Afro-amazônica, paraense, afrorreligiosa, taurina - a.k.a explosiva/faminta/dorminhoca, transpiro/como/bebo/vivo a comunicação para a diversidade negra, feminista e periférica.
Este editorial, hoje, é uma tentativa de reforçar a importância do Feminismo Negro, é por meio dele que contamos as histórias das “mulheres forasteiras” da normatividade estabelecida pelo processo colonizatório dos países europeus. Ele é nossa ferramenta de luta para que possamos um dia viver a liberdade de não ter medo.
Passou-se quase um mês da chacina ocorrida em Belém na madrugada de 5 de novembro, na qual foram divulgadas 11 mortes. Naquela madrugada pouca gente dormiu nos bairros do Guamá, Jurunas, Sideral, Marco, Tapanã e, especialmente, na Terra Firme. Semelhanças entre os bairros? Periferia. População residente nos três locais: predominantemente negra. A chacina mirou quem? A juventude. Eis a consciência negra lavando ruas e calçadas com sangue. É essa a ação do Estado para combater a enfermidade.
Belém surgiu nos TTs do Brasil de uma mídia social. Figurou entre o quinto e o terceiro lugar com a hashtag #ChacinaemBelem. O Estado contabilizou 10 mortos, incluindo o pm. A favela ainda está contabilizando os corpos, além de contabilizar décadas de baculejo, interdição e rejeição. A polícia policia a favela. E quem policia a polícia?
E ao contrário do que a competência racista tenta convencer: cotas raciais nada têm a ver com competência ou inteligência. Não estamos buscando mostrar que somos mais capazes do que qualquer outra raça. As cotas existem porque a dívida desse ESTADO é secular e as ações afirmativas são o começo do caminho de reconhecimento da marginalização que nos impuseram.