Aqui no Brasil também há muitas dessas vozes, e precisamos fazer com que elas ecoem ainda mais, que se espalhem, que cheguem a todas, que abracem aquelas que também fazem parte dessas vozes, aquelas que tem suas histórias contada por essas vozes, aquelas que irão se sentir contempladas por essas vozes.
Em comum tem o humor, a acidez, a diversidade de temas, a luta eterna entre o que quero escrever (os textos mais fluidos e divertidos) e o que precisa ser escrito, as urgências desse tempo reacionário, autoritário em que vivemos, no qual a violência aos direitos humanos recrudesce a cada dia.
Por tantas histórias, por uma carreira inigualável e por Jovelina, a voz do repente, do samba, por ser a mulher que foi e revive dentro de nós a cada música que ouvimos ainda hoje, celebramos esse dia e agradecemos imensamente sua passagem nesse lugar chamado Brasil. Que seja feita festa e aquele samba onde quer que estejas, nossa queria Perola Negra.
Escrever sobre Antonieta de Barros vai além da admiração. Trata-se de reverenciar a capacidade de uma mulher negra que ultrapassou as barreiras do racismo, sexismo e do preconceito social e cultural da classe dominante, em plenos anos 30.
A menina preta da cor do azeviche jamais esquecerá o que a avó representou na sua formação de mulher. Quando ela aprendeu a gostar de seu cabelo pixaim descobriu que barreiras podem ser quebradas. A morte da avó é apenas uma distância temporária na vida eternizada das duas mulheres de pele preta.
Ser uma mulher negra escritora em um contexto de opressão como o nosso é uma forma de resistência e de empoderamento não só de nós mesmas, mas de todas as mulheres negras que nos cercam direta ou indiretamente.
Tanto dona Daíndia quanto Rayssa são mulheres, negras e quilombolas. Precisam de forma rápida de assistência, as duas para realizar sonhos. Uma para ter a garantia de ter seus filhos em casa sem privações e a outra para garantir a vida repleta de maravilhas naturais, mas sem o impedimento de não poder ter uma educação de qualidade e uma vida digna de direitos.
Vamos chorar no Hino enquanto derramam lágrimas mais verdadeiras, muito mais doloridas. Espero que eles tenham algum conforto, algum dia. Que consigam reestruturar suas famílias, lidar com a dor da perda e a revolta com a irresponsabilidade. Que os gritos de gol não incomodem seu silêncio de luto. E que o cruel e absurdo vídeo que está circulando não chegue até eles… Respeito.
Segundo as autoras de Muito bem, Carolina!, a escritora é descrita por seus contemporâneos como uma mulher geniosa, inquieta, explosiva, atrevida, petulante, ousada, corajosa, arredia, rebelde. Não parava em nenhum emprego era demitida ou se demitia, pois era “capaz de questionar e desafiar autoridades”. A audácia lhe rendeu o apelido de “língua de fogo”. Na favela era ela quem chamava a polícia quando havia algum problema e mediava as brigas entre os moradores, defendendo os mais fracos.
Quero aproveitar esta oportunidade para falar sobre beleza, beleza negra, beleza escura. Eu recebi uma carta de uma menina e gostaria de compartilhar apenas uma pequena parte dela com vocês: “Cara Lupita,” onde se lê : “Eu acho que você realmente tem sorte por ser tão negra e ainda tão bem sucedida em Hollywood. Eu estava prestes a comprar um creme da “Whitenicious” para clarear minha pele quando você apareceu no mapa e me salvou.
Pra quem não é negro eu posso tentar explicar o que se sente com o racismo de um modo mais fácil. Todos têm seus traumas, não é? Acredito que sim, mesmo que você nunca tenha parado pra pensar a respeito existe sempre alguma ferida que não gostamos de tocar, algum medo que sempre se esconde, ou aquele assunto do qual não gostamos de falar porque ficamos extremamente vulneráveis quando falamos.
Princesa- guerreira, um dos maiores símbolos de resistência e luta pela liberdade negra, mãe de um dos maiores líderes pela luta da liberdade negra, e avó de talvez o maior dos líderes da luta contra a escravidão. Ou se você quiser resumir, simplesmente Aqualtune.