Sabe aquela pessoa branca que um simples questionamento é como se estivéssemos arrancando o coração dela com a unha? Claro, que há pessoas pretas com esse perfil de comportamento, no entanto, a sociedade, bolha “sensata”, não as classificam como floco de neve, mas sim de “vitimista”, “violento”, por exemplo, mesmo que o comportamento seja similar de uma pessoa branca floco de neve.
Há quem dirá que estou exercendo o meu deboche particular, porém já digo que não é isso. Ao longo da minha vida, ativista e acadêmica, deparei-me com esse perfil de pessoas brancas, com ou sem doutorado, pobre ou rico, idosa ou jovem, um floco de neve é sempre um floco de neve ( risos repleto de respeito). O racismo já determinou, pela força e violência, quais sujeitos são considerados os sinhorês e as sinhás da razão , a brancura se tornou algo inquestionável na esfera do debate público e também da produção de conhecimentos, isso nas formas de silenciamento e epistemicídio.
É importante frisar que o/a branco/a floco de neve possui um discurso de autodefesa digno do Oscar pelo melhor papel de autoengano. Quando é questionado/a pelo seu racismo, por exemplo, mobiliza todos os estratagemas da comoção: do apelo a fragilidade emocional do seu interlocutor o até mesmo a manifestação de pseudo-ofendida/o, que foi alvo de uma acusação infundável, que peca contra os conceitos cristãos da sociedade, bla bla bla ( esse bla é o de blanco, ustedes hablan?).
Outra coisa, assumo que já cair nesses estratagemas ( minha cara até fica branca de vergonha nessa hora), houve momentos que meu lado comiserado se manifestou e busquei compreender uma floco de neve amiga, mas no final, após outras situações compreendi que quem chora diante de um questionamento não aguenta o peso da própria culpa, particular e coletiva, no que tange as relações raciais. Essa branquitude floco de Neve só consegue apoiadores dentro da whitelândia apenas por se representar como o moralmente ferido pelo ativismo negro que o questionou por alguma reiteração da lógica racista e do racismo propriamente dito. Talvez, a minha amiga branca floco de neve terá acesso a esse texto, então o que era floco irá virar avalanche, tudo bem! Prezados/as integrantes da whitelândia, o mundo fantásticos de vocês já a muito tempo não mais seduz ou engana, é necessário que exerçam uma reflexão sincera, consigo mesmo, acerca desse ferro ideológico que vocês utilizam nas suas relações cotidianas quando estão em interação conosco, pessoas pretas. Ao assumirem, quem sabe é o início do seu processo de aquisição mental de uma anticolonialidade. No mais, prazer, eu sou Juliana Sankofa.
Imagem destacada – Flickr no Pexels