Carolina Maria de Jesus foi uma escritora mineira que viveu grande parte de sua vida na cidade de São Paulo e tornou-se famosa na década de 60 ao publicar Quarto de Despejo: diário de uma favelada (1960), em que narra o cotidiano de pobreza e fome vivenciado por si própria e demais moradores da favela do Canindé. Saiu de Minas gerais em direção a São Paulo, peregrinando de cidade em cidade, entre os dois estados, realizando trabalhos como doméstica ou babá e foi exatamente como empregada doméstica que chegou à cidade onde viveria até o fim de sua vida.
Na capital paulista ganhava seu sustento e de seus três filhos, catando papéis. Era semi-alfabetizada, mas tinha enorme gosto pela leitura e pela escrita, lia os livros, jornais e revistas que catava nas ruas e separava o que poderia servir como caderno de notas, onde escreveu os diários mais tarde publicados. Além do já citado Quarto de Despejo, assim intitulado, pois dizia ser a favela o quarto de despejo da sociedade brasileira, publicou também Casa de Alvenaria (1961) e Pedaços de fome (1963) e ainda os livros póstumos Diário de Bitita (1986) e Meu estranho diário (1996). Seus livros foram traduzidos para mais de treze idiomas.
Segundo as autoras de Muito bem, Carolina!, a escritora é descrita por seus contemporâneos como uma mulher geniosa, inquieta, explosiva, atrevida, petulante, ousada, corajosa, arredia, rebelde. Não parava em nenhum emprego era demitida ou se demitia, pois era “capaz de questionar e desafiar autoridades”. A audácia lhe rendeu o apelido de “língua de fogo”. Na favela era ela quem chamava a polícia quando havia algum problema e mediava as brigas entre os moradores, defendendo os mais fracos.
Em 2005 o Museu Afro Brasil homenageou a autora de Quarto de despejo ao nomear sua biblioteca com o nome da escritora negra. Embora haja dúvidas quanto à exatidão da data de nascimento de Carolina, em certidão consta o dia 18 de agosto de 1914. Faleceu em São Paulo em 13 de fevereiro de 1977.
Obrigada Carolina.