Ouça o segundo episódio da segunda temporada do BNcast, uma conversa com Rosalia Lemos, Membra fundadora do Informativo Nzinga, Professora do IFRJ – Instituto Federal do Rio de Janeiro – Fundadora da É’LÉÉKÒ – do Disque Racismo/RJ – da CODIM/Nit – Feminista Negra.
Dá o play.! #BNcast
Realização – Blogueiras Negras e Rádio Aconchego e Coletivo Cabelaço.
Apoio – Fundação Heinrich Böll.
Querida Rosalia Lemos,
não poderíamos deixar de começar com um agradecimento.
Por nos contar por quais caminhos têm passado e os olhares que enfrentou para chegar até aqui. Desde aquele primeiro olhar através do olho mágico da casa fitando a criança que iria trabalhar em sua casa, até a primeira dissertação sobre feminismo negro. Trabalho escrito por você, uma de nós – “O Feminismo Negro em Construção: a Organização das Mulheres Negras no Rio de Janeiro.” Passando pelo S.O.S. Racismo.
Sua História é de enfrentamento, um importante legado vivo que segue olhando e sendo o futuro e que precisa ser ouvido por nós. Essa oportunidade de revisitar cada uma desses momentos, com todas as suas contradições, tensões e aprendizados nesse radinho de pilha que chega mais atual que nunca aos anos 20.
Ouvir de você sobre os processos, o panorama e as pessoas que construíram o Nzinga Informativo, por exemplo. Um trabalho que nós Blogueiras Negras viemos a conhecer e admirar com tempo, um movimento tardio de nossa parte que se explica também pelo apagamento da memória de mulheres negras na comunicação. Esse que nos fará retroceder no tempo, nos avanços que tanto precisamos e por quais lutamos.
Inclusive na academia, onde você e tantas outras que chegaram e estão chegando tem feito um esforço sem tamanho para que possamos estar. Muito além de sermos objetos de pesquisa, mas sim autoras. Que escolhem os caminhos pelos quais o carro de suas vidas vai passar.
Você escreveu uma carta para Lélia Gonzalez, onde dizia que aos 23 anos de idade não sabia o que seu nome representava. E o mesmo aconteceu com a gente muitas vezes. Somente com a ajuda de vocês poderíamos dar meia volta ou volta inteira para nos re-conhecermos. E esse é o sentimento que nos move agora, a emoção e a responsabilidade de ouvir.
Te ouvir contar sobre as Guerreiras brasileiras como um exercício para pensarmos nossa organização e atuação política, também em sua singela potência, é para nós um privilégio. Mais do que nunca que seus ensinamentos ecoem longe, para que possamos seguir na luta contra o racismo, para que haja democracia.
Nós te saudamos mulher, negra, feminista, professora, ativista, Rosalia Lemos, a você e todas as mulheres que estão inscritas nas suas ações e narrativas. Nossa reverência aos ventos que te trouxeram até aqui para desnudar o racismo, o machismo e o mal feito contra o nosso povo preto. Dentro e fora das universidades, nas ruas e na atuação política de mulheres negras brasileiras.
Mais uma vez, obrigada. De todas as pessoas que estiveram envolvidas na construção dessa temporada.