Nós, mulheres negras, precisamos ter esse cenário em mente, para que possamos encontrar uma relação com nosso de desenvolvimento profissional que nos permita nos desenvolver no mundo do trabalho e não apenas sucumbir a ele.
Quando li fiquei em choque, frustrada e decepcionada comigo mesma pois possuía (ou pelo menos achava que possuía) todas as condições exigidas pela empresa.
Eu e outras mulheres negras contrariamos a dura realidade das pesquisas, na medida que ingressamos na universidade e estamos construindo nossas carreiras. Eu pretendo ascender acadêmica e profissionalmente como contadora, entretanto esse caminho tem nuances que valem a pena serem pensadas: sou negra, sou mãe e sou solteira. O que torna essa trajetória mais complexa, porque encaro três jornadas de trabalho e toda a responsabilidade da maternidade,.
Ainda curiosa, saí do shopping Morumbi e fui até o Market Place. Pra quem conhece, sabe que ficam praticamente de frente um para o outro. Passei pela AREZZO, entrei e fiquei observando por alguns minutos. Sai e resolvi voltar pra casa. Como moro pertíssimo do shopping Jardim Sul, resolvi entrar passar na loja da mesma que aqui cito. Chegando em casa, ainda muito pensativa, conclui: não havia sequer uma funcionária NEGRA nas lojas onde fui.
Não basta colocar o cuidado como questão política, se não houver questionamento sobre quem se beneficia desse serviço. A “mucama permitida” (GONZALEZ, 1980) precisa dar lugar a outras possibilidades de existência de mulheres negras.
Ser a única negra de uma escola de uma escola com aproximadamente 80% dos alunos oriundos da elite brasileira em uma turma onde todas as meninas estavam em um grau avançado com quinze anos de idade e eu sendo a mais velha dentre todas isso fazia uma tempestade na minha cabeça.