#AsNegaReal – Episódio 01

O primeiro episódio de #AsNegaReal, websérie feitas pelas Blogueiras Negras para discutir O sexo e as nega da Rede Globo está ano ar! Nesse primeiro vídeo discutiremos o conceito da série, seu protagonismo, o não-lugar da mulher negra na sociedade brasileira e a violência simbólica que a série global significa.

O primeiro episódio de #AsNegaReal, websérie feitas pelas Blogueiras Negras para discutir O sexo e as nega da Rede Globo está ano ar! Nesse primeiro vídeo discutiremos o conceito da série, seu protagonismo, o não-lugar da mulher negra na sociedade brasileira e a violência simbólica que a série global significa. Agradecemos a presença especial de Djamila Ribeiro, feminista negra, blogueira de A carta capital e diva de nós todas. Nosso especial obrigada para Gabi Porfírio, Aline Djokic e Maria Rita Casagrande que fizeram esse primeiro episódio ganhar vida. E agora, ao vídeo!

19 comments
  1. Meninas uma pergunta e me desculpa a ignorância.
    Hoje ainda temos a maioria das mulheres negras nos mais baixos cargos no mundo corporativo. E nas comunidades a maioria dos moradores negros.
    Como então representar a mulher negra real, que estarão nesses cargos e morando em comunidades.
    Minha pergunta deve ser bem ignorante, me desculpem, mas estou começando agora a entender a luta do movimento feminista e negro.

    1. Ana, no texto de apresentação no projeto, há uma parte em que enegrecemos a questão de que essas mulheres retratadas – camareiras, cozinheiras etc – também são reais! Poxa, e como são! Como você aludiu, elas ocupam a base da pirâmide social. O problema é que apenas elas são representadas. Entenda, não estou querendo aqui chorar como se elas fossem privilegiadas por estarem sendo representadas na Globo, não é isso. Na verdade, a questão é: toda santa vez que quer-se representar a mulher negra, ela é a negra fogosa, com um emprego subvalorizado e moradora de favela e/ou periferia. É sempre uma representação – que se pretende mais uma apresentação do real – estigmatizada, caricata, estereotipada. Entende?

    2. Gabi,

      Plenamente entendido. E concordo plenamente. Consegui me informar muito aqui no site e em outros da nocividade dessa “representação”. Muito obrgada por sua resposta.

  2. Olá sou atriz e coreografa. Sou ativista integrante da Associação de mulheres negras Aqualtune, Frente Nacional de Mulheres do Hi Hop, tenho um grupo de jongo e capoeira angola Afrolaje, estamos fartas e fartos disso. Quero muito participar das series, acho muito importânte esta iniciativa. Tenho uma amiga q escreve bem e tem uma serie bem legal. Tatiana Tiburcio. Bjs

  3. Pior foi já ver alguns comentários escrachados e escancarados logo abaixo da notícia no facebosta de pessoas dizendo “só mulher feia”, provavelmente um ser influenciado com essa imagem de que “asnegasãofeia” (coloquei entre aspas de propósito pra fazer alusão a depoimentos feitos no blog de que essa é a fama de um certo estereótipo carregado pela mulher negra tida como ‘comum’).

  4. Achei de muito mal gosto o nome da série que por si só já dá margem para inúmeras discussões… e bem na semana do preconceito sofrido pelo goleiro Aranha… de um lado as discussões sobre este acontecido e de outro a emissora fazendo a chamada do seriado…‪#‎AsNegaReal‬ vem com tudo!Muito bom!

  5. Sempre gostei do Falabella e tinha nele um aliado as causas dos atores negros pois, em suas produções sempre deu espaço para os afro-descendentes, mas dessa vez achei uma bola fora,me entristeceu e temos que nos posicionar , chega de ser mico de circo, a gostosona, a sem família, a órfã, menina de rua, desprivilegiada de tudo sempre tendo que fazer parte de cotas sem contar que tudo de bom da nossa cultura os ¨brancos brasileiros” estão se apropriando em nome de uma democracia racial que é fictícia, pois na hora da divisão o branco brasileiro, mesmo que pobre, ainda está na nossa frente e impregnado de preconceitos.. Não sou a favor de políticas segregacionistas mas se não nos posicionarmos, informarmos, fortalecermos, em pleno século 21 ainda temos que discutir sobre cor da pele, raízes é um absurdo. E não vem com essa hipocrisia que somos todos humanos e iguais.

  6. Acho ridículo incentivar a audiência de uma serie, que pelo titulo apresentará de maneira pejorativa as características do negro, como um estereótipo que já é vendido. Se será isso ou não, pouco me importo, muito menos discutir os episódios ou casos que serão exibidos, pelo contrario não assistirei. Acho que seria mais útil discutir a situação do preconceito e racismo que tem se tornado cada vez mais explicito e a influência das politicas de favorecimento ao negro, bem como, o posicionamento de nós negros em relação a essas atitudes.

    1. Mln Santos: a audiência de uma programa só é medida em alguns aparelhos – assistirmos ou não, não fará grande diferença para o IBOPE. Quanto à sua sugestão, ela já foi aceita e está em prática há muito tempo em vários grupos que discutem o feminismo negro, como o Blogueiras Negras.
      Axé

  7. Bem, muitas inquietações. A de hoje de manhã, estava eu com meu companheiro em um supermercado, e ouvi um senhor negro, dizendo que “se ainda valesse a pena as nega”. Ouvi e fiquei imaginando se este senhor estaria referindo-se ao novo trabalho de Miguel F. na TV. Dei um passo atrás para enxergá-lo. Quando ele me confirmou com a próxima frase “só sexo”, e este mesmo senhor continuou o diálogo com a pessoa que estava no caixa.
    Foi quando chamei atenção de meu companheiro que estavam falando da série. De imediato, um pequeno turbilhão veio a mente e mais devagar a boca, há poucas semanas consegui com que um motorista de alternativo, aqui na cidade onde moro, não me chamasse mais de morena. Disse a ele sobre eu me identificar como uma mulher negra e tal. Mas ele argumentou de ser feio chamar alguém de negro(a). Que ele não gostava, achava feio. I eu dizendo a ele que, não sou de outra etnia a não ser a negra. Continuei, dizendo que ele por não saber meu nome, e não ser próximos, poderia tranquilamente me chamar “quando necessário”…, pois sua profissão é ser motorista de alternativo, disputam clientes no corpo a corpo, no grito (anunciando, perguntando a trajetória…), enfim. Mas como fazia o percurso semanalmente, resolvi dizer-lhe a ele meu nome e por ser curto, ele poderia quem sabe gravar. Dias passaram e ele ainda não acostumava-se a me chamar pelo nome, mas fazia sempre um esforço, pois não deixava-me dizer, para que ele tentasse acertar. Mas sempre frisava que eu gostava de ser chamada de negra.
    Já na semana seguinte relatou sobre uma família que a Avó antes de morrer chamava as netas de negras, e que ficou este “apelido”, e quando ele chamou as crianças assim, o pai das meninas que são gêmeas, o proibiu de chamá-las assim. Ao dizer que o pai estava certo, mais uma oportunidade de explicar essas relações com as palavras, proximidades/intimidades, mas ele não entendia, pois também já havia dito na oportunidade de algumas semanas atrás. Porque uns podem e outros não, chamar essa ou aquela pessoa de negra. Sobre este senhor (motorista de alternativo), este episódio de Miguel F. derrubou toda a minha paciência e educação com que falei e escutei o motorista do alternativo. Pensei até no constrangimento que iremos passar (mulheres negras, jovens se é que é possível alguma faixa etária escapar desse assédio) em diferentes espaços, pois não andamos e nos socializamos somente em espaços como nossos grupos, nossas “irmandades” ou organizações. Penso no assédio que culturalmente construído já sofremos. Que muitos e muitas Vão apenas, achar mais um programa de televisão. E acredito que a questão não está em assistir ou não mais este ou outro programa, filme ou etc. E sim, que será mais uma peleia para nós, mulheres negras, educadoras e tantas outras pessoas e segmentos que cotidianamente estão em estado de alerta. Contra o racismo, contra as diferentes formas de violência.
    Mas também, me pergunto sobre as artistas negras, que possibilidade elas têm de se manifestar, sobre este ou aquele papel? Ou que condições elas têm de dizer sim ou não para este ou aquele trabalho? Ainda em pleno século XXI. Aguardo sim, a manifestação do autor, pois muito bem colocado neste primeiro vídeo, episódio #AsNegaReal – 01, o autor baseou-se no que, para escrever.

  8. Muito boa reflexões, acredito que são principalmente os personagens brancos que trarão a maior carga de preconceito racial, mas creio que será necessário vermos alguns episódio pa ver-se como as personagens serão tratadas e como tratarão das situações colocadas para elas, de outro será preciso ver se haverá o contraponto de personagens negras não protagonistas que surjam para apresentar situações e soluções diversas a enfrentadas pelas protagonistas, de qualquer forma parabéns pela websérie e pelo blog que não conhecia!!!!!!!!

  9. Muito importante essa iniciativa da criação da websérie #AsNegaReal.
    É necessário ter seriedade e compromisso para abordar temas como esse da sėrie que está sendo lançada na Rede Globo. Um diretor, nesse caso, no mínimo deveria ter o cuidado de ouvir mulheres negras reais, costureiras, jornalistas, cabeleireiras, advogadas…para a partir daí saber como elas se vêem, seus sonhos, suas conquistas, as dificuldades que enfrentam no dia a dia, principalmente pelo fato da sociedade brasileira não ter se preparado para recebê-la em todos os espaços em que ela realmente está e não só o que querem destinar a ela, o que até hoje é reforçado quando se alimentam esses esteriótipos que, pelo que tenho lido, estarão mais uma vez difundidos, com um alcance “global” que poderia ter sido muito bem aproveitado para nos representar como #AsNegaReal.
    Um exemplo do não-lugar da mulher negra na sociedade brasileira pude vivenciar quando no casamento da minha filha resolvi me preparar, cabelo e maquiagem ,no mesmo salão que ela escolheu e contratou por oferecer esse serviço, “dia de noiva” com tudo que ela queria, podia pagar e tinha direito. Passei o dia com ela nesse “renomado” salão, ela ficou linda, minha maquiagem ficou perfeita, porém, apesar de ter feito um pacote de cabelo e maquiagem, não foi surpresa pra mim, ter eu mesma arrumado o meu cabelo pelo fato da profissional que me atendeu não saber o que fazer, nem o que usar. Como levei meu pente na bolsa, fiz meu black power e arrasei. Acho um absurdo um salão que é tido como “top” não ter interesse em se preparar para receber uma cliente negra, não ter produtos para cabelos crespos, um pente apropriado, não ter uma profissional que saiba fazer uma tiara de trança, um penteado afro. É inadmissível!!! Aliás acho que todo salão tinha que ter obrigatoriamente pelo menos um profissional que soubesse tratar de cabelo afro para atender clientes negras. Já!!!
    Parabéns!!!

  10. Todo respeito e admiração!
    O debate é no mínimo necessário a batalha é cotidiana.
    Minha questão é. Esta emissora se utiliza da linguagem mais popular possível pra “catequizar ” nossas meninas e mulheres negras e sua classe branca cheia denprilegios. E nós?
    Como podemos chamar nossas meninas e mulheres sem nos valermos do discurso da academia? Que é inquestionávelmente válido, mas não atingirá quem é como precisamos. Como podemos mudar essa característica para atingir nosso público e ganhar sua audiência para reforçar a luta?
    Vocês acham válido?
    Abraço.

    1. Olá Andreia!
      Obrigada pela sua crítica! Sim eu compreendo sua preocupação, que é muito pertinente. Os próximos programas serão feitos por mulheres do nosso grupo de discussão, que são das mais diversas áreas, com certeza as análises vão ser tão diversas como suas representantes e um balanço entre as áreas e linguagens usadas será alcançado.
      Abraços!

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