O que seria de nós, mulheres negras, se não fosse a especulação sobre futuros possíveis? Blogueiras Negras orgulhosamente apresenta a lista das #25WebNegras de 2022, com o tema Afrofuturos.
Falar sobre o futuro parece meio óbvio após um longo e difícil período eleitoral como o que vivemos em 2022 aqui no Brasil, um momento decisivo que colocava em jogo todas as conquistas da população negra para promoção do bem-viver. Mas, apesar de parecer uma trivialidade, há muito o que se falar e pensar sobre o futuro. Ainda mais quando falamos de Afrofuturos.
Por mais que as principais narrativas atuais sobre afrofuturos estejam muito mais relacionadas à ficção, nós, mulheres negras, reafirmamos esse lugar como nosso espaço de existência real. Uma dimensão onde podemos criar, cocriar e especular possibilidades com a mente no presente e a certeza de que nossos feitos irão ultrapassar a lógica de um futuro pensado cronologicamente.
Nós criamos imagens, componentes, tecnologias, narrativas, linguagens, materiais e demais ferramentas para materializar o que sabemos, mas a nossa principal matéria prima é a nossa existência. Sem ela não podemos colaborar no desenvolvimento de um futuro afropropositivo. É por esse motivo que essa lista cita tantas mulheres diversas, de áreas tão distintas, pois é válido acreditar que o futuro é plural e precisa de todas nós VIVAS.
Mulheres negras foram as pioneiras em muitas coisas, principalmente no que hoje conhecemos como Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), mas sabemos que o racismo, somado ao sexismo, invalidou muitas de nós ao longo dos anos e até hoje. Nos motivamos a falar sobre afrofuturos na lista das WebNegras deste anos diante de uma necessidade de resgatar a nossa importância social, cultural e histórica para o mundo e inspirar nossas companheiras mais novas e mais velhas a continuarem especulando e imaginando possibilidades de existência.
Nossa 10º edição das #25WebNegras busca reverenciar mulheres que atuaram na criação e manutenção de afrofuturos. Algumas já famosas pelos seus feitos, outras ainda lutam para serem reconhecidas. Cabe a nós, população negra, citar e manter viva a memória das nossas companheiras. Sabemos que existem muitas outras mulheres que poderiam ter sido citadas aqui. Por isso, nos esforçamos para que essa lista fosse o mais diversa e representativa possível.
Pedimos que você, leitora e leitor, nos notifique nas redes sociais caso essa lista precise de correções, uma vez que coletar informações sobre mulheres negras ainda é um desafio. Por isso devemos continuar registrando a trajetória das nossas companheiras, dentro e fora da internet. Nós agradecemos por você nos acompanhar em mais uma edição e esperamos que você compartilhe esse conteúdo e acompanhe o trabalho de cada uma dessas mulheres incríveis!
Confira:
1) Bia Michelle (Pará)
“Para mim, uma mulher preta tecnologista, ver um evento como esse acontecendo é muito impactante. Estamos dando oportunidade a pessoas negras, que representam 54% da população brasileira, mas que não estão representadas com justiça na área da tecnologia. Porque sim, se você quer enegrecer a empresa, você precisa dar oportunidade! Não é mi mi mi, é o certo a se fazer. É reparar um dano histórico causado por quase 400 anos de escravidão que persistem em nos empurrar para as margens“
Biamichelle nasceu numa cidade do interior do Pará, região Norte do país. Uma ribeirinha que entendeu que precisava se tornar uma ativista atuante muito cedo. Na faculdade de Sistemas da Informação, na UFRA, ela percebeu que sua sobrevivência no mundo da computação ia requerer mais do que força de vontade e conhecimento técnico, passando a atuar no front de diversos movimentos sociais. Fez seu mestrado em Ciências Políticas na USP, com atuação na área de Políticas Públicas para pessoas travestis e transexuais e passou a ser uma referência na área de gestão da diversidade. Biamichelle sentiu na pele o quanto é importante ser duplamente qualificada por ser uma mulher negra no campo da tecnologia. Mesmo assim, ocupou com excelência espaços para desenvolver suas habilidades técnicas, para aliar sua militância com trabalho, para advogar apaixonadamente por justiça econômica e social e buscar, cada dia mais, construir um ambiente onde todas as pessoas se sintam representadas e bem-vindas.
Amora, que o Orum a tenha recebido em festa. Seus ensinamentos estarão conosco.
02) Keila Simpson (Maranhão)
“Convocamos todas as travestis e mulheres negras, cis e trans, de todo o país a repensar seu lugar na sociedade brasileira”
Keila Simpson é defensora dos direitos humanos desde a década de 1990. É vencedora do Prêmio Nacional de Direitos Humanos (2013) e se tornou a primeira travesti Doutora Honoris Causa, reconhecida pelo Conselho Universitário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), por conta de sua importante atuação na defesa dos direitos da população trans e travesti. Keila é a atual ‘PresidenTRA’ da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), uma das organizações de direitos humanos mais importantes do país, onde possui uma atuação relevante em programas como a Agenda Política de Compromissos com a População Trans, o mapeamento de candidaturas trans e travestis e o Dossiê dos Assassinatos e Violências contra Travestis e Transsexuais no Brasil – um dos mais importantes levantamentos de informações sobre a vulnerabilidade da população T no mundo. Keila Simpson é uma grande referência por nos apresentar cotidianamente um modelo de sociedade mais inclusiva!
Acompanhe a PresidenTRA no site e no twitter da ANTRA, no seu instagram e não deixe de conferir seu depoimento sobre o Centro Histórico de Salvador e a gentrificação sofrida por travestis.
03) Nanda Monteiro (São Paulo)
“Não estou muito presente nas redes, no dia a dia, não estou postando nas redes sociais. Já faz muito tempo mesmo que eu não participo, eu não atuo dentro das redes. Mas existem essas movimentações alternativas, existem essas outras movimentações. Estar participando de grupos, estar participando de grupos de pesquisa, estar trocando material, estar trocando conhecimento com outras companheiras, companheires e companheiros também é importante”
Nanda Monteiro é um dos nomes mais importantes para pensarmos a atuação de mulheres negras na tecnologia, por trazer consigo uma série de possibilidades políticas no campo. Inclusive, sobre o próprio conceito de rede que, nos dias atuais, se reduz cada vez mais à ideia de redes sociais corporativas. Sua atuação ativista também está voltada para a aproximação de comunidades de tecnologia, em territórios dentro e fora da internet, sempre pensando em como esses espaços acolhem as pessoas, partindo de conceitos como autonomia e cuidado – como acontece no MariaLab, iniciativa da qual é cofundadora.
Acompanhe Nanda Monteiro através do instagram do projeto MariaLab.
04) Zaika dos Santos (Minas Gerais)
“Para mim, o afrofuturismo não é uma ficção, ele é uma realidade. Esse passado, presente e futuro estão interligados, mas teve uma interrupção histórica que tem nomes: escravidão e colonialismo”
Zaika dos Santos pode ser considerada como o próprio futuro pela ampla gama de contribuições que ela traz ao mundo como multiartista, cientista, pesquisadora, cantora, compositora, arte-educadora, artista visual, performer, trançadeira, produtora cultural e criadora de conteúdo especulativo. Cunhou o termo Afrofuturalidades que “funcionam juntas ou separadas, coexistem e tem como relação principal a produção de linhas temporais e multiversos” e apresentou em Harvard a pesquisa Afrofuturismo brasileiro: arte, ciência e tecnologia afro-latinoamericana. Por aqui, coordena o Black Speculative Arts Movement e é a CEO do Afrofuturismo: Arte e STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Confira um papo maravilhoso que tivemos com ela em 2020 sobre afrofuturismo no nosso canal no Youtube.
Acompanhe Zaika Santos em seu canal no youtube, linkedin, medium e no instagram.
05) Jovanna Cardoso (Bahia)
“Eu acho que o Brasil não mudou muito, mas alguns segmentos sociais mudaram. Digo isso por que, nos últimos anos, elegemos pessoas trans a cargos no legislativo. Mas essas pessoas são ameaçadas, e encontram dificuldade para legislar. Houve, isso sim, a pressão de certos segmentos. Mas o Brasil continua misógino, sexista, transfóbico. Somos o país que mais mata pessoas trans e travestis. Nos anos 1980, as pessoas aplaudiam quando a polícia batia em uma travesti na rua. Hoje, não aplaudem. Mas a polícia ainda bate”
A defesa dos direitos humanos é parte integral da vida de Jovanna Cardoso. Nos anos 1970, foi encarcerada apenas por ser quem é e, assim, começou sua trajetória como ativista na Associação das Damas da Noite no Espírito Santo. Ao lado de Elza Lobão, Beatriz Senagal, Raquel Barbosa, Munique do Bovouir, Josi Silva e Cláudia Pierry, ela fundou a Associação de Travesti e Liberados (Astral), que deu origem à Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) – primeira organização política de pessoas trans do Brasil. Atualmente, preside o Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans). É autora do livro Bajubá Odara – uma reedição do dicionário lançado pela Astral – e organizadora do Festival Traviarcado, reunindo nomes importantes para refletir sobre o combate à transfobia e o racismo. Uma companheira que se destaca por sua atuação na comunicação e nas articulação para um presente e um futuro melhor para pessoas travestis e transexuais!
Acompanhe Jovanna Cardoso no instagram e no seu canal no youtube. Visite o site e o instagram da Fonatrans.
06) Patricia Borges (São Paulo)
“Eu gosto de escrever poesia por que a poesia não tem um padrão, ela não tem uma norma. Então eu me encontro com ela e ela é muito mágica, você pode fluir, diluir, você pode… Sabe?”
Patricia Borges é poetisa, produtora cultural e ativista. É coordenadora do Coletivo Transformação, um projeto educativo para inclusão e formação de pessoas Trans-Travestis, que desenvolve iniciativas como o Cursinho Popular Transformação e o TranSarau. Patrícia também participa do Bazar das Poderosas, da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo e do Vote LGBT. Além isso, está sempre propondo e implementando tecnologias voltadas para a justiça social, democracia e arte, como o projeto Poupa Trans.
Acompanhe Patrícia Borges no instagram e no twitter. Siga o Cursinho Transformação e o Poupa Trans nas redes!
07) Lu Ain-Zalia (Rio de Janeiro)
“E percebi ali, revisitando todas as minhas memórias como arquivos em tela diante dos olhos enquanto abraçava minha mãe que o cometa nunca foi um cometa, ele era uma isca para nos encontrar, um buscador, estivéssemos na África ou nas diásporas”
Lu Ain-Zalia é um dos principais nomes do movimento afrofuturista na literatura brasileira, além de ser pedagoga, ativista e bailarina de dança do ventre. Sua primeira obra foi Duologia Brasil 2408 que se divide em dois livros sobre a protagonista Ena Dias: (In) Verdades (2016) e (R) Evolução (2017). Sua publicação seguinte foi Sankofia: breves histórias afrofuturistas, lançado em 2018, com contos. A partir de sua famosa obra Ìségún (2019), foi reconhecida por escrever o gênero cyberFunk, construído a partir de cenários distópicos que tratam de resistência em um mundo de injustiça social, crises climáticas e implosão de democracias.
Acompanhe Lu AIn-Zalia em suas redes: instagram, tiktok e youtube. Visite também seu linktree para acompanhar mais novidades.
Em tempo: apoie a campanha do Sankofia 2.0 que vai até o final de janeiro de 2023.
08) Thiane Neves (Pará)
“Há um ditado em Belém que diz “só tem tu, vai tu”, então diante de um acesso precário e caro, o meio de informação e comunicação mais viável passa a ser justamente o WhatsApp, que passa a ser visto não só como um serviço infraestrutural (D’Andrea, 2020), mas como a própria internet, ao ponto de ser meio exclusivo de informação”
Thiane Neves Barros é uma pororoca do ciberativismo negro, atuando em diversas frentes, tanto na academia quanto fora dela, junto a importantes ativistas do movimento de mulheres negras, em especial, da região Norte do país. Atualmente, está cursando doutorado em Comunicação e Cultura Contemporânea na Universidade Federal da Bahia e desenvolvendo uma produção intelectual sobre “tecnologias de bem viver para Amazônia”. Tem grande trânsito pelo campo da tecnologia pensando sobre como processos de autonomia e liberdade são criados e usados por mulheres negras. Blogueiras Negras reafirmam o espaço de D. Thica nessa lista, onde já esteve em 2020.
Leia Thiane Neves no medium e acompanhe suas narrativas no youtube, twitter e no instagram. Leia todos os textos publicados por ela em Blogueiras Negras.
09) Sil Bahia (Rio de Janeiro)
“Alguns questionamentos precisam ser feitos. Será que os processos devem ser iguais para quem demora duas horas para chegar ao trabalho, pega vários ônibus e tem filhos em comparação a alguém que mora perto do escritório, tem carro e é solteiro?”
Sil Bahia é comunicadora social, empreendedora social e uma das pessoas mais importantes da tecnologia, inovação e diversidade no Brasil. É co-diretora executiva do Olabi, organização social com foco em democratizar as tecnologias como forma de transformar a sociedade na busca por um mundo mais justo. Sil Bahia também é idealizadora do PretaLab, iniciativa que teve início em 2017 a partir da necessidade de um mercado de tecnologia mais diverso quando falamos de gênero e raça. Sil Bahia está envolvida em uma série de iniciativas de impacto que pensam cenários “futuros em que caibam todxs”, sendo eleita como uma das Futures 100 Innovators, ou 100 Inovadoras de Futuro, em tradução livre, pelo The Future Laboratory, que oferece consultorias no planejamento de futuros. Conheça a estória (em primeira pessoa) dessa mulher super inovadora no canal do Museu da Pessoa!
Acompanhe Sil Bahia nas redes: twitter e instagram. Conheça o PretaLab e o Olabi.
10) Sher Machado (Rio de Janeiro)
“Precisamos falar de diversidade e inclusão em todos os lugares — seja nos esportes, no mundo das criptos, na web. E vocês podem contar comigo pra isso!!”
Os streamers de jogos digitais – profissão que vem crescendo no Brasil – ainda são majoritariamente homens cis, mas Sher Machado furou essa bolha com todo seu talento e mostrou que veio pra ficar no universo dos games. Ela faz parte de uma comunidade cada vez mais vibrante que desenvolve espaços como o Wakanda Streamers, uma iniciativa voltada a reunir, integrar e impulsionar a comunidade preta nos ambientes digitais. Sher cursa licenciatura em Física, um dos cursos em que nós, mulheres negras, somos subrepresentadas, tanto como alunas quanto como professoras. Sher é uma inspiração e temos certeza que irá impactar muitas e muitos jovens nos próximos anos!
Acompanhe suas transmissões no youtube e na twitch. Siga ela nas redes sociais: twitter, instagram e tiktok.
11) Sônia Guimarães (São Paulo)
“Os códigos de computação começaram na África, com os Ifás, os Orixás e toda a forma de viver africana. Tudo são códigos, que te dizem o que vai acontecer. E os africanos viam isso há 6 mil anos. Eles já tinham esse conhecimento. Eles não tinham computador, mas sabiam escrever códigos para ter resultado na vida. É lindíssimo. Exu disse: eu matei amanhã o pássaro que vi ontem, que é exatamente todo o paradoxo da teoria da relatividade de Einstein”
A carreira de Sonia Guimarães é marcada por vários feitos, mas destacamos dois deles: foi a primeira mulher negra a lecionar no Instituto Tecnológico Aeronáutico (ITA), quando mulheres nem eram aceitas como alunas e onde seguimos sendo minoria, enfrentando o racismo e o sexismo; e a primeira negra brasileira a conquistar um doutorado em física, pela The University Of Manchester Institute Of Science and Technology, feito que só descobriu anos depois. Seu interesse desde a faculdade foi por semicondutores, contribuindo para que fossem cada vez menores e assim pudessem caber no celular que agora está em seu bolso.
Acompanhe Sonia através do seu Lattes.
12) Dra. Jaqueline Goes (São Paulo)
“Parece pouco, mas imagina uma pessoa negra passar ali e todo dia ver a imagem de uma cientista como ela?”
A Dra. Jaqueline Goes foi uma das brasileiras a participar do sequenciamento do genoma do Zika Vírus e mais tarde, durante a pandemia da Covid-19, liderou o time brasileiro responsável por mapear os primeiros genomas do novo coronavírus. Sua atuação teve impacto no mundo inteiro, sendo primordial para o desenvolvimento de vacinas e políticas públicas e reconhecida pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) com a entrega da Comenda Zilda Arns 2020. Foi homenageada por uma grande fabricante de brinquedos com a criação de sua própria boneca, colaborando para aumentar a representatividade dos produtos infantis. Hoje, ela segue pesquisando epidemiologia genômica no pós-doutorado e inspirando crianças e jovens no campo da saúde!
Acompanhe Jaqueline Goes no twitter e no instagram.
13) Yane Mendes (Pernambuco)
“O ser favelada dentro da cidade é lidar com a estrutura que é desenhada para a gente não acessar. Quando a gente acessa certos espaços nossos sonhos também acessam. Nosso sonho não cabe mais no espaço que foi determinado, que a gente nasceu, porque a gente quer modificar os espaços que a gente nasceu”
Yane Mendes é cineasta periférica, articuladora, comunicadora das favelas e coordenadora da Rede Tumulto, que promove “ações provocativas e efetivas” de produção, mobilização e formação para a juventude. Integra a Articulação Nacional de Negras Jovens Feministas (ANJF). Em suas obras A live delas, Podia ter sido eu, PensaDOR, D’Ladin e Mandala – Num compasso diferente mapeia memórias e estratégias para combater a injustiça social através da arte.
Acompanhe Yane Mendes no instagram, pelo perfil da Rede Tumulto e pela ANJF.
14) Zelinda Barros (Bahia)
“Desde 2006, venho trabalhando com tecnologias digitais com a intenção de disseminar conhecimentos sobre a população negra, contribuir para o enfrentamento ao racismo anti-negro e, ao mesmo tempo demonstrar que nós, negras/os, não somos apenas usuárias/os, mas produtoras/es de tecnologias”
Zelinda é uma entusiasta do uso da ferramenta blog, sendo criadora de Blog Casos e Coisas do gênero e Fazer Valer a Lei. Foi uma de nossas convidadas para o BNcast sobre o Legado da Comunicação no Movimento de Mulheres Negras. Sua escrita, que se dedica a pensar profundamente o movimento de mulheres negras brasileiras e a sociedade em que se inserem, é uma oportunidade ímpar para pensarmos o futuro que queremos, lançando mão das tecnologias digitais para enfrentar o racismo. Zelinda possui um projeto chamado #CalendárioNegro onde, a partir do uso da tag, registra informações sobre pessoas e momentos importantes para a historiografia negra nas redes sociais.
Acompanhe Zelinda Barros no youtube, instagram e twitter. Acompanhe também seu drive e academia para ler e reler seus escritos.
15) Ana Carla Bruno (Amazônia)
“Porque parece que o lugar que a gente tem que ocupar é o lugar de arrumar a casa, o lugar de empregada doméstica, de trabalhar em loja. É qualquer outro lugar, menos o espaço científico”
Ana Carla Bruno é uma importante Antropóloga Linguística do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que estuda o idioma do povo indígena Wamiri Atroari. Com sua pesquisa, ela contribui para que se compreenda as violências que recaem sobre território indígenas, também causadas pelo extermínio de suas línguas, pelas disputas de terras e pelos problemas causados pela crise climática. Ana Carla também participa da criação de uma uma rede de tradutoras de línguas indígenas. Seu trabalho fala sobre os lugares que as pessoas negras ocupam na ciência e também sobre a importância das diversidades linguísticas no Brasil para nossas existências e projetos de futuro.
Acompanhe Ana Carla Bruno no academia.
16) Katemari Rosa (Bahia)
“Nós precisamos de políticas públicas de inserção de mulheres e de pessoas negras nas ciências. Precisamos de políticas públicas para garantir que as pessoas desses grupos sub-representados consigam permanecer quando entrarem nas universidades e tenham sucesso nos cursos. Políticas também para que esses grupos tenham sucesso nas suas carreiras profissionais, tenham possibilidade de ascensão profissional. Não basta nós ampliarmos o acesso de mulheres negras, de pessoas indígenas, dos grupos que estão sub-representados na ciência de maneira geral, a gente precisa trabalhar também pela permanência e pela ascensão”
Katemari Rosa sempre gostou de olhar para o céu e por isso decidiu ser física muito cedo, pois queria ser astrônoma. Ela se interessou pela construção da identidade de mulheres negras como cientistas, sempre com um olhar sobre as interseccionalidades que o processo envolve – o que motivou seu doutorado na Columbia University. Colaborou na criação da disciplina “Descolonização de Saberes: a contribuição da ciência dos povos africanos e afrodiaspóricos” (que virou livro) e coordena atualmente o projeto “Contando nossa história: Negras e Negros nas Ciências, Tecnologias e Engenharias no Brasil” no Instituto de Física da UFBA. Integra a Sociedade Brasileira de Física American Physical Society, National Organizationof Gay and Lesbian Scientists and Technical Professionals e a Associação Brasileira de Pesquisadoras/es Negras/os (ABPN). Uma de suas paixões é a impressão 3D e suas possibilidades criativas.
Acompanhe Katemari Rosa no instagram
17) Gabryele Moreira (Bahia)
“Já que eu não me vejo naquele lugar, eu preciso espalhar que existe uma mulher preta naquele lugar (…) para dar impacto para a galera que está chegando agora, para as crianças também.”
Gabryele Moreira é física mádica, divulgadora cientifica e foi a primeira mulher negra brasileira a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica, ligado a ONU. Tudo começou com o interesse no mestrado em descobrir qual eram as mulheres que trabalhavam no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), onde está o primeiro reator nuclear brasileiro, ao lado de Priscila Rodrigues, Karoline Suzart e Nelida Lúcia Del Mastro. Assim, descobriu que apenas 17% delas eram negras. Outra informação de impacto: nenhuma mulher se declarou indígena. Essa foi a porta de entrada para o Programa Marie Sklodowska-Curie, associado à Agência Internacional de Energia Atômica!
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18) Nise Santos (Pernambuco)
“O posto básico, a equipe de saúde da família, a atenção básica na comunidade, para a gente [profissionais da Saúde] é comunicação, é presença e territorialidade para falar em saúde. Hoje, o terceiro setor e as ONGs são importantíssimos na Saúde, porque a gente vai na demanda que não chega na atenção primária. Isso é importante de se dizer! Diferente do posto de saúde, na Gestos (por exemplo), a gente faz busca ativa, divulgação de informação, levamos projetos e formações de qualidade para os grupos mais vulneráveis às infecções; então aquela demanda represada que, por diversos motivos, não chega ao posto de saúde, uma parte dela nós acolhemos, e acabamos chegando a essas pessoas através de ações como essa”
A atuação de Nise Santos começou ainda no movimento estudantil, sendo mais tarde candidata a vice-prefeita de Salvador ao lado de Hamilton Assis. Destacamos aqui sua atuação como enfermeira no terceiro setor também durante a pandemia, no campo da prevenção e combate ao vírus HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). E também como pesquisadora, com o mesmo enfoque, sendo mestranda da Pós-Graduação em Saúde Coletiva no Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal de Pernambuco. Uma profissional da saúde que entende a importância de uma visão holística da saúde para o bem-viver da população negra no presente e no futuro.
Acompanhe Nise Santos no instagram.
19) Denise Gonçalves (Rio de Janeiro)
“Tenho plena consciência da relevância, da importância, do quão vital é para a ciência, para o crescimento da ciência no Brasil para o desenvolvimento da nação e nas nações desenvolvidas também, que aquilo que a gente desenvolve na academia e nos institutos de pesquisa passe a fazer parte da realidade das pessoas”
Denise é pós-doutora em Astronomia pelo IAG-USP e pelo Instituto de Astrofísica de Canarias – IAC/Tenerife/Espanha. Integra organizações como a União Internacional de Física Pura e Aplicada e União Astronômica Internacional. Atua como docente no Observatório do Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (OV-UFRJ). onde desenvolve programas para incentivar a presença de mulheres, especialmente negras, na Astronomia. Sua pesquisa mostra como nossos futuros podem ter dimensões intergaláticas. Denise Gonçalves, em parceria com Stavros Akras, encontrou uma estrelas escondida no centro de Abell 14, uma nebulosa planetária a mais de 10 mil anos-luz da Terra. Os métodos foram simulações de computador e observações telescópicas na Grécia e no México.
Acompanhe o Lattes de Denise Gonçalves e ouça o podcast sobre ciência ObserValongo.
20) Francielly Rodrigues (Pará)
“Eu vi a admiração que as pessoas sentiam por aquela mulher. Eu via ela apresentando a abertura da feira de ciências e eu falava que eu queria estar lá, que eu queria ir. Eu participei pela primeira vez quando eu tinha 8 anos. Eu lembro bem que a professora Danielle falou que nós somos capazes de fazer ciência, não importa quem nós somos mas nós somos capazes. Você é capaz, ela estava no palco, ela virou no palco e ela apontou direto para mim e eu nem conhecia ela e ficou gravado na minha cabeça aquilo”
Francielly Rodrigues é uma jovem cientista que já ganhou mais de 20 prêmios no Brasil e no mundo. A estudante de engenharia de produção criou uma forma de transformar os caroços de açaí em material de construção. Ela já participou do International Innovation Experience e tem parcerias com a Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo e a Universidade Estadual do Pará. Seu trabalho já foi reconhecido por importantes centros de pesquisa, como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade de Harvard. Francielly foi incentivada por outra mulher negra, Dannielle Siqueira, que é mestra em Educação em Ciências e orientadora do Clube de Ciências de Moju, localizada a 120 quilômetros da capital Belém.
Acompanhe Francielly Rodrigues no instagram e conheça o seu trabalho no site e no instagram da Casa do Açaí.
21) Bárbara Carine (Bahia)
“Educar nossas crianças para ressignificar a sua ancestralidade a partir de um passado potente, afro-indígena. Ou seja, sair do eurocentrismo com positivação subjetiva. As crianças se construírem com um retrovisor que não é quebrado, como o retrovisor da história que nos é apresentada até hoje. Esse é o foco. E fazemos isso de muitos modos. Ao mesmo tempo, não se mostrar radical, avesso às pessoas brancas. Nosso intuito é educar as pessoas brancas, racializá-las também“
Barbara Carine tem uma carreira consolidada como doutora em química e docente na UFBA. Porém, se viu motivada a pensar questões sobre a educação de crianças negras a partir de uma metodologia decolonial e afroafirmativa. Assim nasceu a 1º Escola Afro-brasileira Maria Felipa, em sociedade com Maria Juliana Passos. Dra. Bárbara Carine é uma inspiração para todas nós, sendo uma das referências utilizadas por Blogueiras Negras durante as Oficina sobre Cuidados Digitais que acontecem em todo o Brasil. Indicamos, de sua autoria, a publicação “A História Preta das Coisas”.
Bárbara Carine está no instagram e a Escola afro-brasileira Maria Felipa também.
22) Priscila Duque (Pará)
“É mais que uma música, é um mantra de força, uma oração encantada que conecta as pessoas à questão de gênero. Os versos se desenhando em ritmo movimentam o corpo e nos estimulam uma sensação de liberdade, experimentada na cadência do lundu e do carimbó. Sentimos os tambores. Sentimos a presença da mata. Das águas. Sentimos a força dos encantados, das entidades, dos orixás, ao mesmo tempo que vibramos em uma contemporaneidade que experimentou anos de ocupações, ações coletivas, artivismo, performances e rodas em celebrações e protestos”.
Priscila Duque nasceu em Belém do Pará, é formada em Jornalismo e mestra em Ciências Sociais. Em 2015 fundou sua produtora, a SubVersiva Produção Cultural Independente, e em 2016 criou o Grupo Carimbó Cobra Venenosa: que bebe na fonte do carimbó ancestral de Mestre Verequete – precursor do carimbó no Pará. Possui o talento de criar sinestesias sonoras a partir da música, performance e poesia, elementos amplificados pela força dos tambores, com arranjos que passeiam entre o tradicional dos instrumentos e os arranjos modernos, efeitos orgânicos e experimentações. Na floresta, nas cidades, em todo lugar, Priscila Duque é urgente e necessária.
Acompanhem o trabalho de Priscila pelo instagram do Carimbó Cobra Venenosa e pelo seu canal no Youtube.
23) Kênia Freitas (Espírito Santo)
“Eu gosto muito de começar a falar sobre afrofuturismo falando de como eu cheguei nessa palavra e isso tem haver com a junção da possibilidade de um futuro negro – num mundo em que a gente é tão atropelado pela antinegritude e pelo racismo o tempo inteiro – é algo transformador, especialmente, quando a gente entende que o futuro é nosso; e que o futuro é nosso há muito tempo porque passado, presente e futuro não existem dentro dessa lógica da linearidade de progresso que inventaram”
Kênia Freitas é professora e pesquisadora, mestra em multimeios pela Unicamp, doutora em comunicação pela ECO-UFRJ e pós-doutora pela Universidade Católica de Brasília. É autora de artigos e capítulos sobre cinema brasileiro e diáspora africana, comunicação e identidade, além de ser crítica de cinema e cultural, curadora, com destaque no ensino e na pesquisa do Afrofuturismo. Em 2015, fez a curadoria da Mostra Afrofuturismo: Cinema e Música em uma Diáspora Intergaláctica, no então Caixa Belas Artes (hoje Petra Belas Artes), com uma série de produções audiovisuais de ficção científica, fantástica e até documentários voltados à experiência negra afrofuturista.
Acompanhe Kênia Freitas no instagram e conheça um pouco mais sobre ela assistindo o debate Afrofuturismo da Semana do Conhecimento da UFRJ realizada em 2021.
24) Morena Mariah (Rio de Janeiro)
“Sankofa é um deograma da filosofia Akan, de um povo que vive no Gana hoje. Esse povo criou essa figura pra representar um ditado que diz que nunca é tarde pra gente voltar atrás e recuperar o que ficou. E eu entendo que pra falar de futuro, não dá pra não falar de passado. A gente só sabe pra onde a gente vai quando a gente sabe de onde a gente veio. E Sankofame ensinou isso. Sakofa me ensinou que eu preciso saber das memórias da minha família e do meu povo pra eu saber pra onde eu quero ir com mais propriedade, sabendo aquilo que vai ser bom pra gente, sabendo como e que estratégias foram criadas pra gente chegar vivo no futuro. E não só vivo, mas que a gente possa curtir a vida; pra que a gente chegue feliz”
Morena Mariah é escritora, produtora cultural, consultora de Projetos e palestrante. Especialista em Afrofuturismo, Estudos Culturais, Mídias e Cultura Afrodiaspórica. É também criadora do Poadcast Afrofuturo, que aborda temas variados relacionados às culturas africanas, apresentando uma mistura leve de fatos históricos, conhecimentos teóricos e reflexões livres.
Partindo de alguns incômodos que sentiu ao longo de sua formação enquanto menina negra que viveu entre a favela e os condomínios do Rio de Janeiro, Morena Mariah fala sobre o passado do povo negro sob a perspectiva da interrupção das vidas negras pelo processo de escravização. Ao olhar para esse passado, ela passa a questionar o futuro. Suas pesquisas a levaram a conhecer o futurismo, a ciência que pretende entender os desafios que temos no presente para construir o futuro em que queremos viver. Morena vê o futuro do povo negro como uma construção possível e convida a todos a passarem pelo difícil desafio da mudança para construir um futuro onde caibam todas as pessoas.
Siga Morena Mariah no instagram e ouça o podcast Afrofuturo.
25) Mulheres Negras Fazendo Ciência (RJ)
“Os objetivos deste grupo são discutir a baixa representação de mulheres negras como cientistas profissionais, explicitando a natureza da opressão dada pela interseccionalidade da discriminação por gênero e por raça no meio acadêmico, e demonstrar como a elaboração de atividades extensionistas pode contribuir para a desconstrução de preconceitos a partir da divulgação deste conhecimento acadêmico para outros públicos”
Ao fazer essa lista percebemos o quanto gostaríamos de aumentar seu tamanho, por isso, destacamos a importância do projeto Mulheres Negras Fazendo Ciência, uma iniciativa de extensão da UFRJ realizado por Aline Nery (doutoranda do NUTES/UFRJ), Ana Lúcia Nunes (professora do NUTES/UFRJ) e Luciana Espíndola (professora do CEFET Campus Maria da Graça). Uma das ações desenvolvidas pelo projeto para promover o protagonismo de mulheres na ciência é o calendário Mulheres Negras Fazendo Ciência, onde aparecem cientistas de todo o Brasil.
Baixe o calendário e acompanhe o linktree do programa para ter acesso as atividades desenvolvidas por elas. Siga nas redes sociais: instagram e youtube.
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Além das #25WebNegras, homenageamos 10 referências estrangeiras nessa lista como forma de ampliação das narrativas sobre afrofuturos e de agradecimento pela dedicação individual de cada uma delas para que pudéssemos chegar até aqui. Confira:
Ruha Benjamim
Ruha é professora do Departamento da Universidade de Princeton, onde estuda as dimensões sociais da ciência, tecnologia e medicina. É bacharel em Sociologia e Antropologia pelo Spelman College, MA e PhD em Sociologia pela UC Berkeley, e foi bolsista de pós-doutorado na UCLA Institute for Society & Genetics e Harvard’s Science, Technology & Society Program. É autora de diversos livros, como Viral Justice: How We Grow the World We Want (Princeton University Press 2022) e Race After Technology: Abolitionist Tools for the New Jim Code (Polity 2019). Acompanhe o trabalho da Ruha pelo instagram e pelo twitter.
Sampa The Great
Nascida na Zâmbia, criada em Botswana e revelada artisticamente na Austrália, Sampa The Great é uma jovem rapper compositora. Seu trabalho vem se destacando por romper muitas barreiras, sendo a primeira zambiana a se apresentar em um dos maiores festivais de música do mundo, o Coachella. Utilizando musicalidades hip hop, jazz, R&B, soul e afrobeat, sua produção ressalta temas importantes, como empoderamento, feminilidade, afrofuturos e pertencimento cultural. Com mais de 700 mil ouvintes mensais em uma das maiores plataformas de musica, seu novo álbum “As Above, So Below”, lançado em 2022, vem sendo aclamado por seus significados e identidade única. Acompanhe o trabalho da Sampa The Great no Youtube e siga a rapper no instagram.
Marian Croak
Marian é uma importante inventora que detém mais de 200 patentes. Ela foi incluída no Hall da Fama Internacional das Mulheres em Tecnologia em 2013 e, em 2022, foi incluída no Hall da Fama dos Inventores Nacionais por sua patente sobre a tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol). Sua invenção permite que os usuários façam chamadas pela internet em vez de uma linha telefônica, sendo vital para trabalhos remotos e conferências digitais. Acompanhe Croak no instagram.
Kimberly Bryant
Kimberly é engenheira elétrica americana e fundadora do Black Girls Code – uma organização sem fins lucrativos que se concentra em fornecer educação em tecnologia e programação de computadores para meninas afro-americanas. Ela figura na lista dos “25 afro-americanos mais influentes em tecnologia” pela Business Insider. Acompanhe Kimberly Bryant no instagram e no Twitter.
Valerie Thomas
Toda repressão, todo machismo, todo ódio pelo feminino foram impotentes na contenção da criatividade científica das mulheres negras que, com suas grandes ideias ao longo da história, mudaram – e seguem mudando – o mundo em que vivemos. Valerie LaVerne Thomas é uma dessas mulheres. Afro-americana, ela é conhecida pela invenção do aparelho transmissor de ilusão – um dispositivo capaz de criar, transmitir e receber imagens 3D de um objeto em tempo real. Isso em 1978!
Mae Jeminson
Mae é médica, engenheira e astronauta da NASA. Em 1992, Jemison se tornou a primeira mulher negra a viajar no espaço. Ela também escreveu vários livros e apareceu em muitos programas de televisão, incluindo um episódio de Star Trek: The Next Generation. Além de seus muitos prêmios, Jemison foi incluída no Hall da Fama Nacional Feminino e no Hall da Fama Espacial Internacional. Acompanhe Mae Jeminson no instagram e no twitter.
Gersha Phillips
Gersha é figurinista e trabalhou nessa função nas três primeiras temporadas de Star Trek: Discovery e na primeira temporada de Star Trek: Short Treks. Seu trabalho em Discovery lhe rendeu duas indicações ao Costume Designers Guild Award, na categoria Excelência em Sci-Fi/Fantasy Television em 2018 e 2019. Outros trabalhos de destaque são Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos (2013) e A Mulher Rei (2022). Acompanhe Gersha Phillips no instagram e no twitter.
Sheree Renée Thomas
Sheree é uma premiada escritora de ficção, poetisa e editora. Seu trabalho é inspirado no mito e no folclore, nas ciências naturais e no delta do Mississippi. Ela é escritora da Marvel e colaboradora da antologia inovadora, Black Panther: Tales of Wakanda, editada por Jesse J. Holland (fevereiro de 2021). Saiba mais no site do Black Speculative Arts Movement e acompanhe Thomas no instagram e no twitter.
Octávia Butler
Butler foi uma escritora afro-americana consagrada por seus livros de ficção científica feminista e por inserir a questão do preconceito e do racismo em suas histórias. Sua obra, associada ao afrofuturismo, apresenta comunidades mistas fundadas por protagonistas africanos e povoadas por indivíduos diversos, mesmo que de pensamento similar. Seus membros podem ser humanos de ascendência africana, europeia ou asiática; extraterrestres (como os N’Tlic em “Bloodchild”); de uma espécie diferente (como os vampíricos Ina em Fledgling) ou mestiços (como os humanos-oankali Akin e Jodahs em Lilith’s Brood).
Gladys West
Gladys é uma matemática norte-americana que teve papel fundamental no desenvolvimento e criação do GPS. Mesmo trabalhando no o sistema de posicionamento global desde a década de 80, só em 2018, aos 88 anos, a cientista foi incluída no Hall da Fama dos Pioneiros do Espaço e Mísseis da Força Aérea dos Estados Unidos em reconhecimento aos resultados da sua dedicação.