Por Andressa Amano para as Blogueiras Negras
Há um tempo estava fazendo uma pesquisa para fazer cosplay (representação a caráter de seus personagens de animes/cartoons favoritos) e reparei que há poucos personagens negros dentro dessa cultura.
Deve-se levar em conta que o Japão é um país onde houve pouquíssima miscigenação. A cultura Otaku é altamente racista e sexista. Recentemente houve uma polêmica em torno da personagem Lenora, do anime Pokémon. O figurino que a personagem usa foi modificado, devido ao fato de que a personagem, uma diretora de museu ,usava um avental, o que foi interpretado como racismo.
No mundo das HQ’s isso não é diferente. Em 2011, a Marvel (gigante das histórias em quadrinhos americana) anunciou que o novo Homem-Aranha na série “Ultimate Comics Fallout“, Miles Morales seria negro de origem hispânica. A escolha foi bem criticada pois, para muitos, o herói representava o “sonho americano” e não deveria representar minorias.
A notícia de que a atriz Gina Torres gostaria de interpretar a Mulher Maravilha nos cinemas também gerou uma chuva de racismo ,afinal “Não tenho nada contra uma atriz negra ,mas…não seria bacana mudar um personagem americano tão importante!”. Não é importante que cerca 12 % da população dos EUA seja negra, muito menos que boa parte dela gostaria de se ver representada em HQ’s.
Hoje em dia ocorre uma maior exposição de personagens negros em mangás, HQ’s e animes. Mas isso não é uma representação suficiente. Crianças leem e veem esses produtos, muitas delas negras. Eu, quando criança, achava estranho o fato de só existirem personagens brancos nessas publicações. E quando tem, porque há tanto burburinho por conta disso?
Acredito que faltam muitas mudanças nesse quesito. A autoestima de muitxs fica mexida. Mas há um movimento muito bacana (e ousado) da parte de jovens cosplayers. Esses jovens fazem cosplays de personagens brancos não se importando com racismo e se divertindo, o que realmente importa !E é isso que eu desejo.Que tantos jovens nerds, geeks e otakus negrxs não se sintam oprimidos e que possam levar seus hobbies tão a sério quantos outros.