Aviso de cuidado – Esse texto é recomendado para maiores de 16 anos.
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Você entra no meu mar e se molha, mergulha fundo com o rosto e as ondas vêm fortes. Sua língua nada, indo e vindo no meu litoral, sem pressa porque o mar sempre está lá, nunca seca. Às vezes você se deita e deixa meu mar se sobrepor, segurando forte nas conchas, coxas, na areia que se dispersa entre seus dedos. O mar sempre ecoa barulho, respirando ofegante e em estalo toda vez que as ondas batem no seu rosto. Ondas grandes, assim como um arco em coluna, que te cobrem por inteiro, te deixando com cheiro de mar, de sal, meu cheiro. O mar se esfrega em você, acompanhando cada movimento seu, escorrendo em sua virilha, te fazendo suar mesmo estando molhada. A água não parece ter fim, mais fundo fica a cada traço traçado de sua língua em mim, nesse mar sua boca nunca fecha, se afogar será sua dádiva, assim como me ter toda para você. Dizem que mar não tem cabelo, mas esse tem e puxar deve ser sua ação, puxando mesmo que não caiba tudo em suas mãos, torcendo para mais próximo de ti, querendo que o mar se firme em você virando um só. Era rio, mas você entrou com calma, abrindo caminhos até que eu virasse mar, entrando e saindo, observando a profundidade aumentar e chegar em um ponto de evaporação, a água sobe e chove em você, chove e parece que sua sede nunca cessará, igualmente ao desejo contido em mim. A cor quase pouco importa, o mar é azul porque reflete do céu, aquilo que provém do meu íntimo é transparente, é branco, é da cor que me dou porque reflete no quanto eu preciso te dar partes minhas, que se multiplicam ao se misturarem às suas. Meu mar inteiramente aberto, esperando você para ser explorado, ninguém nunca conheceu tanto, e sem medir esforços foi manuseado em suas mãos, rosto, em teu corpo. Meu rio ansiando ser transformado em mar por você, entre fundo, mergulhe, se afogue, receba todo meu desejo em me dar, em te dar, em ser mar.