Frágil feminino
Que pari
Frágil maternidade
Que educa
Frágil pétala que cai e refloresta
Frágil lagarta
Que voa colorida depois do casulo rompido
Feminino que resistiu ao fogo
Na contramão das luas da Igreja vigente
Feminino que questiona,
Desveste e mede
O patriarcado pela régua da liberdade
Fragilidade que derruba muros
Toma campos masculinos e embrutecidos
Fragilidade armada de batom, salto e verbos
Que fragilidade é essa?
Que sai à rua sem enxergar, menos ouvir
O que o falo irá dizer?
Me chame puta, desavergonhada, impura, pecadora …
Diga que subverto a ordem, faço barulho, me junto emrodas,
Pregue nos muros que uso mini – saia, tomo cerveja, fumo maconha …
Desfaço o laço dos bons costumes, nas águas mornas de Oxum
Enlaço meu corpo, nos ventos dos gozos e nos raios de Yansã
Fale o que quiser
Só não me diga frágil
Porque queimei na inquisição
Fui torturada nas ditaduras da América Latina
Chorei e ainda choro a morte de meninos
Negros, quilombolas e indígenas,
Estes também meus, esquecidos pelo estado
Segue sem fragilidade alguma,
Viceja vida, organiza e luta.
Imagem destacada: nappy.