Não nasci pra ser bonita: a autoestima da mulher negra

Por Thais Vieira para as Blogueiras Negras

Quando tinha 13 anos de idade, fui ao clínico geral para fazer uma consulta de rotina. Estava  com o uniforme da escola e tranças,-  toda feliz pois tinha aprendido a fazer tranças aquele dia – entrei na sala junto com a minha mãe (que é negra também). O médico era branco e logo quando entrei ele já me mediu da cabeça aos pés. Me examinou e tudo mais. E antes de eu sair da sala, me deu recado:

“Como você sai de casa desse jeito, com esse cabelo, com essas tranças malfeitas, não passa um batom, não usa brincos? As meninas da sua idade não são assim, elas se vestem bem, são melhores. Como quer conseguir um namorado desse jeito?”

Depois de escutar tudo isso eu não consegui falar mais nada, minha mãe concordava com tudo o que o médico dizia, o que me deixou mais triste. Quando cheguei em casa, eu chorei. No dia que estava me sentindo bonita, aquele médico tinha me arrasado com todas aquelas palavras.

BN.autoestima
foto por Dietmar Temps

Além de ele cagar regras na minha aparência, estava me comparando com as meninas da minha idade, da escola, mas essas meninas não usavam tranças, não tinham cabelo crespo, essas meninas não eram NEGRAS. Desde criança minha beleza sempre foi comparada a de uma menina branca. Na listinha das meninas mais bonitas da sala meu nome nem estava lá.  Quando as tias da escolinha penteavam meu cabelo, eu só escutava comentários como “cabelo duro”, “cabelo ruim”. Nas brincadeirinhas sempre alguém me apelidava de MACACA ou chamava meu pai de ORANGOTANGO.

E assim fui crescendo sem autoestima nenhuma. Quantas vezes minha mãe alisava o meu cabelo para ver se as coisas melhoravam? Quantas vezes me achei a menina mais  feia? E quantas vezes chorava por não ser o padrão de menina bonita que os meninos tanto desejavam, que por coincidência era branca e tinha cabelos lisos?

Agora com 16 anos percebo que aquele médico racista após me dizer tudo aquilo não entende nada de autoestima. Diante de todas as dificuldades que nós mulheres negras temos que enfrentar, nos aceitar como somos, gostar de nós mesmas é uma questão importante, isso sim é autoestima.Tenho orgulho de ser negra, ter “cabelo duro” e andar do jeito que eu quiser.

E mulheres negras: não deixem que o racismo e o machismo nos abale, somos lindas, somos negras. E devemos nos orgulhar disso.

43 comments
  1. Parabéns ótimo texto, precisamos saiber nos valorizar e vencer essas correntes do modelo eurocêntrico de beleza. Demorei bastante para aprender isso, esse texto é totalmente válido para os homens também, sempre passei por essas mesmas situações. Parabéns novamente!

  2. Olha eu também tenho 16 anos e sempre alisei o meu cabelo desde nova, tanto que nem conheço os meus fios, só a raiz que cresce de 2 em 2 meses. Não sei o que fazer, cansei da guanidina á 2 meses e estou decidida para ela eu não volto, ficou confirmado que daqui a 2 meses farei o teste de mecha para o Tioglicolato e a cada vez que eu pesquiso acho essa ideia errada, porque não mudará nada. Eu só estou cansada de sempre sair com o cabelo preso ou viver escrava da escova e da piastra, estou CANSADA e meu maior desejo é ser livre e não temer toda vez que minha raiz começa a crescer. Eu tenho 16 anos e minha auto – estima é tão baixa que deveria se charamar baixa – estima ou estima – nenhuma. Eu não uso brincos e raramente passo baton, gosto de maquiagem mas não tenho saco para isso todos os dias, por isso tenho medo do Big Chop, pois para isso você precisa ter personalidade e mostrar sua feminilidade de outra forma o que não é o meu caso, eu continou lendo e não sei o que fazer!!!

    1. Franciele:
      Não sei como é ser uma adolescente negra (afinal, sou branca), portanto não posso dizer que entendo seus dilemas. Mas compreendo.
      Apesar de ser branca, sempre tive dilemas com meus cabelos cacheados, sempre alisei – seja com chapinha ou progressiva – mas hoje, aos 20 anos, aprendi que não há nada mais libertador do que aceitar e cuidar de nós mesmas do jeito que somos.
      Não sei como é seu cabelo, mas assuma-o. Desde os cachinhos, até o black power, não tenha medo de investir em personalidade e se entregar ao poder das suas madeixas. As químicas são a coisa mais agressiva com seus fios e com sua própria estima, já que são um lembrete constante de que você não está satisfeita consigo mesma.
      O big chop é um processo difícil, demorado e sensível, mas é necessário também para que você encontre sua personalidade capilar (rs). Não vou dizer pra não ter medo, mas enfrente-o! Confesso que não consigo deixar de me admirar quando encontro uma mulher negra que assume seu maravilhoso cabelo. É incrivelmente lindo e poderoso, pois mostra uma confiança, uma imponência e uma beleza esplendidas.

      Toda força!

    2. Franciele, hj tenho 19 anos mais a alguns anos atras me sentia exatamente como vc. Desde criança sofri com comentários maldosos em relação a minha aparência, especialmente ao meu cabelo que eh crespo. Me sentia péssima, achava que tinha nascido com o cabelo errado e isso doía muito. Ate que com o passar do tempo, aprendi que os ideais de beleza em que eu me baseava eram brancos, eurocêntricos, culturalmente construídos. Passei então a me ver de verdade, pois entendi que eu era negra e a forca que isso possuía. Como parte desse processo, resolvi fazer as pazes com o meu cabelo e me apaixonei por ele. Tudo o que eu antes odiava, se tornou o que agora eu amo nele: o volume, os cachos, a textura. Isso faz parte da transição. Nao eh fácil, mas vale a pena, pq hj alem de bela, eu me sinto livre.Ele virou simbolo de toda a luta que eu travei comigo mesma e com a sociedade. E triste dizer isso, mas, infelizmente, essa fase que vc esta passando eh uma fase pela qual muitas meninas negras como vc e eu passam, isso pq vivemos em uma sociedade que construiu ideais de beleza brancos como forma de racismo e ainda nega a nossa identidade negra como bela. Por isso, não procure se olhar através de revistas ou programas de tv, por exemplo, pq eles só vão mentir pra vc dizendo que somente o branco/liso/magro eh bonito, procure reconhecer em vc a mulher negra e toda a herança que vc carrega como tal. Inspire-se nas suas irmas e seja mais feliz 🙂 Outra dica: eu tenho certeza que vc tem personalidade o suficiente dentro de si pra fazer o big chop: eh so querer ! Bjs e forca

  3. Achei seu texto muuito bom, assim como muitas que comentaram aqui eu tbm me identifiquei bastante, negras na escola sempre dadas como as mais feias e etc, a uns anos atrás cheguei a fazer progressiva no cabelo pq sempre gostei de cabelos lisos, mais agora estou me conscientizando de assumir meu cabelo como ele é.

  4. Assim como muitas eu como negra me identifiquei muito com o texto, demorei muito para me aceitar, enxergar o meu valor e a beleza negra. Recomendo a todas a leitura do livro “O Olho Mais Azul” da Toni Morrison que retrata a busca de uma garota negra nos anos 70, em uma sociedade em que só havia bonecas loiras e de olhos azuis, sociedade em que só as crianças brancas recebiam carinho. Parabéns pelo texto!

  5. Parabéns querida!!! Eu era da lista das feinhas porque não me enquadrava nos padrões dos contos de fadas. Mas a vida se encarrega de tudo. A formação do meu caráter foi determinante. Ficava triste mas não deixei me abater. Enquanto as “menininhas” se preocupavam com os namorados, eu praticava esportes. Enquanto as menininhas se preocupavam com arrumar maridos (novas com 19 anos a 23) eu me preocupara em estudar e ter uma formação. Hoje, tenho tempo e dinheiro pra me arrumar e destacar a minha beleza negra. As menininhas vivem às custas dos maridos e mal arrumadas e estão todas deformadas, porque afinal temos como vantajoso nossa genética negra. Sinceramente, mil vezes as negras …..toda genética a nosso favor (não envelhecemos tanto como os brancos, temos corpos de violão….e principalmente a bunda…, embora não considere tão importante, mas entre os comparativos das princesinhas do contos de fadas, hj é um atributo valorizado) .. bjs….

  6. Muito bom o texto. Parabens!! Realmente essa é a realidade absurda que muitas vezes é silenciada pela sociedade. E ve-la exposta assim é algo extremamente necessario! Vou ser breve: nòs homens negros também aprendemos desde pequenos a desejar as mulheres brancas e a repudiar a todo tipo de negritude (nossa também). Infelizmente o Brasil é racista. Na Italia (onde moro) também. Mas a diferença é que a mulher brasileira negra aqui tem pelos menos o direito de ser “endeusada como objeto de desejo”. [email protected], mas principalmente as negras precisam aumentar a auto estima em relaçao à aparencia. A beleza que o médico queria pra voce seria um insulto! De fato, a “beleza” (se é que isso existe) foi criada por nossos colonizadores. E é dever nosso destruir isso e nos afirmar [email protected], como somos! 😀
    Parabens novamente pelo texto

  7. Me encantei com o seu texto. Sou professora e sofro preconceitos, acredite que anos atrás passei esta situação com alunos pequenos! E quando mãe de aluno não quer falar comigo porque sou negra? Atualmente trabalho com os pequenos e o projeto da minha escola trabalha com valores e o tema deste mês trata sobre o respeito, quer melhor?! Respeito às diferenças na escola pública, onde a maioria de nossas crianças são mestiças e negras. Estou feliz por poder encantá-los com as histórias que antigamente não existiam. Conquistei vários espaços, fui diretora e coordenadora durante muito tempo e me fiz respeitar fazendo um trabalho de qualidade. Amo a minha cor e a minha postura diante da vida. E você? Como é linda! Parabéns! Seu papel na sociedade é magnífico!

  8. Este me´dico te atacou por não aguentar ver uma criança negra que se gosta! não sei se fico feliz ou triste de ver que a sua é a minha história e de tantas por aqui. Quer dar um tapa na cara da sociedade, mostra que vc é linda e vc se ama, mais do que ninguém! eu qdo olho no espelho me admiro como sou bonita. Não ligue se os meninos não acham, ele é que estão perdendo, não é vc.

  9. Acho que a maioria das mulheres negras de hoje passou por isso na infância…. eu também passei por tudo isso, e era uma das poucas “neguinhas” do meu colégio. A minha professora do pré não gostava de mim, vivia me deixando no cantinho junto com outras crianças excluídas como eu, uma menininha que tinha piolho e outra que fazia xixi na roupa. Já na quarta série, minha professora era uma japonesa racista que fazia questão de me humilhar em publico….. Mas o bom de ser crianças, é que obviamente ficamos tristes, mas somos inocentes para entender o que está acontecendo.
    O primeiro menino que eu gostei, também era racista e me disse que não gostava de mim porque eu era negra…Todo negro um dia passa por algo parecido, nos resta seguir e esquecer, naquele tempo (meados dos anos 80) isso era normal.
    Não existia barbie negra, heroína negra, princesa da Disney negra…. a felicidade era branca! Hoje, tenho 32 anos e já melhorei muito minha alto estima, justamente por ser negra participei de alguns concursos de beleza e ganhei, trabalhei como modelo um tempinho e hoje sou feliz independente do que pensam de mim… Se as coisa mudaram de lá prá cá? sinceramente tenho minhas duvidas, até porque ainda sofro preconceito, mas se eu não me impor e buscar meu lugar ao sol… ninguém fará isso por mim!

  10. Sabe por alguns momentos me vi na sua história, também já sofri muito com isso, nenhum menino da escola gostava de mim, os meninos que eu gostava sempre se interessavam por loiras meninas brancas de cabelos lisos e compridos, sofri muito preconceito tambem com os meus cabelos e com a cor da minha pele, desde quando tinha três anos de idade aproximadamente até o fim do ensino fundamental, acabei crescendo com uma idéia de que todos eram melhores do que eu, pelo cabelo pela cor da pele…
    Cresci com essa idéia passei grande parte da minha vida sofrendo me achando feia, triste, não tinha amigas e as poucas que tinha faziam piadas por causa da minha cor, do meu cabelo…
    Hoje tenho 24 anos, foi dificil me recuperar dos traumas, pois até mesmo as professoras me tratavam mal, sou atualmente uma pessoa mais feliz, me aceito como sou, do jeito como sou, igual a mim não existe.Como mensagem para as pessoas que passsaram por experiências parecidas, falo que não é fácil, mas todos nós independente da cor da pele, cabelo, tamanho…Somos únicos e especiais, devemos nos amar, nos aceitar, só assim seremos felizes,só assim seremos amados.
    Apesar de vermos que na mídia que a beleza da mulher negra não é tão valorizada, precisamos superar isso, e seguir, quanto aos ignorantes que dizem que nos aproveitamos da situação ele não sabe o quanto é dificil passar por discriminação.

  11. Adorei o texto! Eu costumo dizer que sou branca, mas branca de pele, pois como a maioria dos brancos do Brasil, tenho descendência Afro! Ou seja, sou mestiça como quase todo brasileiro. Eu fico muito irritada quando alguma pessoa branca como eu (e olha que difícil, pois sou muito muito muito branca, de chegar a ouvir piadinhas também) diz que não tem descendência nenhuma com índio ou negro, apenas com Europeus. Eu acho praticamente impossível, a não ser que a família seja “migrante recente”.
    Sobre o cabelo, eu acho lindo quando está natural, eu acho tão lindo um black power em cabelos crespos! As pessoas tem mania de chamar cabelo crespo de “cabelo ruim”. Mas afinal, de onde tiraram que ter cabelo crespo é ter cabelo ruim? O que é “cabelo ruim”?
    Fico meio chateada quando falam pra alguém de cabelo cacheados “Por que não alisa seu cabelo?” Acho tão desnecessário, a não ser que a própria pessoa goste de cabelos lisos e tenha vontade de deixa-lo alisado, assim como vejo pessoas de cabelo liso cacheando os cabelos por acharem bonitos. Mas outra pessoa querer falar o que é bom ou ruim pra sua aparência é algo TERRÍVEL e SEM SENSO nenhum!
    Sei como é isso pois já me criticaram muito na minha maneira de me vestir, por ser mais desleixada. Como se eu me vestisse para tentar arrumar um namorado ou amigos. Você tem que se vestir e deixar seu cabelo ou aparência de um jeito que lhe deixe confortável e não pelos outros.
    Parabéns pelo texto!

  12. Um texto mais que perfeito, escrito por uma garota de apenas 16 aninhos. Além de ser um tapa na cara da sociedade racista, machista e preconceituosa, é um exemplo e incentivo para muitas mulheres que temem em se mostrar como realmente são.
    Parabéns flor!

  13. Espero que você nunca mais se sinta mal com tantas idiotices disparadas por gente à toa…
    O mundo está cheio delas e você é uma das poucas a ter consciência. Contamos com pessoas como você na tentativa de fazer um mundo mais respeitoso pros nossos filhos.

  14. Adorei seu post me identifiquei totalmente,ontem mesmo sofri preconceito na escola e fiquei pensando em quantas adolescentes estão passando pela mesma situação embaraçosa,a nossa auto estima fica abaixo de zero e é ainda pior quando nos comparam com mulheres que seguem o padrão de beleza.Até ano passado eu comecei a me aceitar,parei de ficar imitando o padrão de beleza exposto pela sociedade tb com 16 anos ^ ^ .
    Agora me sinto melhor e não há nada que abale minha auto estima!

  15. Que máximo você com 16 anos e essa consciência toda.
    Que pena que em pleno século 21 nada mudou.
    Tenho 55 anos, pensei que algo tivesse mudado, pelo menos um pouquinho, quanta tristeza …

  16. Nossa! Médico perdeu a noção total! Além de racista, ele nao tem o direito de comentar sobre a aparência de ninguém!!! E mais, menina de 13 anos não tem que se preocupar se vai arrumar namorado ou não, que coisa mais machista e ignorante!
    Fiquei com raiva desse médico aí!

    Muito bom o texto!

    Também tive minha fase de achar que eu era “a” feia porque todas as outras meninas eram brancas e tinham cabelo liso… mas isso, ainda bem, passou um dia.

    beijos

  17. Me identifiquei com seu depoimento. Também tive uma infância cercada de opiniões racistas acerca de meu cabelo que é armado e crespo.
    Me lembro uma vez em que minha mãe começou a pentear meu cabelo e eu queria ir brincar e, naquele momento, perguntei a ela o porquê de eu não poder sair com ele solto, sem me preocupar se estava armado ou bagunçado. Ela me respondeu que se eu saísse na rua com ele ao natural, iriam “mangar” ou me “zuarem”, ou seja, me ridicularizar, além de dizerem que ela era uma mãe relaxada que deixa a filha sair de “qualquer jeito” por aí. Ao ouvir isso, me lembro de ter dito que queria ter o cabelo liso, para deixá-lo solto sem se preocupar com as ridicularizações. Infelizmente é assim que muitas de nós, mulheres negras de cabelos crespos, crescemos. Com medo do olhar e do julgamento alheio, prontos para nos atacar com suas reprovações acerca de quem somos “ao natural”.

  18. É isso mesmo, nossa autoestima nós devemos construir com base na fortaleza de nossos antepassados que conseguiram lutar e superar muito para chegarmos aonde estamos hoje. E eu tendo 25 anos, também uso tranças, mas misturo cores e deixo as mesmas soltas. Muitas pessoas se incomodam na maneira que EU uso meu cabelo, os olhares sempre se voltam dos pés a cabeça e muitas vezes estou acompanhando os olhares das pessoas e quando elas se deparam comigo encarando-as rapidamente mudam o foco e fingem que nada aconteceu. Mas eu sei muito bem que se incomodam por eu me assumir, sendo negra e não tentando me ajustar aos padrões de beleza impostos. Só que infelizmente não vai longe e muitas pessoas da minha própria família ficam me recriminando e pedindo para que eu alise o cabelo (coisa que já fiz a anos atrás) e hoje tenho meu cabelo novamente natural e sei que ele não é “ruim”é sim parte da minha história como ser em evolução que teve de se adaptar durante a evolução!!! Amo como sou e rejeito qualquer tentativa de padronização, diante do que a sociedade determina como “belo”.

  19. Realidade de muitas meninas, adolescentes e mulheres negras… sempre usei minhas tranças e vou-lhes contar arraso; faço delas minha característica pessoal. Acredito que pelas tranças, meu jeito de vestir e de agir destaco a mulher negra que sou, sem medo de julgamentos …

  20. Thaís, sei extamente do que fala porque sou negra, tenho cabelo duro, estudei em escola de classe media numa cidade cuja miscigenação era branca e indígena e além de tudo sou gorda e boa aluna, pense! Qtas vezes discriminada!!!
    Sempre fui apontada: era bonita, mas negra, era tímida, mas boa aluna, era negra, mas poliglota aos 14, barreiras demais para uma única pessoa.
    Aos 30 tb ouvi de um médico que apesar de estar na flor da maturidade meus óvulos eram velhos, que desistisse de ser mãe. E, perceberam a larga maioria de mulheres que tem sido esterilizada,enquanto mulheres brancas são encorajadas a reprodução assistida?!Hoje contraindo mais ainda as estatísticas, dscobri um procedimento que não temos de nos mutilar por causa dos miomas, pdemos matá-lo e termos chances de engravidar e mais um a vez luto, mas uma vez viro estatística. Viva nós, guerreiras mesmo em tempos de paz. Até quando?!
    Parabéns, Thaís!

  21. Belíssimo texto! E você só tem 16 anos. Que bom que você se deu conta de tua beleza com tão pouca idade. Tenho pena daquelas que passam por esta vida e não se dão conta disso!!! Parabéns!!!

  22. Parabéns pelo belo texto e por ter conseguido recuperar sua alto estima a tempo,a maioria de nós não o consegue.Não deixe que o mundo e a mídia a tirem de você novamente.Boa sorte.

  23. Me encontrei em suas palavras, vivi tudo cm vc narrou mas hj sei o valor da minha cor, a beleza de meus cabelos crespos.

  24. Muito bom esse texto, e acredito que assim como eu, muitas mulheres e jovens negras devem ter se identificado pois essa realidade narrada por você faz parte da vida de muitas negras e até mesmo negros. Passei por esses mesmos problemas, racismo escancarado, velado, na época da escola, e até mesmo nos dias de hoje. Há pouco tempo me assumi e aprendi a me amar, aprendi, com outros exemplos de mulheres negras, lindas que se orgulhavam do que eram, a valorizar meus cachos, minha cor e minha história. Cheguei ao ponto de não sair de casa sozinha por colocar na minha cabeça que todos na rua riam de mim ou me achavam horrível por causa da minha cor, do meu cabelo…enfim. Hoje tirei um peso enorme das minhas costas, me sinto livre e vi que essa liberdade, eu só pude sentir porque entendi, realmente, que em uma sociedade patriarcal e racista o padrão imposto para nós, mulheres e negras, está longe de corresponder a nossa realidade e de muitas outras mulheres. Nossa cor é linda, minha mãe sempre me diz…eu tenho orgulho dos meus cabelos e da minha cor.

    “Eu não sou miss nem avião, a minha beleza não tem padrão!”

  25. Deslizando os meus dedos no teclado do meu notebook,na página do facebook,me deparo com este texto.Me chamou atenção de cara e cliquei para lê-lo.Foi como eu estivesse o escrito,me identifiquei em todas as linhas.

    Desde nova aprendemos qual é o padrão de beleza,branca,magra,cabelo liso,alta e etc…e quem não está nele sente-se deslocado.Alisa cabelo,faz regimes malucos…
    Há três anos decidir aceitar o meu cabelo ou melhor me aceitar,aceitar que sou uma mulher negra e meu cabelo não é liso é crespo.

    Aceitar a pele e ter orgulho disso!Parabéns,lindas palavras,lindo texto e sucesso!

  26. Belo texto! Me identifiquei totalmente , eu também cresci sem auto estima nenhuma, na escola sempre estava na lista das mais feias , mas como você também consegui superar esta situação e sempre tive muito orgulho da minha cor .

  27. Você é linda, querida. É muito bom ver que você se conscientizou disso e não deixou o racismo te dominar. O combate ao racismo começa com a elevação da nossa auto-estima, que é extremamente prejudicada por atos como este. Força garota e sucesso sempre!! (:

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