Eu enquanto mulher, negra, feminista, estudada, formada na vida e na academia, quão livre posso ser? Pergunta estranha essa. O quão livre eu sou, para fazer minhas próprias escolhas sem temer a opressão do mundo?
Não me entendam mal, mas todas nós sabemos o quão difícil é a opressão que sofremos. Em um grau maior ou menor temos todas isso em comum, a dor do olhar ao seu cabelo, o suspiro de vadia no canto do ouvido, da dificuldade de se posicionar frente a homens que quase sempre se julgam de certa maneira maiores que você, não importa o quesito em questão.
Sempre que me vejo na posição de seguir meus instintos, meus desejos, minhas verdades, bato nesse muro: O que diabos pensarão de mim? Será que me verão como sou, uma pessoa livre e que simplesmente é verdadeira com o que sente, conhece, acredita e deseja? Ou será que me verão como parte (infelizmente majoritária) da sociedade me veria? Abusada, atirada, inconsequente, imoral, não merecedora de respeito (o que é na verdade meu maior medo). Adjetivos fortes para se julgar, e tão levianamente utilizados por aí.
Hoje para mim, ser livre tem ganhado todo um novo significado. Arriscar, colocar-me perante a tudo e todos como sou e nada menos que isso. Não acho que muitos entendam, mas é o que tenho para dar.
Vejo em muitas companheiras, amigas, conhecidas e desconhecidas o exemplo de felicidade e coragem que quero para mim, e é nisso que me agarro sempre. Sejamos livres juntas, buscando nossa felicidade e nos apoiando em todo momento. Temos que contar com essa esperança.
Uma coisa em comum que vejo em todos os grupos feministas que fiz e faço parte é justamente isso. O desejo de sermos livres juntas, sempre. Acredito firmemente que a união é fundamental, uma necessidade, precisamos sempre fortalecer nossos laços de apoio.
Como podem perceber desde sua frase inicial, esse texto de longe se propõe a ser uma verdade. São dúvidas que tenho e sinto a necessidade de compartilhar, discutir e esclarecer (caso seja possível).No fim, pode ser somente mais um sonho de liberdade perdido no mundo. Vamos desenvolvendo nos próximos textos.