Acho justo intitular esse texto como uma forma de intimação a essa “homarada” militante.
Primeiro porque eles odeiam ser intimados, segundo porque sou mulher preta. E ser intimado por uma mulher que se intitula feminista, deve ser algo semelhante a morte para esses machos!
Primeiramente, deixe eu me apresentar, Cristiane, 27 anos, mãe solteira de um menino de 10 anos, empregada doméstica, dona de casa, aluna Educafro e futura aluna de Licenciatura em Letras.
Este é meu primeiro texto para o Blog e gostaria muito de agradecer as Blogueiras Negras, pelo espaço e a Djamila Ribeiro, por me encorajar a escrever. Vocês são inspiração!
Um dia desses, postei no meu perfil no Facebook a seguinte frase: “Homem preto, que se aproveita de lábia, inteligência e formação, acadêmica, pra se envolver com mulher preta e depois sair magoando, traindo e até falando mal, merece um chutão no meio das pernas!”
Entre uma treta e outra com um militante renomado da baixada santista, ele me disse que o Movimento Negro não respeita mulher preta que pratica “misandria” com homem preto na web, fazendo referência ao meu post.
Essa foi à milésima intervenção criticando meus posts no Facebook, comentários e até meu comportamento.
Além de tudo, inúmeras vezes fui chamada de “feminista do doce”, numa tentativa de deslegitimar e me enfraquecer enquanto feminista.
Quantas de nós já sofreu ou sofre esse tipo de ofensa e sofre ou sofreu calada algum tipo de agressão, muitas vezes vindo de homens de dentro do Movimento Negro, que dividem mesas de debate, ocupam cargos na política e viajam Brasil a fora muitas vezes roubando nosso discurso feminista e juram que são anti-machismo! Mas oras, algo esta errado nessa bagaça!!
No meu ponto de vista, um homem que defende o feminismo negro não necessariamente precisa estar casado com uma feminista negra, entretanto, é fundamental que além de reconhecer nossa luta, nos respeite! Não dá pra ter respeito por um homem preto que abusa de uma mulher preta de “N” formas, a engana, diz a moça que ela deve ter paciência com ele apenas na intenção de exterminá-la.
E é bom lembrar que não existe homem feminista!
Vocês homens negros, machistas e safados, que usam o Movimento Negro para se esconder, não nos representam em nada. Vocês não tem moral alguma para falar do feminismo e os senhores nos envergonham, segregam e cegam nossos olhos. Abusam do suposto “poder”, se aproveitam das nossas fraquezas e carências para mentir e semear a discordia entre nós.
É muita hipócrita palestrar ou militar contra o machismo, se você assume ser um machista, ou nem precisa se assumir, mas não faz nenhum esforço para desconstruir essa violência, e ai entramos na questão “de pai para filho”, quando vocês jogam a culpa na criação de vossos pais.
Sabemos que a criação que nos foi dada era machista, nossas mães viveram sob o julgo e as ordens de homens que as oprimiam. As meninas criadas para serem donas de casa e os meninos ensinados desde cedo que homem não chora, que a postura correta de um homem perante a sociedade é se impor. Quanto mais macho, melhor.
Entretanto, parece haver uma resistência por parte de vocês em não desconstruir esses costumes que na “escolinha do machismo do homem branco” nossos pais aprenderam e reproduziram. Machismo mata, irmãos, os senhores precisam pensar na dor que nós mulheres negras passamos, quantos abusos e o quanto sofremos caladas. Mas infelizmente, isso vai além da conciência do problema, tem todo um trabalho de aceitação que deve ser feito pelos senhores. Pois se quisermos entrar numa universidade, podemos, e se quisermos ganhar mais que os senhores, também podemos. Se a comida não estiver pronta as 18:00 hrs, os senhores podem aprender a cozinhar, ou simplesmente, pegar um bendito telefone e pedir uma pizza!
Nós podemos tudo, esta na hora (ou já passou) dos homens entenderem quem, “Who run the world? Girls!”
Tirem suas mascarás, pseudos militantes, o cerco vai se fechar, o Movimento Feminista Negro só cresce e nada tem passado batido.
Cuidem-se, senhores e por favor, saiam da frente com vosso machismo, que nós vamos passar com nosso empoderamento.
Imagem destacada: insight51.com