Acabo de ver um vídeo sobre imagem corporal. Ele é excelente por que fala de padrões de beleza e de como a gente vê o próprio corpo. Nesse vídeo também tem duas lições a serem incorporadas: a primeira é que ser bonita é uma escolha pessoal. Não é uma questão de aceitação e de permissão. Se veja bonita, e você será bonita. Não estou aqui fazendo um apagamento do racismo e nem dizendo que não esperamos ao menos sermos tolerados socialmente. Estou dizendo que, assim como assumir os cabelos crespos, se ver bonita no espelho é uma questão de autoafirmação. É um ato político, pois diz à branquitude que você não é invisível, que você existe sim e que você é BONITA sim! Dane-se o padrão estético deles!
A segunda é o resultado de um estudo feito nos EUA em que eles testam a reação das pessoas. Então eles mostram várias fotos de mulheres para dois grupos. Num deles são mostradas mais fotos de pessoas magras e para outro, mais pessoas gordas. Depois disso perguntam aos entrevistados qual delas eles acham mais atraente. O grupo que foi exposto a imagens de tamanhos mais diversos declarou atração por tamanhos maiores de mulheres. E isso acontece sim com o gosto pessoal como um todo.
O primeiro turbante pode soar estranho. A primeira trança, o primeiro negro com maquiagem ou roupas de cores chamativas. A ideia de cortar toda a química dos cabelos e ficar natura. Quanto mais você vê na rua, mais você se acostuma com a imagem, e com o tempo, passa a achar bonito, reconhece valor estético. Se achar bonita tem tudo a ver com os padrões de beleza a que estamos expostos. Quanto mais nos sentimos representadas, temos a quem admirar e reconhecer como igual, melhor nossa autoestima.
Mas como mulheres negras, também carregamos uma outra função: Sermos referências para as outras mulheres e crianças negras com quem convivemos. Somos modelo para nossas filhas, sobrinhas, netas, vizinhas, afilhadas, alunas. E assim como tudo o que diz respeito ao nosso corpo, declarar beleza é declarar um desafio ao que nos é imposto diariamente. É dizer aos nossos que temos sim o direito de nos sentirmos e sermos lindas. E não tem essa de não pode usar isso, não pode usar aquilo.
Há muito que tentam nos tolher. Nos tornar invisíveis. Negros não devem usar roupas chamativas, não devem usar cabelos volumosos, não devem usar maquiagem que não em tons sóbrios. E a pergunta que fica é: por que não? Porque será impossível, assim, fingir que não estão nos vendo? Porque vamos impor a nossa presença? É. Vai ter negra de turbante colorido nas ruas sim. E de maquiagem colorida também. E se achando linda e absoluta também!