Ouça o terceiro episódio da segunda temporada do BNcast, uma conversa com Nilma Bentes, nascida em Belém, agrônoma, co-fundadora do Cedenpa e propositora da Marcha de Mulheres Negras de 2015.
Dá o play.! #BNcast
Realização – Blogueiras Negras e Rádio Aconchego e Coletivo Cabelaço.
Apoio – Fundação Heinrich Böll.
Querida Nilma Bentes,
Saudamos e celebramos sua existência e os caminhos de sua vida que agora divide um pouco conosco. Seu olhar e o modo como reverbera o mundo sintetizam os entremeios pelos quais a produção intelectual de mulheres negras é tecida através do século XX e chega atualíssima e mais que necessária até nós como elemento que possibilita a ignição da ação política. Mais uma vez, esse episódio é exatamente sobre isso. Sobre o que acontece depois do “segundo tapa”.
E por isso estamos extremamente agradecidas. Se somos independentes, sem estarmos subordinadas ao partido, à igreja e ao sindicato, armadas de uma “metodologia afro”, é pela ação e pensamento de mulheres como você. Uma atleta garruda da liberdade, pela liberdade, livre. Apesar dos quelóides e feridas abertas que o racismo provoca.
Falar sobre a fundação do CEDENPA (Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará) “sob o signo de Leão, trazendo nas entranhas as forças de Xangô , Orixá da Justiça” no contexto da distensão democrática, do jornal “O Pixaim” até o convite feito à todas mulheres negras do país para que marchassemos até Brasília em 2015 é entender como fazemos história. Marcos incontornáveis deste que nos abrem portas para o entendimento deste novo século.
Assim como o centenário da falsa abolição brasileira e uma das mais contundentes respostas que demos a essa mentira, a Terceira Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância que acontece em Durban em 2001. Grandes momento que são feitos de cotidiano, como aqueles em que estivemos em contato com você que incansavelmente segue engajada com a emancipação de mulheres e homens negros. O que nos fez te perguntar onde temos avançado e infelizmente retrocedendo.
Desde as ideias dos neoliberalismo, às crianças que agora brincam de “ser chefes”, não há outra possibilidade que estar de pé ou se levantando, tendo como objetivo a construção de um enorme quebra-mar através de contranarrativas, como as cotas, a Seppir, entre outras. Os desafios são enormes, inclusive a necessidade de chegarmos ainda mais longe, conversando com os nossos sempre.
Você Nilma, é um exemplo de como fazer tudo isso. E por isso agradecemos, sempre. Sobretudo por sua generosidade de estar conosco nessa temporada e nos provocar a repensar nossos métodos e nossos afromantas.