Corre em minhas veias
Um sangue forte
De um povo resistente
Sou afrodescendente
Habitam em mim
As heranças
Dos meus antepassados
Carrego os traços
Na pele, a melanina
Na cabeça, o cabelo afro
Crespo que fez de mim
Reconstrução
Desfiz os velhos conceitos
Tornei-me negra
Olho-me e vejo a força
Olho-me e enxergo resistência
Somos negros
Persistindo e reexistindo
Nesse mundo racista
Que de todas as formas
Tentaram nos apagar
Apagar as nossas
Origens
Costumes
Histórias
A nossa cultura
Uma sociedade que julga
E enxerga pelo olhar
Eurocêntrico
Aquele “escurinho”
Do cabelo ”ruim”
Incapacidade intelectual
Inferioridade
Assim nos julgam
Assim nos apontam dedos
Assim nos discriminam
Não estamos fora dos padrões
Porque não há padrões
Querem nos ver
Nas favelas
Na segregação
E ainda acham justo
Simplesmente
Por sermos quem somos
NEGROS
Chega desse mundo racista
Parem de nos matar
Parem de nos humilhar
De olharmos como suspeitos
E criminosos
Somente pela nossa raça
As nossas vidas importam
Vidas Negras Importam
Não conseguimos respirar
Chega de colorismo
De racialismo
Esse país onde
A Democracia Racial é um mito
A miscigenação se consolidou
Através de povos agonizados
Negros escravizados
Não há o que celebrar
Por essa miscigenação
Pois nada aqui foi harmônico
Nada aqui foi passivo
Parem de camuflar o racismo
Deixem-nos livres
Parem de nos perseguir
A nossa força e coragem
Vem de uma história
De um povo
De um continente
Vem dos nossos ancestrais
Preservados em nossos costumes
Em nossas peles
Em nossas marcas
Em nossas veias
Em nossas memórias
Somos NEGROS
E as nossas vidas importam.