somos tão parecidas e tão diferentes ao mesmo tempo, fico tentando entender a lógica, mas o fato é que nunca fui boa em matemática. Esses dias peguei ela no quarto dançando loucamente ao som de Flawless enquanto eu estava chorando na sala por me achar feia. Me senti ainda pior porque ela estava linda, ela é linda. Ela não enxugou minhas lágrimas, apenas me puxou pra dançar junto e creio que essa seja a forma dela de me apoiar, porém não consegui, voltei pra sala e chorei ainda mais. No fim do dia tomei um longo banho, coloquei um pijama e fui pra frente da TV enquanto me deliciava com uma xícara de café, quando olho pra porta e lá está ela, vestido, salto, toda maquiada e pronta pra aproveitar a noite. Ela me deixou em casa e foi. Dançou, bebeu, se divertiu e só voltou na manhã seguinte.
Esse é o jeito dela. Forte, feliz e livre, sem culpa. Mesmo a “conhecendo”, ela me surpreende e acho que sempre vai ser assim. Eu sumi por uns tempos, fiquei fora, desativei. Mas voltei, voltei ainda mais apaixonada e romântica. Eu trouxe flores. Eu fui bem recebida de volta. Sinto que ela gosta de mim, assim como eu gosto dela. Sentamos pra conversar e eu a contei que estava apaixonada pelo Ricardo, que conheci a umas semanas. Ela abriu uma garrafa de vinho pra comemorar, e enquanto isso foi me contanto das suas recentes relações com o João, o Fábio, a Renata, o Tiago e a Tais. Fiquei assustada. Como ela podia se relacionar com tanta gente em tão pouco tempo? Ela só podia tá confusa de suas escolas. Resolvi ajudar. Perguntei de quem ela gostava mais e ela simplesmente me disse que não tinha favorito, gostava de todos, cada um de um jeito diferente. Não a julgo, apenas não consigo ser assim, não digo que ela está errada, se ela é feliz… E isso eu te garanto, ela é muito feliz (mesmo que não saiba).
Apesar disso, ela também foi embora, me deixou sozinha. Onde ela foi? Eu preciso tanto dela. Voltou, estava triste. O que aconteceu? Haviam a machucado? Cuidei dela. Até frágil ela é forte. Ela ficou descansando e então foi a minha vez de sair. Voltei na manhã seguinte e ela estava tão orgulhosa de eu não ter me apaixonado por ninguém naquela noite. Confessei que eu mesma estava surpresa. Rimos com o fato. Fui no banheiro, estava muito calor, lavei o rosto, sequei, e fui me contemplar no espelho, estava me sentindo bonita aquele dia. Me olhei e lá estava ela, meu reflexo, com um sorriso enorme no rosto. Sim, ela me ama de verdade. Aquele sorriso era de amor. Foi nesse momento que lembrei que ela sou eu, assim como eu sou ela. Voltamos pro sofá e continuamos a rir. Rir de mim, rir dela, rir de nós, rir da sociedade, rir da vida. Rir.
Selo Conto Blogueiras Negras: Phillis Wheatley – uma das primeiras poetizas afro americanas.