Olá irmãs,
Desde muito cedo senti na pele o preconceito racial, e em razão disso, ainda na adolescência passei a alisar meus cabelos que sempre foram muito cacheados e volumosos.
Tive experiências que me marcaram profundamente, mas que fizeram com que me tornar uma mulher forte e empoderada das minhas origens e dos meus traços.
Já fui confundida com babá de meu próprio filho.
Em uma entrevista de trabalho já me disseram que o cargo seria meu se eu saísse com o entrevistador, afinal ele gostava de mulheres negras.
Também perdi trabalhos por ser negra.
Fui humilhada em trabalhos com palavras como: não sabia que agora contratavam macacas pra trabalhar aqui…
Ainda em construção do auto conhecimento como mulher negra, no início esses e muitos outros fatos que somente denegriam ainda mais a imagem que eu tinha da minha cor me fizeram creditar uma imagem deturpada do que realmente significava minha cor perante a sociedade.
Passei a conviver com uma intrusa dentro de mim, alguém que não conseguia enxergar valor nem beleza em si própria.
Afinal eu não me enquadrava dentro do esteriótipo de beleza que a sociedade me impunha e fizera acreditar ser o ideal.
E como se muda uma ideia enraizada anos a fio dentro de nós?
Não foi por mim mesma que o fiz.
Meus filhos nasceram um claro como o pai e o outro escuro como a mãe.
Comecei a perceber o quão importante era passar para eles valores que os permitissem se sentir integrados e que os fortalecesse para um mundo que eu mesma por muito tempo não estive apta a enfrentar.
Com os primeiros passos deles, vieram os primeiros passos do meu autoconhecimento e reconhecimento da importância da desconstrução de velhas ideias e adoção de novos e valorosos pensamentos.
Que já não mais segregassem, deturpassem, ou diminuíssem mas sim que nos empoderassem.
Imagem de destaque – Revista Ágora