PRETA E FEMINISTA
Aos 13 anos, com apenas quatro reais
Adquiri o que na época era
O “livro das verdades” juvenil
O nome dele era Revista Capricho
Na capa uma jovem branca
Que não fazia parte do meu biológico nicho.
Fazia-se o uso descarado da palavra
Folheava cada página
E nenhuma delas me contemplava
“Como abaixar o volume do seu cabelo”
“5 passos para, no verão, ficar magra”.
Um belo dia cai em si
E percebi que ali eu jamais estaria
E que naquele livro
Representada nunca seria
A minha negra etnia.
Gritei: REVOLUÇÃO
Conheci um lado da vida
Que me dava energia para qualquer ação
Ao lado de outras negras mulheres
Luto hoje para que este livro
Seja extinto
Essa força que gira a engrenagem
Minha e dessas mulheres
se chama FEMINISMO.