Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília – UnB e Professora do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – UNIPLAN. Escreve no blog Jaqueline J.
Os diversos feminismos que adotam e aplicam o conceito de intersecionalidade, criado pelo Feminismo Negro, reconhecem e denunciam a realidade degradada pelas discriminações multiplicadas pelas diferentes identidades sociais das pessoas, e felizmente têm se tornado mais populares no discurso comum de quem reflete criticamente sobre tudo isso que aí está: as opressões se entrelaçam e se potencializam de formas perversas, quando há dificuldade no acesso a ensino de qualidade ou até mesmo abandono das escolas (outro nome para expulsão), decorrente de abusos constantes; quando se é preterido(a) em uma seleção de emprego porque o(a) concorrente se enquadra nos padrões valorizados pela sociedade; quando se é assassinado(a).
Que os movimentos de negras e negros brasileiros, os populares, os da linha antirracista e os de promoção da igualdade racial avancem para ações radicais (no sentido de irem à raiz do problema etnicorracial neste país). Não basta o sucesso em se apropriar dos elementos afro-brasileiros que constituem o núcleo da cultura brasileira, já passamos do tempo de subverter a lógica econômica que repele pessoas negras dos cargos de poder ou dos mais valorizados socialmente.
Às margens dos canais mais privilegiados, em termos financeiros, o critério da fidedignidade na divulgação sobre o que ocorre e o que pensam determinadas populações é cada vez mais desacreditado, tendo-se em vista a subrepresentação ou representação estereotipada de, por exemplo, pessoas negras, indígenas, oriundas de comunidades periféricas ou carentes, nordestinos, mulheres, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, entre outros seres humanos oprimidos.