Áudio exclusivo de conversa com Yane Mendes. Edição e parceria Rádio Aconchego Dá o play!
Eu Yane Mendes moradora da favela do Totó e Cidicley Fágner conhecido na favela do Canal do Arruda como Caixa resolvemos colocar para fora nossa revolta diante de toda situação que estamos passando diretamente com essa pandemia do vírus codiv19. Nós que nascemos, moramos nas favelas e convivemos diretamente com a realidade cheia de violência que esse grupo vive cotidianamente, resolvemos nos unir para dizer que vamos deixar documentado o momento a partir do nosso olhar que na maioria das vezes tá longe de ser o que é mostrado para maioria da população pelos meios de comunicação, para evitar que seja dito que ninguém sabia.
Os próximos passos que se teria para resolver a questão da FOME, estamos colocando que estamos coletivamente revoltados em pleno ano de 2020 e o que a gente temeu é tá implorando COMIDA, enquanto muitos falam o tempo todo de um desenvolvimento que ainda não chegou nas favelas, estamos aqui para evitar que os nossos iguais precisem saquear mercados e roubar nós mesmo para conseguir alimentar sua família. Vemos todos os dias o representante maior do estado falar em CORTES, CORTES, CORTE de atividades para reduzir o número de pessoas na rua por conta do coronavírus, mais nenhum retorno é dado sobre como essas pessoas irão sobreviver.
Mais uma vez nos é negado o direito de TER MEDO de algo, estamos nas ruas não porque queremos, mas porque não temos apoio nenhum do estado para que a gente possa fazer o mínimo de prevenção.
É por isso que exigimos DIREITO A PREVENÇÃO! Os debates se estendem desde da falta de água
até a mínima possibilidade que a favela têm de dá 20 reais em uma garrafinha de álcool em gel, mas infelizmente mais uma vez quero gritar e deixar para todos que o principal é a COMIDA.
Elegemos um presidente que o tempo todo fala com Nordeste sobre cortes e consegue cada dia piorar a situação de nós da favela. Bolsonaro têm um ÓDIO que repudia o nosso povo, se teve
no brasil um momento de se importar com o outro quando a esquerda classe média conseguiu olhar para o pobre no movimento vira voto e fingiu se importar com o flanelinha, com a empregada domesticas entre outros, e cá estamos nós em um momento onde uma doença ignora seu escudo de prédio e consegue adentrar lá, mais uma vez estamos tendo a oportunidade de olhar o outro que movimenta esse mundo que somos nós das favelas que fazemos tudo girar, e o que vamos fazer agora? dar as costas ou chegar junto?
Se dizer antirantirracista é ajudar o preto a se salvar e estamos aqui cobrando para que as pessoas que se revoltam com os absurdos que o presidente fala . Que elas tenham oportunidade de escutar o que a favela têm a dizer: ouvir o que os pensadores , empreendedores, desenrolados e principalmente desenroladas de favelas tem a contar, afinal de conta sempre criamos e recriamos métodos de sobrevivência. Estamos aqui para dizer que vamos começar a trocar, iremos permitir que vocês através da rede social acesse a conteúdos exclusivos nossos, que só a gente têm propriedade e este olhar sobre diversos temas mais que para isso precisamos estar VIVOS.
Acreditamos no audiovisual como a maneira de exaltar essa nossa força, mas de principalmente desculpabilizar nós mesmo por não estarmos conseguindo nos cuidar contra esse vírus, queremos cobrar dos responsáveis do estado por todas as violências e faltas de responsabilidades que estão ficando cada vez mais escancarados no meio dessa situação.
Diferente do que a politicagem faz que é dar comida para nos calarem, queremos dar comida ao povo para permitir que seja tirado de nossa boca a mordaça de anos e que seja possível nos proteger desse inimigo invisível que, como o estado, pode nos matar a qualquer momento.
Nos matar sim, porque sabemos que iremos precisar do SUS, então não iremos entregar o jogo e morrer sem deixar escrito que isso não é um suicídio , que estamos sendo obrigado a nos matar.
Queremos fortalecer o corre dos moradores de favelas do Recife que não fazem parte necessariamente de movimentos sociais , muitas pessoas que inclusive não dialogam nesse linguajar da militância que se diz organizada, porque desde de sempre essas pessoas que estamos direcionando já fazem na prática tudo que por muitas vezes nós estamos na teoria discutindo: estamos falando de mães desempregadas, pais que fazem bicos de qualquer coisa, avós que criam vários netos e teve sua aposentaria cortada, jovens que estão no desemprego, mulheres que são diaristas, boys do ovo que não tão conseguindo vender, vendedores de praia, raxas que lavavam roupas de ganho entre várias situações, pessoas que estão DESESPERADAS com a mão na cabeça como a gente fala. Nós vamos tá produzindo conteúdo com essas pessoas porque não entendemos isso como CARIDADE e sim como FORTALECIMENTO A PARTIR DA TROCA, vamos está pensando em ações continuadas diante da crise porque sabemos que não teríamos condições de manter fixamente essa ajuda mais resumindo é isso. #CornoaVirusNasPeriferias
TAMBÉM TEMOS MEDO DO VIRUS, E QUEREMOS TER O DIRETO DE ESTA DE BUCHO CHEIO NOS PREVENINDO EM NOSSAS CASAS.
Ficha técnica | Edição e Parceria: Rádio Aconchego
Trilha sonora: Nanã, Josyara