No rufar do tambor

Baseados no enredo: “SOU BANTU, SOU KIMBONDO, SOU ANGOLA, SOU ESPÍRITO SANTO. SOU QUILOMBOLA!” da escola de Samba Novo Império, os compositores Dudu Martins, Adilson Magrinho, Dilsinho, Ferreira, Oscar Enrique, Rubinho Sambar, Gideão Dias e Wallace Arthur, escreveram um Samba Enredo cadenciadamente poético e convidativo. A melodia cadenciada e forte junto com a letra poética é um convite para viajarmos ao Atlântico Negro. A África existente no Brasil, que pulsa nas nossas veias, nos ritmos contagiantes das baterias das escolas de samba, que foi reinventada em cada canto da nossa terra, nas danças, nos ritmos, na textura dos cabelos do nosso povo. Essa obra é, portanto, um convite para uma (re) visita às nossas origens visualizando o Brasil como parte da “diáspora” africana. Os compositores percorreram as rotas do Atlântico Negro analisando os elementos locais e globais utilizados para a construção de identidades afro referenciadas, fazendo com que olhemos atentamente para além do simples aprendizado da matéria e observemos as delicadas relações entre as culturas da África/Brasil.

Para os compositores, o samba conquistou aos poucos seu espaço de aceitação. Cabe ressaltar que o samba brasileiro é cultura produzida pelos negros, é uma expressão da riqueza cultural do país em especial de seu legado africano e, embora este gênero musical tenha sofrido muito com as oscilações entre aceitação e repúdio, ele se tornou uma poderosa ferramenta de disseminação de cultura, conhecimento e valores, nesse caso acerca da Angola que é o tema do enredo. Para os compositores é uma pena que a maioria dos brasileiros desconheça os laços históricos e culturais que unem o Brasil a Angola e por esse motivo defendem a efetivação da Lei Federal nº 10.639 que institui a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas.

É importante ressaltar também o pioneirismo da parceria entre os compositores com o grupo de Capoeira Cativeiro do Mestre Cabelo juntamente com os professores Thamires e Wallace Santos. A junção do samba com a capoeira rendeu um belo espetáculo de gravação, onde a introdução foi dada pelo tom do Berimbau e o rufar dos Atabaques ditaram o ritmo no refrão.

Trocando em miúdos, o samba tem ginga, tem batida na palma da mão, tem voz feminina, tem Berimbau, tem Atabaque, tem suor, emoção e o gostoso sabor de ser África/Brasil, de ser capixaba. É samba da nossa terra!!!

 

Novo Império carnaval 2016

Tema: Sou Bantu, Sou kimbondo, Sou Espírito Santo, Sou Quilombola

Autores: Dudu Martins, Adilson Magrinho, Dilsinho, Ferreira, Oscar Enrique, Rubinho Sambar, Gideão Dias e Wallace Arthur

Oh! doce mãe, dádiva da criação

Em teu ventre fértil, foi gerado

Povo guerreiro com a força dos teus ancestrais

São os teus filhos, solo sagrado

Zambi conduz seres de luz

Á proteger o nosso chão

Entre mistérios e magias, vivendo a vida

Sem temer a sorte

 

Na força da nossa crença… a fé

Vou pedir a proteção…  e axé

Sou kimbomdo, sou Angola, sou Quilombola

Teu colorido tem cultura, tem história

 

Ecoou o grito do negro

Pra conquistar a liberdade

Heranças que o tempo consagrou

O teu “DNA” nos orfertou

Hoje teu sangue corre em nossas veias

Com as bençãos de seres divinais

Bendita tu és, a coragem, jamais foge da luta

Buscando sempre a felicidade

Sem distinção e sem maldade

 

No rufar do tambor, um canto de amor

Sou Novo Império e clamo a igualdade

Aos olhos do criador, somos irmãos

Sem preconceito vamos dar as mãos

 

Link para ouvir o samba no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=nwRNIky_Xso

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