Em celebração ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, destacamos cinco obras de autoras negras que escrevem a partir de suas vivências e reinventam afetos, desejos e resistências através da literatura.
Historicamente, a arte desempenha um papel de humanizar e de romper barreiras limitantes no imaginário social sobre pessoas LGBTQIA+. Nas artes visuais, na música ou na literatura, esse grupo historicamente marginalizado encontra espaço para falar em primeira pessoa, além de mostrar suas perspectivas políticas e poéticas de existência.
Para mulheres negras LGBTQIA+, esse aspecto toma uma importância ainda maior, por entendermos que a interseccionalidade, conceito elaborado pela jurista Kimberlé Crenshaw e amplamente discutido por intelectuais negras no Brasil, está presente em suas vivências, criando um sistema único de opressões. Ainda assim, essas mulheres têm sido protagonistas em movimentos culturais que transformam narrativas de exclusão em potentes expressões que inspiram o mundo a ser um lugar melhor e mais representativo.
Autoras negras LGBTs são fundamentais para ampliar os horizontes da literatura, pois escrevem a partir de vivências que rompem silêncios históricos e criam novos imaginários de liberdade, afeto e bem viver. É a partir disso que, neste 28 de Junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, criamos uma lista com cinco indicações de livros de autoras negras que celebram, emergem debates importantes e humanizam a comunidade. Confira cada um deles:
1) Um traço até você – Olívia Pilar
No romance Um traço até você, a escritora, mestra e doutoranda em Comunicação Social Olívia Pilar narra a jornada de Lina, uma jovem negra que sonha em ser ilustradora, mas enfrenta o racismo e a pressão familiar. Ao conhecer Elza, uma estudante engajada e sensível, Lina inicia um processo de autodescoberta, fortalecendo sua identidade e encontrando no amor e na arte a força para ocupar o mundo com coragem e orgulho. O livro, publicado pela editora Intrínseca, foi vencedor do Prêmio LOBA Festival Literário 2024 de melhor romance publicado. Saiba mais no perfil da autora no Instagram!
2) Pedagogias das Travestilidades – Maria Clara Araújo
A partir do mapeamento da produção de travestis e mulheres transexuais no Brasil, seja ela empírica ou acadêmica, desde 1979 até a atualidade, Pedagogias das Travestilidades (Civilização Brasileira, 2022) é um livro compacto e potente, que articula pesquisa acadêmica, memória coletiva e experiência pessoal da mestra em Educação e ativista Maria Clara Araújo para reivindicar a travestilidade como saber e prática pedagógica transformadora. Uma leitura essencial para toda a sociedade! Adquira a obra e conheça a autora no Instagram.
3) No Olhar do Invisível – Lívia Ferreira
Em No Olhar do Invisível, escrito pela autora Lívia Ferreira, acompanhamos uma narrativa delicada sobre descobertas, coragem e afeto. No livro, as personagens Dandara e Cecília são mulheres negras e lésbicas marcadas por uma descrença profunda no amor. Cada uma, à sua maneira, construiu muros ao redor de si. Mas um encontro inesperado em um bar da cidade transforma o curso de suas vidas. A autora descreve a obra como “um convite para quem quer descer da torre” que construiu ao redor do próprio afeto. Saiba como adquirir no perfil da autora!
4) Pretos Prazeres e Outros Ais – Odailta Alves
Em Pretos Prazeres e Outros Ais, acompanhamos uma coletânea de contos que rompe com a narrativa única da dor e afirma o direito das pessoas negras ao prazer, ao amor e ao desejo. As histórias, curtas e potentes, apresentam personagens negras atravessadas por outras identidades marginalizadas, como pessoas cegas, surdas, cadeirantes, autistas, idosas, explorando o deleite do corpo e da alma. Com escrita sensível e provocadora da professora, poetisa e ativista Odailta Alves, o livro é um manifesto contra a hipocrisia social e um convite a sentir, gozar e existir por completo. Acompanhe a autora no Instagram!
5) Ninguém Pode Parar uma Mulher Ventania – Ryane Leão
Em Ninguém Pode Parar uma Mulher Ventania, a poeta e professora Ryane Leão reúne poesias que celebram a força, a liberdade e a intensidade de mulheres que se recusam a ser contidas. Com versos curtos e potentes, o livro é um sopro de coragem para quem vive a dor, mas também se reinventa a cada queda. As palavras de Ryane abraçam, cutucam e impulsionam. Uma leitura para quem deseja se reconectar com sua própria força. Acompanhe a autora nas redes sociais para mais inspirações.
Texto: Wellington Silva
Ilustração: Helida Costa