Embalada pela trilha sonora que a DJ Bieta preparou para a nossa Pré-Marcha, flashes de vários momentos que vivi domingo (26 de julho), em Copacabana; olhos marejados com cada detalhe registrado e compartilhado nas redes sociais… o coração pulsa e ainda sinto a energia forte de cada abraço trocado, cada beijo dado nesse grande reencontro de mulheres de várias partes do Rio de Janeiro! Sim, estou tão emocionada com o nosso feito, que desde a noite de domingo, tento expressar o que foi participar da Pré-Marcha de Mulheres Negras, um momento histórico!
Arrisco dizer que Copacabana, símbolo internacional da exuberância da natureza do Rio de Janeiro e seus contrastes sociais, foi inundada por Marias Pretas! Tantas que não sou capaz de contar…mil, duas mil, um milhão? não sei! Tantas que nem sei o nome, mas que me reconheço em todas elas! Em seus rostos, suas vestes …e “naquela estranha mania de ter fé na vida!”.
A realização da pré-marcha faz parte da mobilização do Comitê Impulsor do Rio de janeiro para a grande Marcha de Mulheres Negras que acontecerá em Brasília no próximo dia 18 de novembro. É também a nossa celebração pelo Dia de Tereza de Benguela, o 25 de julho- Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Ver a Praia de Copacabana ocupada por Marias Pretas de todas as idades é coisa pra não se esquecer jamais e uma pequena mostra do que iremos fazer em Brasília.
Em muitos lares, o domingo é reservado para a família e posso afirmar que, em quase 100% deles, lá estão as mulheres preparando a comida com o que tiverem em casa. Mas, desta vez, estas mesmas mulheres, continuaram, sim, cuidando de suas famílias e de sua própria existência, indo pra rua protestar, denunciar, para dar voz, volume e cor às nossas pautas! Enegrecer Copacabana em 26 de julho foi uma ideia amadurecida por mulheres negras que, desde julho do ano passado, vem realizando encontros itinerantes em Nilópolis, São João de Meriti, Duque de Caxias, Cabo Frio, São Gonçalo, Niterói, Nova Iguaçu, Iguaba, Santa Cruz entre outros, marchando CONTRA O RACISMO, A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER!
Do Leme à Copacabana, fomos cantando e dançando ao som do Jongo do Grupo Afrolage, dos batuques e vozes dos Blocos Afros Orun Milá, e do Lemy Ayó, dos Filhos de Gandhi e Agbara Dudu. Eu, que sou fraca para emoções, mal pude me conter com a performance das jovens atrizes do Projeto Mulheres de Raça, Mulheres Incríveis, já nos momentos finais.
São nesses encontros que renovamos nossas forças e repetimos os passos que vem de muito, muito longe… das nossas ancestrais que ficaram em África e as que atravessaram o Atlântico! E se é de movimento que é feita a vida, sigamos! Até novembro ainda há muito o que se fazer! Participem em seus bairros, municípios, organizem seus comitês, juntem-se a nós, convoquem a família e vizinhos! VEM MARCHAR COM A GENTE!
Imagens: Acervo pessoal