Post originalmente publicado pelo Coletivo Audre Lorde.
Eu passei a acreditar que o mais importante para mim deve ser falado, tornado verbal e compartilhado, mesmo com o risco de isso ser ferido ou mal interpretado. Que falar me beneficia, além de qualquer outro efeito.
Audre Lorde
Ser mulher numa sociedade machista é precedente para ser diminuída constantemente e estar exposta a possibilidade de violências diversas. Ser mulher lésbica ou bissexual nesta mesma sociedade que além de machista prima pela heteronormatividade* é ser tida como a que “ainda não encontrou um homem de verdade”, a que está “passando por uma fase”, que quer “chamar atenção”, aquela que é “Lésbica por modinha”, são as mulheres que sofreram algum “trauma” ou “violência sexual”, são as mulheres “feias”, “gordas”, “mal amadas”, “mal comidas” e que por estas razões tornaram-se lésbicas. Ser lésbica ou bissexual neste contexto é ter sua afetividade e sexualidade reduzida a “fetiche para homens” ou um “convite para um ménage”. Todos estes argumentos e atitudes geram os estupros corretivos, a violência psicológica e física, o abandono, o medo e a vergonha de ser quem se é.
Porém, como diz Audre Lorde, “Seu silêncio não irá te proteger”.
“Por causa do silêncio, cada um de nós desenha o rosto de seu próprio medo — medo de desprezo, de censura, de algum julgamento, ou reconhecimento, de desafio, de aniquilação. Mas acima de tudo, penso eu, nós tememos a visibilidade sem a qual não podemos viver verdadeiramente.”
A visibilidade que nos torna vulneráveis é a mesma que liberta e nos permite lutar por nossos direitos já tão negados quanto mulheres, acabam por tomar outras proporções quando se é negra, periférica, trans*, quando se possui uma necessidade especial, se é mães, esta em situação de rua ou cárcere, quando se está em um país onde ser quem se é pode levar a morte.
O Coletivo Audre Lorde convoca a Blogagem Coletiva pelo 29 de agosto – Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, no intuito de permitir um olhar sobre sobre estas mulheres plurais que não raro tem sua existência negada. Vamos marcar esta semana com muitos textos e relatos pessoais.
É urgente dizer que existimos, que temos desejos, necessidades, sonhos, e que eles são nossos, específicos, e tão importantes como qualquer outro. Somos cidadãs e exigimos nosso lugar nessa sociedade que não titubeia em exigir nossos deveres, mas é omissa com nossos direitos.
Se tiver blog, publique lá, inclua a frase “Esse texto faz parte da Blogagem Coletiva pelo Dia da Visibilidade Lésbica e Bissexual, convocada pelo Coletivo Audre Lorde”, com o hiperlink dessa página, e nos envie o link para divulgação até as 22h00 do dia 29 de Agosto.
Caso não mantenha um blog, nos envie seu conteúdo no máximo até dia 28 de agosto, para que seja publicado em blogs parceiros. Durante este dia utilize o twitter, o instagram e outras redes sociais e publique imagens e conteúdo que possam nos tornar cada vez mais visíveis e respeitadas com a hashtag #VisibilidadeLés&Bi.
…Não é a diferença que nos imobiliza, é o silêncio. E há tantos silêncios a serem quebrados. (Audre Lorde)