Edivânia Mota Pereira, de 34 anos, Anápolis.
Um bom homem ciumento que se escondia atrás da Bíblia. Não havia sinais de alarme, dizem. Ciúme, inclusive, costuma ser visto como cuidado. Como demonstração de amor. Se não há ciúmes, não há amor, nos ensinam desde pequenininhas. Nos acostumam a sermos vigiadas desde muito cedo. É carinho, dizem. O machismo vira mais uma vez outra coisa.
E quando mais uma feminicídio acontece, muitos ficam sem entender que aquele bom homem matou a companheira com que mantinha uma relação estável, na frente das duas filhas da vítima, uma com 10 e outra com 4 anos. A mais velha tentou socorrer a mãe, correndo com uma toalha, mas não houve remédio. Ouviram a mãe gritar. Ela viu a mãe ser esfaqueada por Jansen Ricardo Gazoli, de 40 anos.
O agressor foi motivado pelo ciúme, uma traço característico do machismo e suas manifestações desde a vigilância do seu celular e redes sociais, até o sequestro e o feminicídio. Ciúmes que nada mais é que o sentimento extremo de posse. O sentimento é a certeza de que a vida do outro nos pertence. Deve obedecer o querer de quem tem posse sobre você, mulher.
O sinal de alerta nesse caso, foi percebido. Foi feito um registro de ocorrência Ainda esse ano que não impediu o crime. O modo como o delegado responsável se manifestou sobre o crime deu a entender que a culpa foi da vítima que “apesar disso, ela continuou vivendo com ele”. E havia a possibilidade de escapar quando, usando as palavras do próprio delegado, a sociedade encarava a relação como “nada sem muita violência”?