durante um tempo eu ficava me perguntando o porquêporque de eu não ter nascido branca dos olhos azuis. aliás, as meninas consideradas as mais lindas da escola nunca foram negrasforam as negras por aqui.
a minha mãe sempre me falou que eu deveria me aceitar como eu sou e me amar de todas as formas.
no início você não enxerga a importância que é ter a sua mãe te dizendo o quão é necessário a sua autoaceitação num país racista.
quando eu completei 14 anos quis fazer a transição e me aceitar como a minha mãe queria que eu o fizesse. e eu me senti totalmente pronta para isso, sabe? eu me senti forte e empoderada.
precisei cortar todo o meu cabelo para entrar no processo e eu o fiz.
quando eu me olhei no espelho a primeira coisa que passou pela minhapela a minha mente foi “liberdade”. eu me senti livre, eu me senti ótima naquele momento. quando eu olhei para a minha mãe, ela estava com uma alegria em sua face que eu pensei “tudo vale a pena por aqui”.
é muito louco como a opinião de um certo alguém pode tirar toda a sua força. eu achei que as pessoas iriam lidar tranquilamente bem com a minha mudança, achei que a minha felicidade valia mais do que um padrão imposto na sociedade.
e sim, eu estava enganada.
foi literalmente nos meus 14 anos que eu entendi que a minha felicidade é mais importante do que qualquer opinião alheia.
a autoaceitação é um processo nada breve, confesso. mas acredito que vale muita a pena. poder se sentir livre não tem preço!
hoje em dia eu levo muito comigo a importância que é de se amar e amar nossas fases diárias.
nenhum processo é fácil, e eu te digo: nós podemos tudo e podemos muito! me sinto totalmente grata quando escuto elogios, crianças vindo até mim e falando que me tem como inspiração. isso me motiva e me dá a força que eu preciso para superar e lutar por liberdade.
assim como eu, outras mulheres e crianças precisam sentir no fundo de seus corações a importância que é amar quem você realmente é!
sejamos amor hoje e sempre! sejamos luta, sejamos empatia!
nós lutamos por um mundo melhor. e sim, enquanto houver batalha, estaremos de pé, estaremos sendo resistência!
como Djamila Ribeiro fala em seu livro “Quem tem medo do feminismo negro”, uma mulher negra empoderada incomoda muita gente*.