Chamar alguém de macaco, no contexto de uma sociedade estruturalmente racista, é nada menos que racismo em toda sua crueza e potência. Não existe outro significado possível. Dentro e fora dos estádios, tem como objetivo desumanizar a existência da pessoa negra a quem se considera nada mais que um animal.
E o que me preocupa nessa trama toda nem é tudo isso. Não são as desculpas falaciosas, mas as lágrimas forjadas para colocar forçosamente no campo do compreensível o que não é justificável. O papel de vítima não cabe ao agressor. Ela, que não nos poupou de seu racismo, podia ter tido a decência de nos poupar do choro que não cabe a ela; a ela só cabem responsabilização e reparação.