Existem momentos na vida que são impossíveis de se esquecer como primeiro amor, primeiro beijo e primeira decepção. No meu caso as decepções apareceram antes mesmo do amor, pois elas sempre vinham acompanhada por um belo sorriso,, um olhar de tirar o fôlego e uma terrível popularidade escolar.
A adolescência e um período bastante complicado, porque você não é nem criança nem adulto. Você é apenas um indivíduo que passa constantemente por várias mudanças físicas e mentais, que são incompreendidas por outras pessoas que já passaram por isso mais já se esqueceram. Ser adolescente já é difícil por conta dessas mudanças, mais ser uma adolescente negra e bem mais complicado. Ainda mais se você tem um nome diferente como o meu, pois isso me tornou um alvo fácil, para aqueles que gostam de se aparecer com o sofrimento alheio.
A falta de popularidade sempre foi algo que me incomodou, pois eu sabia que eu não fazia parte daquele universo, porque eu não tinha os pré-requisitos ideias, como ter cabelos lisos e compridos, ser baixa, magra e principalmente ser branca. Com apenas 12 anos eu me deparei com todas essas barreiras. Sou Negra, alta, gorda e meu cabelo não é liso nem cumprido. Como iria me sentir bonita, se todos os padrões de beleza são totalmente diferentes da minha aparência? Nessa mesma fase começaram as brincadeiras maldosas sobre mim
Ter um nome diferente dos demais sempre é algo chamativo, ainda mais porque existem pessoas que por algum motivo gostam de fazer piadas ou comentários ofensivos, sobre algo que não é comum. Me lembro que chegava cedo na escola, gostava de me sentar no canto da sala perto da parede. Ficava ali porque geralmente as pessoas não dão muita atenção para quem fica no canto, e não chamar atenção era o que eu mais queria naquela fase. Mesmo tomando todos os cuidados para não chamar atenção, havia um garoto que sempre que podia fazia uma piada de mau gosto sobre mim. Algumas era sobre meu peso, outras era sobre meu nome, mais as que ele mais gostava era fazer comentários do tipo:
– “Como seu cabelo é duro. Vou pegar eles para ariar as panelas lá de casa.”
É quando a energia da escola às vezes acabava ele sempre soltava algo do tipo:
– “JHAMARRILI cadê você? Dá um sorriso para a gente te achar”.
Todos caiam na risada. Como era constrangedor, eu só queria sumir nesses momentos.
Para tentar ser aceita passava horas tentando mudar minha aparência, principalmente o cabelo, pois ele me incomodava bastante. Mais essa implicância pelo cabelo, deixarei para contar mais tarde, já que ele passou a ser o menor dos meus problemas. Como estava dizendo aos 12 anos, todos aqueles padrões de beleza estavam constantemente na minha cabeça. Passei então a viver mais tempo nos meus pensamentos, do que na realidade. Onde tudo era totalmente oposto do que eu imaginava. Desde então passei a ter uma convulsividade para me auto modificar. Comecei perdendo peso, ou melhor comecei a ficar obcecada por perder peso, eu não comia como antes, apenas pensava em quantas calorias cada alimento tinha e quanta energia eu teria que gastar para perdê-las.
Aquele foi o ano mais difícil da minha vida.