Aqui no Brasil também há muitas dessas vozes, e precisamos fazer com que elas ecoem ainda mais, que se espalhem, que cheguem a todas, que abracem aquelas que também fazem parte dessas vozes, aquelas que tem suas histórias contada por essas vozes, aquelas que irão se sentir contempladas por essas vozes.
Em comum tem o humor, a acidez, a diversidade de temas, a luta eterna entre o que quero escrever (os textos mais fluidos e divertidos) e o que precisa ser escrito, as urgências desse tempo reacionário, autoritário em que vivemos, no qual a violência aos direitos humanos recrudesce a cada dia.
Este editorial, hoje, é uma tentativa de reforçar a importância do Feminismo Negro, é por meio dele que contamos as histórias das “mulheres forasteiras” da normatividade estabelecida pelo processo colonizatório dos países europeus. Ele é nossa ferramenta de luta para que possamos um dia viver a liberdade de não ter medo.
Por tantas histórias, por uma carreira inigualável e por Jovelina, a voz do repente, do samba, por ser a mulher que foi e revive dentro de nós a cada música que ouvimos ainda hoje, celebramos esse dia e agradecemos imensamente sua passagem nesse lugar chamado Brasil. Que seja feita festa e aquele samba onde quer que estejas, nossa queria Perola Negra.
Escrever sobre Antonieta de Barros vai além da admiração. Trata-se de reverenciar a capacidade de uma mulher negra que ultrapassou as barreiras do racismo, sexismo e do preconceito social e cultural da classe dominante, em plenos anos 30.
A menina preta da cor do azeviche jamais esquecerá o que a avó representou na sua formação de mulher. Quando ela aprendeu a gostar de seu cabelo pixaim descobriu que barreiras podem ser quebradas. A morte da avó é apenas uma distância temporária na vida eternizada das duas mulheres de pele preta.