Por Fernanda Souza para as Blogueiras Negras
Para Mayara e Odara, as pretas da minha vida
“(…) a gente nasce preta, mulata, parda, marrom, roxinha dentre outras, mas tornar-se negra é uma conquista.” (Lélia Gonzalez)
“Como formar uma identidade em torno da cor e da negritude não assumidas pela maioria cujo futuro foi projetado no sonho do branqueamento?” (MUNANGA, p. 137, 2004)
A vida inteira me vi e me considerei uma mulher parda, morena, mulata, mestiça, mas jamais, em hipótese alguma, negra. Apesar de ter tios e primos negros, além da minha falecida avó ser negra, não me reconhecia como tal por não achar que meus pais fossem negros, pois acreditava na ideia de que negras eram somente aquelas pessoas que tinham a pele mais escura e o meu pai e a minha mãe poderiam ser vistos, inclusive por eles mesmos, como mestiços e não como negros. É aí que temos uma das grandes sutilezas e ao mesmo tempo um dos maiores problemas para a conscientização racial no país: o mestiço. O mestiço, como uma categoria intermediária entre o branco e o negro, é resultado do longo processo de mestiçagem que marca o Brasil. Mestiço aqui deve ser entendido principalmente como alguém filho de um casal inter-racial (no caso, me refiro à união entre um negro/a e um branco/a) e também pode, para facilitar a compreensão desse texto, ser entendido como alguém que, ainda que não seja filho/a de um casal inter-racial e sim de pais negros, tem a pele mais clara e teve/tem dificuldade de assumir-se como negro. Mais uma vez reitero: esse alargamento do conceito de “mestiço” é apenas para ajudar no entendimento do texto e não ter que utilizar a expressão “não-brancas” porque abarca outras etnias, como a indígena e nem “pardos”, pois acho politicamente inócuo para um texto que vai discutir, sobretudo, a mestiçagem e a dificuldade de se afirmar uma identidade étnico-racial.
A mestiçagem constitui o pilar do mito de democracia racial, cuja ideia central é de que somos mestiços, fruto da mestiçagem entre as três raças – branca, indígena e negra – que ocorreu através de um contato e de uma convivência harmoniosa entre as três – esquecendo-se que esse processo teve início a partir do estupro da mulher negra escravizada pelo senhor de engenho e não há nada de harmonioso nisso – e, nesse sentido, aqui não existe tanta discriminação e preconceito racial e as pessoas se reconhecem antes como brasileiras do que a partir de uma identidade étnico-racial de oprimido, pois o mito da democracia racial dissolve, atenua e encobre as tensões, conflitos e preconceitos raciais presentes no Brasil, como aponta Kabengele Munanga (2004).
Isso pode ser exemplificado pelos discursos daqueles que se opõem às cotas raciais porque “somos todos mestiços” ou porque no Brasil “é difícil saber quem é negro” (embora a polícia saiba muito bem quem é ou não, ainda mais nos últimos tempos, com tantos negros sendo assassinados nas periferias, né?), além do discurso, muito conveniente para quem está montado em cima de uma série de privilégios e que nunca foi oprimido, de que “o preconceito está na cabeça de quem vê”, chegando ao extremo de dizer, numa demonstração de completa má fé e ignorância, de que “o racismo foi inventado pelos próprios negros”. Afinal, somos vítimas de uma discriminação inventada e consolidada historicamente por nós mesmos e não tem nada a ver com o desenvolvimento do capitalismo comercial a partir da expansão europeia no século XV, que teve como resultado o contato dos europeus com populações não-brancas, como as africanas, em que o racismo foi construído ideológico e politicamente enquanto sistema de exploração e dominação a partir da negação da humanidade do negro, que assim, então, justificava a escravização de milhões de africanos.
O mito da democracia racial, aliado ao ideal de branqueamento, remodelado, sustentado e difundido por aparelhos ideológicos como escola, família e mídia, que veiculam valores que reforçam uma suposta superioridade racial e cultural branca, torna um desafio o processo de afirmação de uma identidade negra em uma sociedade racista como o Brasil. Desafio não só porque o negro é inferiorizado, discriminado e invisibilizado constantemente, mas também pela mestiçagem, que cria um contínuo de cor em que se expressam diferentes tons de pele, existindo então, como muitas pessoas dizem, os “negros mesmos”, os “negros de verdade” (pessoas de pele mais escura) e os “mestiços”,”café com leite”, “moreninhos” (pessoas de pele mais clara). Estes, por sua vez, em um país racista, onde o branqueamento é um valor e um modelo hegemonicamente estabelecido ao qual se deve buscar atingir, tendem a negar e não afirmar qualquer identidade ligada à negritude, buscando, a todo custo, se embranquecer, uma vez que internalizam uma autoimagem negativa de si, reforçada, por exemplo, por uma mídia que exalta e propagandeia apenas a beleza de mulheres brancas.
Nesse sentido, busca-se apagar, inutilmente, qualquer traço que remeta a uma afrodescendência a começar pelo alisamento do cabelo, estimulado, muitas vezes, desde a infância, o que atinge centralmente as mulheres. Aí temos um impasse, na medida em que a brancura se configura principalmente como um conjunto de características que inevitavelmente estão ligadas a fatores biológicos (cor da pele, cabelo liso, etc.) que uma mulher mestiça nunca vai atingir de uma maneira que não fique “artificial”, além de nunca ser considerada como branca, afinal, mesmo alisando o cabelo, a cor da pele e traços como boca e nariz ainda vão remeter a uma negritude que se tenta tanto negar. O ideal tão divulgado e inculcado é, então, impossível de ser atingido e constitui uma das maiores angústias e também uma forma de violência que destrói a autoestima de muitas mulheres. Não sendo branca e não se considerando negra, como fica o processo de afirmação de uma identidade étnico-racial de uma mulher mestiça ou o que podemos chamar posteriormente de mulheres negras de pele mais clara? Aí que eu entro novamente na história.
Desde os oito anos de idade o meu cabelo começou a ganhar muito volume, mostrando-se crespo e o mantive assim desde então, até que, após várias pessoas, inclusive minha mãe, me incentivarem a “domar” o cabelo e “abaixar o volume”, fiz relaxamento por duas vezes, quando tinha uns 12 anos ou 13 anos. Além dos produtos federem, sentia que antes estava agredindo o meu cabelo do que cuidando dele, mas como era preciso abaixar o volume, afinal, “cabelo crespo dá muito trabalho”, acabei me conformando com a situação. Para radicalizar então, uma vez fiz chapinha e ao me olhar no espelho achei que havia ficado horrível, porque eu achava que um cabelo liso não combinava com alguém com lábios tão grossos e com um nariz como o meu. Tudo me soava desproporcional e me sentia feia. Até hoje olho com certo desgosto minha foto da formatura do ensino fundamental, onde estou de cabelo liso. Daí pensei: “bom, se cabelo liso em mim fica feio e eu não gosto do meu cabelo relaxado, vou assumi-lo tal como ele é e assim serei bonita”. Comuniquei a minha mãe sobre essa decisão e ela disse que não tinha problema, embora vez ou outra me dissesse que eu deveria fazer relaxamento de novo.
Ao chegar ao ensino médio, com o meu cabelo, aos poucos, perdendo a química do relaxamento, ainda não me sentia bem comigo mesma e, pra piorar, fui chamada de “Maria Bethânia” algumas vezes na rua e uma vez me perguntaram se eu não sabia o que era um pente. Por não me ver como negra, não me sentia alvo de discriminação racial, mesmo que falassem que eu tinha “bocão” ou de alguma maneira falassem mal do meu cabelo ou até mesmo “brincassem” com ele de um jeito que me incomodava profundamente, como tentar “esconder”, sem eu perceber, lápis e canetas nele. Ainda que pudesse ser duramente criticada, eu não sentia vergonha do meu cabelo, até porque uma das minhas primas, cabeleireira de salão voltado para o cabelo afro e crespo, me incentivava a procurar deixá-lo natural e eu então considerava que cuidar do meu cabelo era algo crucial para a minha autoestima. Ao longo do ensino médio, permitia que as pessoas me chamassem de morena ou mulata e achava que isso era até mesmo um elogio, pois ainda não percebia a carga de hiperssexualização e objetificação que essas palavras traziam. Enfim, nesse período eu tinha não qualquer possibilidade de me assumir como negra, ainda que fosse minimamente consciente a respeito do racismo. Havia os negros e negras e havia eu, no limbo entre não ser branca, mas também não me considerar negra.
Ao entrar na Universidade de São Paulo, no curso de Letras, um mundo novo se descortinou pra mim, onde tive meu primeiro contato não só com os veteranos, professores e calouros assim como eu, mas também com o movimento estudantil, com o feminismo e com inúmeras outras discussões e movimentos que eu desconhecia. Processo de descobertas, sustos, surpresas, em que comecei a me entender não apenas como uma simples estudante, mas também como um sujeito político e, depois de me envolver com o coletivo feminista do curso, me entendia também como uma mulher consciente sobre machismo, oprimida por ele e que também deveria lutar contra isso. Foi então a partir da amizade desenvolvida com uma mulher negra, também estudante de Letras, a Mayara, a quem dedico esse texto, foi que comecei o meu processo de “tornar-se negra” (SOUZA, 1990), isto é, ter consciência da minha negritude, na medida em que ela me via como uma mulher negra, me considerava sempre dessa maneira e conversava muito sobre racismo comigo. Ser percebida pelo outro como negra e ao mesmo tempo ainda não me perceber dessa maneira me fez refletir muito.
No próprio coletivo feminista, majoritariamente composto por mulheres brancas, percebia que a maioria das meninas me considerava uma mulher negra e uma delas, inclusive, me disse que eu deveria ajudar a construir e a liderar a atividade da calourada sobre a representação da mulher negra na literatura brasileira, pois havia poucas mulheres negras ativas no coletivo e eu era uma delas. Eu fiquei surpresa quando ouvi isso, pois ainda não me considerava negra. (Essa pessoa que me disse isso talvez até hoje não saiba a importância que teve nesse processo pra mim, mas ao ler esse texto, espero que se reconheça aqui e saiba da minha gratidão). Depois de muito refletir, concluí o que era evidente pra todos, menos pra mim: “Eu sou uma mulher negra! Preciso me assumir!” Construindo a atividade sobre a mulher negra e podendo contar com a ajuda das demais meninas, que sempre foram legais comigo e muito contribuíram para o que eu sou hoje com as inúmeras reuniões auto-organizadas, pude, então, de fato, me sentir uma mulher negra, me assumir dessa maneira e falar a partir desse lugar. Se me chamam ou me falam que sou morena, hoje corrijo sem o menor problema: “Não, não sou morena, sou negra.”

Eu entendo que o processo de “tornar-se” negra é, primeiramente, pessoal, mas assume também uma dimensão política-ideológica em uma sociedade eminentemente racista como a nossa, em que o branqueamento ainda se coloca como um ideal, em que ser branco constitui um privilégio, em que a mestiçagem fragmenta a identidade étnico-racial na medida em que os mestiços tentam se aproximar mais de uma brancura inatingível do que de uma negritude que seja explicitamente assumida no seio das relações raciais do Brasil, se firmando tanto como resistência como uma maneira de lutar contra o racismo — antes que me entendam mal, é óbvio não me oponho à mestiçagem, até porque é um processo natural, mas é preciso pensar nas implicações que dela decorrem, muito mais políticas do que meramente biológicas, como o desejo de “clarear” a família e de diminuir o segmento propriamente negro da população (MUNANGA, 2004). É preciso ter consciência de que, independente de a sua pele ser mais escura ou mais clara, você ter traços que remetem a uma afrodescendência, a uma negritude, faz você ser parte da grande parcela da população brasileira que é oprimida pelo racismo. Assumir-se como uma mulher negra é uma atitude, sobretudo, política. Mulheres negras de pele mais escura ou mulheres negras de pele mais clara, nós não estamos nos espaços de poder, não estamos nas universidades dando aulas, não estamos na mídia como jornalistas, ou apresentadoras, não estamos nos cursos mais prestigiados, mas estamos limpando o chão desses espaços, estamos trabalhando como empregadas domésticas, estamos morando nas periferias, sendo desrespeitadas e invisibilizadas todos os dias.
Do alisamento ao black power, há em todas nós uma trajetória de superação e de resistência. E superar não significa esquecer, mas saber fazer da experiência ruim um aprendizado e um modo de transformar a si mesma. A nossa transformação é a afirmação de uma identidade negra, em permanente construção e constantemente desafiada a partir do momento em que precisamos nos impor em todos os espaços com nossos cabelos, nossa cor e nossas maneiras de ser, criando e construindo formas de resistir e de responder a olhares e discursos racistas e machistas, que tentam nos diminuir e nos objetificar simplesmente por sermos mulheres negras, pois nos atrevemos a sair da cozinha e da senzala para ocupar, ainda que não seja de uma maneira expressiva como desejamos, os espaços das universidades, das empresas e todos os demais espaços majoritariamente ocupados por brancos. Entretanto, sabemos que a nossa luta é grande, diária e para a vida inteira. Às mulheres negras que ainda estão na cozinha e nos demais trabalhos precarizados, cabe a nós também ajudar a libertá-las e se orgulharem de quem são, assim como cabe a nós incentivar as pessoas que, atraídas pela armadilha do branqueamento, ainda não se assumiram como negras e sofrem tentando atingir o inatingível: se branquear. Isso tudo porque nossa identidade negra é, antes de tudo, uma identidade coletiva. Se a união faz a força, a união de nós, mulheres negras, nos faz, citando Elza Soares, “brigar sutilmente por respeito, briga bravamente por respeito, briga por justiça e por respeito, de algum antepassado da cor.”
REFERÊNCIAS
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade nacional versus Identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Graal, 1990.
37 comments
Obrigada Fernanda Souza por me apresentar esse texto e esclarecer tantas coisas que eu fingia em não ver.
Esse texto fechou meu 2013 com todas as chaves importantes possíveis. É uma das coisas mais bonitas que eu li este ano. Muito obrigada, Fernanda.
Oi, Fernanda, muito bom seu depoimento.
Desviando um pouco do foco principal da discussao, mas sei que cabelo eh uma questao importante na vida de nos mulheres, devido justamente `a colonizacao estetica imposta pela classe dominante branca. Sobre isso, tem um documentario feito pelo ator negro americano Chris Rock chamado Good Hair. J’a ouviu falar? Ele ficou incomodado quando estava levando as duas filhas pequenas, que foram criadas, segundo ele, para se sentirem umas princezinhas, e uma amiguinha delas (branca de cabelos lisos) para passear. As filhas dele nao paravam de elogiar o cabelo da amiguinha, a ponto de ele ficar super incomodado com aqueles elogios. Daih ele foi pesquisar a industria por tras das loucuras que a mulherada faz nos cabeleleiros, inclusive as brancas que querem ficar cada vez mais lisas e loiras. Fica a dica.
Dione.
PS: Desculpem a falta de acentuacao.
Qual foi a ofensa? Mesmo que rara, há a possibilidade. Levantemos a seguinte questão: “As filhas dele não paravam de elogiar o cabelo da amiguinha, a ponto de ele ficar super incomodado com aqueles elogios.” Ah, e se, ao invés disso, a outra menina elogiasse muitas vezes as meninas e o elogio fosse também sincero de coração (como o das filhas foi), ele também ficaria incomodado?
Esse texto abriu meus olhos para muitas coisas, e para refletir sobre mim mesma e minha negritude. Essa frase resume tudo “Ser percebida pelo outro como negra e ao mesmo tempo ainda não me perceber dessa maneira me fez refletir muito.” Foi exatamente o que aconteceu comigo recentemente, e então tenho refletido sobre muitas questões.
Obrigada!
Sabe… Essa questão é bem complicada pra mim…
Tenho uma única prima que é negra, pq meu avô era negro. Mas meu pai puxou o lado da vó (italiana), e “clareou”. Aí, minha avó materna era bugra (daquelas que davam de mamar pros macaquinhos), e meu avô era alemão.
Definitivamente não sou branca. Mas também não me caracterizo como negra. Meu nariz é fino, meu cabelo é liso escorrido, como o de índio. Sempre quis ser negra, pq acho a cor da minha prima perfeita. Mas desboto tanto no inverno que quase fico branca (minha mãe brinca que tenho cor de leite de texugo).
Dizer que sou “parda” me ofende muito, porque pardo pra mim é cor de papelão, não de pessoa. E já preencheram fichas cadastrais minhas escrevendo que eu sou caucasiana (!!!!!), o que também me ofendeu. Nesta tão merecida revolução, onde as pessoas estão se assumindo negras, saindo dos rótulos “menos ofensivos”, de mulatx, moreninhx e afins, me sinto perdida. Gostava de me classificar como morena, mas quando falo isso, ouço de negros que estou tentando me clarear, e de brancos que “moreno não é cor”. E afinal, pardos não são aqueles que têm a pele mais avermelhada?
Difícil.
Lindo texto, é muito bom ver uma pessoa se tornar um ser humano, acredite, muitas mulheres brancas de olho claro e cabelo liso, ainda não se tornaram mulheres, nem mesmo seres, o preconceito existe em outras raças e os estereótipos estão aí, e o machismo está sempre empurrando as mulheres para a submissão. Nós, mulheres e negras, temos que vencer essas duas barreiras: o racismo e o machismo. Aí então, podemos construir uma identidade. Descobri esse blog essa semana e juntando como o texto sobre as chefs negras e moda para negras, percebo que aos poucos está acontecendo uma revolução de costumes, com pessoas dizendo o que pensam dessa opressão secular no Brasil e no mundo. Quando alguém fala, escreve, denuncia , se posiciona está revolucionando e encorajando outros a fazer o mesmo: sair do seu casulo e como borboletas de todas as cores, mestiçar no melhor sentido a raça humana! Parabéns!
Inspirada pelo seu texto escrevi um de análise histórica, não sei se fiz justiça à grandiosidade dos fatos, espero que sim, gostaria que você lesse: http://www.histeria.blog.br/o-vies-do-vocabulario/
Muito bom o texto. Sou negra, mas como minha mãe é branca, tenho a pele um pouco mais clara, e me sinto muito incomodada em ouvir “ah, você não é negra, é moreninha”, como se isso fosse melhor, gente ignorante me irrita profundamente. Sou negra com muito orgulho e me sinto linda sim, mesmo sem cabelo liso e nariz fino.
texto simplesmente maravilhoso, bem escrito e bem esclarecido. Parabéns
Olá, Luka
Você tem razão: as mulheres de negras de pele mais clara tem vantagens em relação às mulheres negras de pele mais escura. Acabei não abordando isso no texto, mas deveria. Falha minha. De todo modo, concordo com você. Por mais que eu também seja e me considere uma mulher negra, acredito que a discriminação que recai sobre mim é menor que a discriminação sofrida por mulheres negras de pele escura. Não sei se a palavra certa seria “privilégio”, mas sim perceber que existe uma diferença no grau de discriminação e exclusão, pois como eu disse no texto, tanto as mulheres de pele clara como as mulheres negras de pele escura, nós estamos em diversos espaços. Enfim, agradeço a crítica e o comentário! Um beijo!
Olá gostei muito da reflexão … Porém, uma única coisa que eu levanto é sobre a mulher negra com a tez mas clara. Você não problematizou muito, o privilégio que está tem diante das negras de tez escuras. Numa sociedade onde se valoriza o embranquecimento, por mais que politicamente, as negras “mestiças”, se assumam, ainda o grau de exclusão e preterimento, se dá com maior crueldade, naquelas que se aproximam dos traços físicos socialmente “feios”. Como um antigo escritos do Gregório de Mattos: “brancas pra casar, mulatas pra fuder, e negras pra trabalhar”
É muito importante podermos ter uma identidade por inteiro, sem meias palavras e sem rodeios. E é isto que o texto tenta nos fazer entender.
Nossa, sinceramente, fiquei muito tocada pela forma como o texto foi escrito, isso é um achado, isso… reflete o pensamanto de muitas pessoas que não conseguem se expressar, mas é que justamento esse o ponto de vista, parabéns pela iniciativa.
Adorei o texto! Temos uma história de vida parecida, sempre sofri com o estigma racial por ter estudado em um colégio de maioria branca, meus cabelos não são crespos, mas cacheados. Contudo aos 15 anos quiseram me dar de presente [de grego rs] um alisamento. Não aceitei. Sempre senti que a marca da minha força, da minha personalidade, estava concentrada no cabelo. Nunca usei química. Hoje vejo a grande maioria das mulheres e meninas que alisaram o cabelo naquele período gastar rios de dinheiro para desfazer o liso e retornar ao crespo. Também sou formada em Letras, mas pela Universidade Estadual do Pará, e foi nas aulas daquela que seria minha orientadora de TCC e especialização o constante comentário: “Cadê a negra bonita, que senta no fundo da sala?” Graças às aulas dela e do meu envolvimento com amigos do movimento estudantil que fui percebendo que o meu desagrado em ouvir os mesmos “elogios” que tu ouvias não era por “frescura” minha, ou porque eu “me faço de difícil”, é porque eu não suportava (e ainda não suporto) o olhar de lascívia a mim dirigido, principalmente por homens, nessas situações.
Hoje me reconheço sim como negra. E tenho orgulho disso. Ainda que outras pessoas que também se dizem negras tentem me reduzir porque o meu nariz não é grosso, ou meu cabelo não seja crespo. Não bato de frente, mas sinceramente penso que quem se diminui são essas pessoas que pra se afirmar, minorizam o outro. Eles/Elas não percebem sua pequenez. A essas pessoas apenas espero que sua busca pela própria identidade seja mais madura.
Olá, Lilian
Que bom que gostou do texto! Gostei de ler seu depoimento, realmente parecido com o meu. É difícil assumir uma identidade, mas mais difícil ainda é mantê-la devido a pressão que sofremos para não assumirmos ou os ataques que recebemos justamente por assumirmos. De todo modo, tornar-se negra, como diz a Lélia, é uma conquista e ninguém pode tirar isso da gente!
Beijos
Olá, eu sou uma mulher branca vindo e lendo um texto maravilhoso de uma mulher negra e na minha concepção um mundo melhor seria aquele em que nenhuma de nós tivesse que se identificar sendo o que fosse, pois isso seria tão natural que não haveria o porquê de falar. Eu sei que os negros por culpa de um preconceito histórico enterrado nas raízes deste país enfrentam muitas dificuldades, mas a coisa que mais gostei em seu texto foi um aspecto universal entre as raças: a aceitação. Eu enfrentei muitos problemas de auto-estima quando era mais nova, claro que não posso saber pelo que você passou e nem quero que esta comparação seja uma que tenta desmerecer dizendo que todos passam por isso, ao contrário, desde que superei meus problemas eu percebi que é tabu falarmos daquilo que a sociedade nos empurra e daquilo que nos incomoda e sufoca. É como se cada vez que falássemos alguém nos olhasse com cara feia, como quem diz: fale mais baixo, eles podem te ouvir. Eu acredito que todos nós temos de nos aceitar… Brancos, Negros, Índios, Orientais, enfim, todos nós deveríamos ser capazes de simplesmente se olhar no espelho, gritarmos nossas características e simplesmente ficarmos felizes por elas. Eu alisei meu cabelo que era bem cacheado e sou feliz com ele liso, mas sei que a iniciativa de tê-lo feito foi uma sociedade que criou um padrão de: mulher bonita é assim, assim e assim. Admiro sua coragem e sua aceitação, meu desejo é que todas nós nos unamos e sejamos fortes por nós mesmas, sem precisar olhar para o que a sociedade nos impõe. Parabéns pelo seu maravilhoso texto.
Olá, Marcela
Agradeço seu comentário e gostei muito do seu depoimento. Em uma sociedade sem preconceitos, opressões discriminações, nós não precisaríamos nos definir e assumir alguma identidade porque isso não seria necessário, mas como estamos longe disso, é super importante que isso seja feito. Nós até podemos não olhar as pessoas de maneira discriminatória e preconceituosa, mas a maior parte da sociedade ainda age desse modo e a gente precisa lutar contra isso. Um beijo!
Bom Dia Fernanda.
Excelente texto. Me identifiquei com suas palavras em todos sentidos, luto diariamente para me afirmar como negra, na família, na faculdade, no trabalho, parece que tenho que sempre estar provando o porque me acho, sinto e sou negra.
Gostei das referências bibliográficas utilizadas e as lerei. Nessa questão gostaria de uma ajuda (se você tiver disponibilidade, claro). Faço Psicologia e estou iniciando um projeto de iniciação científica, e o tema é exatamente a formação da identidade da mulher negra no Brasil, e como a Psicologia pode contribuir, qual as especificidades da nossa raça junto ao atendimento psicoterapêutico. Enfim, estou lendo muita coisa, mas não consegui começar. Se você puder me auxiliar de alguma forma agradeço.
Obrigada pela atenção e pela possibilidade desta reflexão
Olá, Samira
Fico feliz por você ter gostado do texto e você ter se identificado com ele. É um processo pelo qual muitas de nós passamos e que jamais se encerra.
Adoraria te ajudar com a sua IC. Não sei se você já visitou, mas eu tenho um blog chamado http://afroteca.blogspot.com, onde compartilho arquivos sobre a questão racial. Tem bastante coisa sobre mulher negra e identidade. Recomendo fortemente o “Tornar-se negro”, da Neusa, porque ele tem uma abordagem psicológica e psicanalítica do racismo que é bastante interessante. Acredito que vai te ajudar muito! Qualquer coisa, pode me mandar um e-mail: [email protected]
Beijos
Olá, Yasmin
No meu texto, quando falo que alisar o cabelo é uma tentativa de negar a raça, a negritude, em nenhum momento eu culpo a pessoa que faz isso, mas o sistema racista que propaga um ideal de branqueamento, em que ter o cabelo liso faz parte do pacote. Uma mulher negra que alisa o cabelo não deve ser julgada por isso na medida em que o alisamento é, na maior parte das vezes, condicionada pelo racismo. Se a mulher negra, mesmo sabendo disso, quiser alisar o cabelo dela e achar que é melhor, é um direito dela, assim como pintar o cabelo de louro. Veja, eu não estou criticando a mulher negra que alisa o cabelo, mas o racismo presente na nossa sociedade que, de mãos dadas com o ideal de branqueamento, condicionam muitas mulheres negras a mudar sua aparência. Nossas escolhas em uma sociedade marcada por uma série de preconceitos não são totalmente livres; elas estão sujeitas a serem reflexos da ideologia e do discurso dominante e a gente pode não perceber.
Gostei do texto e concordo com algumas posições. Mas eu SEMPRE fico encucada com essa associação imediata da ação de alisar cabelo com a negação da negritude. Compreendo que pode não ser regra, mas eu nunca sequer me vi como branca, desde sempre soube que sou negra, me assumo assim e sei que é assim que as pessoas me veem: como negra. Namorados, garçons de bar, professores da pós, meus parentes, vizinhos, todos sabem e me reconhecem como negra, até porque rejeito esse bandeirismo exacerbado. Entendo que ser negro é igual a ser branco (só que com mais melanina, claro! rsrs).
Posso estar fazendo uma comparação inapropriada, mas, nesse caso (eu juro, gente, só nesse caso! rs), me baseio na lógica dos Estados Unidos. Lá, o racismo existe sim. Ninguém pode negar. Mas não tem esse papo de “querer ser branco” por causa de cabelo, de roupa, do que for. Negro é negro. Se for “clarinho”, de cabelo crespo ou alisado, mesmo sem usar roupas étnicas (que são a “última moda” aqui no Brasil, como se, assim obrigatoriamente estivessem exercendo sua “função”). O negro é negro. Por sua cor, descendência, cor de pele, traços mestiços. Não importa. Assim ele é, assim será visto: como é. Um exemplo disso são os vários cantores/artistas/profissionais que, aqui no Brasil, seriam chamados de “morenos”, “marrom bombom” e todas essas outras denominações racistas e que, lá, são chamados, simplesmente, de negros. (vide Alicia Keys)
Olá, Adriana
Alisar o cabelo pode ser entendida como uma “negação da negritude” a partir do momento em que uma mulher negra faz devido ao condicionamento e à influência do ideal de branqueamento, muito presente em uma sociedade racista como a nossa. É uma influência tão sutil que é internalizada e muitas mulheres acham que estão alisando o cabelo porque essa é simplesmente a vontade delas e não também um reflexo do discurso e da ideologia dominante. Se mesmo sabendo disso a mulher negra deseja alisar o cabelo porque prefere assim, é um direito dela. Não deixará de ser negra por causa disso. E ela não deve ser julgada por isso, tanto é que no texto eu não critico a mulher que alisa, mas a ideologia racista que condiciona isso.
Não acredito que seja um “bandeirismo exacerbado”, ainda mais no caso de mulheres negras de pele mais clara, Adriana, porque como eu disse no texto, a gente pode se passar por mestiça e não ser considerada negra, daí a importância de assumir uma identidade explicitamente. Diferente de você, eu não acredito que eu seja vista como uma mulher negra em todos os lugares que eu vou, mas sei que sou vista como não branca. Além do mais, é necessário, acredito, assumir uma identidade também discursivamente se você é oprimida por causa dela, sabe? Não é exagero se assumir como negra no plano do discurso em uma sociedade racista como a nossa…
O que você falou dos EUA é verdade e é o que diferencia o racismo de lá do racismo daqui. Como eu mostro no texto, aqui houve um longo processo de mestiçagem, aliado ao mito da democracia racial, o que dificulta a afirmação de uma identidade étnico-racial porque cria esse contínuo de tons de pele. Devido a própria formação histórica dos EUA e o modo como o racismo operou lá, inclusive a partir de leis segregacionistas, a questão de vc ser negro ou branco é muito bem marcada. Lá não existe o moreno, o pardo: essas pessoas são negras. No Brasil não é assim e foi isso que eu tentei mostrar no texto.
Beijos
não acho que alisamento do cabelo seja necessariamente negação da raça, pois aliso meus cabelos, sou mestiça, mas não tenho traços de negros propriamente ditos, meu labios são super finos,… queria até ter a boca mais grossa, meu nariz pequeno e lhos puxados .,me chamam de india, de morena até de japa…mas tem receio de chamar de negra;;; até memso porque minhas caracteristicas fisicas não condiz… mas tenho consciencia da minha etinia , sou negra…, outro fato tambem é que muitas mulherespele branca, ou até mesmo as chamadas sararás,” brancas do cabelo crespo” alisam os cabelos, por não gostarem dos cachos, ou por se sentir melhor assim…uso meu cabelo liso, porque é mais facil sim de cuidar,e não nego minha raça…um black power não combinaria comigo, mas acho lindo que usa., mas não é em todo mundo mundo que fica bem… assim como um loiro não fica bem em todo mundo, ou dreads looks, acho q devemos usar o que sentimos bem…otimo texpto, mas smepre que veho falarem que alisar o cabelo é negação da raça discordo… porque uma mulher branca loira, pode pintar o cabelo de preto, porque enjoou da cor, e uma negra não pode pinatr de loiro porque enjoou da cor tambem…? tudo é negação da raça…quando se trata da mulher negra mudar o visual…afs,e nem sempre é…apenas mudar,,,temos o direito.
Olá, Yasmin
No meu texto, quando falo que alisar o cabelo é uma tentativa de negar a raça, a negritude, em nenhum momento eu culpo a pessoa que faz isso, mas o sistema racista que propaga um ideal de branqueamento, em que ter o cabelo liso faz parte do pacote. Uma mulher negra que alisa o cabelo não deve ser julgada por isso na medida em que o alisamento é, na maior parte das vezes, condicionada pelo racismo. Se a mulher negra, mesmo sabendo disso, quiser alisar o cabelo dela e achar que é melhor, é um direito dela, assim como pintar o cabelo de loiro. Veja, eu não estou criticando a mulher negra que alisa o cabelo, mas o racismo presente na nossa sociedade que, de mãos dadas com o ideal de branqueamento, condicionam muitas mulheres negras a mudar sua aparência. Nossas escolhas em uma sociedade marcada por uma série de preconceitos não são totalmente livres; elas estão sujeitas a serem reflexos da ideologia e do discurso dominante e a gente pode não perceber.
(ps: não sabia que dava pra responder diretamente um comentário, por isso to postando de novo minha resposta. adms, podem apagar a outra!)
Fernanda, também preciso de agradecer por colocar em palavras tudo aquilo que muitas de nós vivemos e tentamos naturalizar a fim de pretensamente nos poupar de assumir a opressão cotidiana de “não sermos nem uma coisa nem outra”. Me vi em cada fala da sua experiência pessoal porque vivi esse “destino” cruel de mirar numa imagem que não era a minha. Tu nos libertastes hoje mais uma vez. Muito obrigada
Olá, Chris
Eu que agradeço a sua leitura e as suas palavras! Fico muito feliz em ter ajudado. Que a gente possa se libertar mais a cada dia!
Beijos
Adorei o texto! Realmente este “branqueamento” imposto pela sociedade nos afeta e nos deixa confusa. O feminismo foi crucial pra mim. Mas por ter a pele mais clara, quando digo que sou negra, sempre ouço “ah mas vc não é negra, vc é clarinha” e falam isto como se fosse algo que eu ficaria alegre de ouvir :/
Olá, Teicianne
Que bom que você gostou do texto! Infelizmente muitas pessoas acham que chamar alguém de negro/a ou considerar dessa maneira é uma “ofensa”. Mas não podemos abdicar dessa identidade e sempre que possível devemos conversar e explicar pras pessoas porque não queremos ser consideradas morenas, mas sim negras.
Beijo!
Que texto maravilhoso, e informativo. Muita gente realmente acredita que a escravização do negro deu-se tão somente por causa da cor. Em muitas passagens do seu texto eu reconheci a minha própria história. Sou mestiça, meu pai é branco e minha mãe é negra. Sou uma negra clara, e que fica muito clara durante o inverno alemão, onde moro. Qdo os meus familiares veem as fotos feitas no inverno, fazem questão de dizer:”Nossa a Aline é branca!” Eu passei a vida toda ouvindo essa frase. Ora da boca de brancos, ora da boca de pretos. Nenhum deles aceitando o que eu sou: Negra! Eu acho essa tentativa de branqueamento ridícula, pois tenho o nariz de “bolinha”(como eu carinhosamente o chamo), e aliás sempre o achei bonito; mas tive que sempre ouvir para assoá-lo com cuidado para ele não achatar mais. Meu cabelo é crespo, e eu assim como vc me lembro das escovinhas feitas, e de como eu me envergonhava daquele cabelo esticado. Conheci o relaxamento e me senti mais feliz com a volta dos cachos. Com uns quinze anos conheci uma prima distante que não alisava os cabelos. Eu olhava com inveja para aqueles cachos e pensava:”se os meus fossem iguais ao dela, eu não precisaria alisar. Dez anos depois ao abandonar as químicas, eu via crescer o cabelo com que eu sempre havia sonhado. Hoje rio lembrando de como invejava o meu próprio cabelo na cabeça da minha prima!
Às vezes qdo me olho vejo mais a parte branca, em outras mais a negra. Fico feliz em saber que qdo vejo a parte branca não nego a parte negra; isso é tão somente o reconhecer dos traços de meu pai. Mas tenho uma vantagem, a de ter crescido na família de minha mãe, que de branca só tem os agregados e parte das crianças. As pessoas com quem mais me identifico são negras. Apesar disso, eu posso infelizmente afirmar, com quase absoluta certeza, que na minha família, sou a única pessoa que gosta e sempre gostou de ser negra. Quase todos os negros da minha família se casaram com brancos e os que não o fizeram são vistos com pena, por isso.
Assim quando me casei com um alemão(eu, que nunca quis embranquecer) para a minha família eu tinha cumprido o meu dever e “cum laude”. As coisas pioraram ainda mais com a chegada do nosso filho, as perguntas durante a gravidez, e até hoje a cada vez em que o reveem:”Como será que ele vai ser, será que vai puxar o pai? Da última vez afirmaram até que ele era loiro! Um absurdo… Afirmar que o embranquecimento não me interessa, não lhes interessa! Isso tudo me dói…
O nariz de bolinha dele, igual ao meu, me consola. Mas e se ele não tivesse? E se o próximo não tiver? Para mim, uma coisa é certa: o meu filho é negro, porque eu o sou, porque eu lutei para que ele pudesse ser. E ninguém vai tirar esse direito dele, se depender de mim.
Que lindo o seu depoimento, Aline! Escrevi sabendo que muitas pessoas passaram e ainda passam pela mesma situação que eu, então tentei ajudar nesse sentido. É um processo constante e difícil de afirmação de uma identidade étnico-racial que muitos desejam que não seja assumida. A negritude é nossa e ninguém nos tira!
Beijo!
vou usar o texto em uma de minhas aulas de sociologia.
Use e abuse!
Beijos
Fernanda, muito obrigada por esse texto. Na semana da mulher afro fiz uma reflexão sobre a descoberta de minha negritude e seu texto trouxe inúmeras contribuições para o que eu vinha pensando, discutindo e pesquisando.
Fico feliz por ter contribuído, Bianca! Cheguei a ler o seu texto e me identifiquei em muitas partes ali também. Beijo!
Adorável texto.somos uma mistura de muitos povos e cultura , portanto , temos muitas coisas a que se debater mediante , questões dobre as discriminações.
Identidade <3 <3