Brasil X EUA

Por Victoria Lemos de Cerqueira para as Blogueiras Negras

Afro House da Universidade de Iowa
Afro House da Universidade de Iowa

Estou fazendo pós-graduação nos EUA e vim morar aqui durante pelo menos um ano. Cheguei em agosto e de lá pra cá muita coisa legal me aconteceu, adoro o curso, meus colegas de sala, a cidade, a universidade enfim, tudo.

Uma das coisas que não tem como deixar de notar é como as relações raciais se estabelecem por aqui. Não vou falar em termos gerais… já tem bastante disso por aí. Vou dar exemplos concretos de coisas que me aconteceram aqui.

Em qualquer lugar que eu vá a noite (bar, balada etc) homens negros flertam comigo. Sim, no plural! Isso pra mim era inédito no Brasil… Eles vem, puxam papo, pedem meu telefone…

E ficam surpresos quando eu digo que sou do Brasil, aparentemente pareço americana! Fiquei surpresa, mais de 3 pessoas já me disseram isso, então…

Em situações corriqueiras como em lojas e na rua é bem comum negros falarem com você.

Em Las Vegas um segurança falou comigo como se ele me conhecesse, dando um toque pra eu colocar os meus sapatos de novo (tinha tirada porque né, meninas vocês sabem como os pés ficam depois de horas em cima de um salto fino né hehe). Algumas dessas aproximações são amigáveis mas eu achei que a maioria delas é intima demais pra mim. Não sou muito fã de quando estranhos falam comigo como se me conhecessem… O segurança em Las Vegas foi um exemplo desse, ele usou um tom que eu só aceitaria se fosse um amigo muuuuuuito íntimo me dizendo aquilo.

Faz um tempinho que comecei a namorar por aqui. Meu namorado é branco e as vezes as nossas “demonstrações públicas de afeto” despertam olhares inibidores… de brancos e negros. A gente sabe reconhecer o porquê dos olhares. Até mesmo porque ele é de uma cultura que não demonstra beijos de língua em público então são coisas bem leves que não chamam atenção o suficiente por si só.

O melhor de tudo que eu achei por aqui é a representatividade em tudo!!! Negros em todos os programas de tv, noticiários, comerciais, propagandas visuais, filmes etc. Isso é o máximo!

Imagem – Afro-American Cultural Center, The Iowa University.

4 comments
  1. Gostei da matéria. Acho que, infelizmente, aqui no Brasil, a relação negros com negras que ocupam posição de destaque não é comum. Seja por sentimento de defesa “ser melhor aceito” ou preconceito, as relações entre negros e negras acontecem mesmo nas classes mais pobres. Sinto isso na pele.

  2. Não sei onde vc costuma frequentar aqui no Brasil, mas na comunidade negra há bons relacionamentos. É só procurar. Qualquer dúvida eu indico lugares onde há negros cultos e
    inteligentes.

  3. Tirando o fato de as pessoas encararem relacionamentos inter raciais, ainda acho que o que acontece nos EUA em relação aos negros é melhor do que no Brasil e mais, acho que pelo menos lá negros são mais unidos e conseguem mais facilmente enxergar beleza nos seus iguais – capacidades essas que nos são tiradas desde o início (ou tentam)…
    Ao contrário do Brasil, que encaram o negro estando com o negro ou o negro estando com o branco, ou seja, aqui encaram o negro, simplesmente o negro quase que por existir. O Brasil ainda tem muito o que aprender com os EUA, mesmo que lá não seja perfeito (maioria da população carcerária negra e marrom/latina, etc, etc), mas ainda está a frente, bem a frente.

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Me descobri assim

Eu vim rompendo barreiras desde pequenina. Meu avô, não gostava de preto até me pegar no colo, ouvi dizer. Meus avós foram os melhores do mundo e eu fui coberta de mimos de neta mais nova até eles irem morar no céu. De alguns irmãos do vovô, quero distância. Sempre me trataram como menos.