E enquanto observada isso tudo na minha mente surgia a inquietação: só cabemos na escola em novembro? Só cabemos na escola no dia da consciência negra? Minha pergunta é: até quando?
É na escola que se tem eminentemente um trabalho de grupos, seja de irmãos biológicos que freqüentam a mesma escola, seja de crianças de diferentes famílias que se origina no fato de estarem todas juntas no mesmo espaço partilhando de uma identidade comum: educandas/os. Nesse sentido, não seria exagero pensar a escola como sendo um dos principais espaços onde a convivência com o diferente deveria ser estimulada, valorizada e estruturada de maneira naturalmente equânime a partir de identidades múltiplas que seriam catalizadoras da Diversidade.
O cotidiano das relações estabelecidas em Programas de Acolhimento Institucional aponta que embora institucionalmente invisibilizada, a violência que é relacionada a práticas discriminatórias resultantes das pré-concepções quanto a raça se mostram evidentes. Fato comprovado, a preponderância da população afrodescendente nos abrigos não institui uma relação de equidade dentro desse espaço, longe disso, reproduz a lógica de discriminações de uma cultura hegemônica, machista, sexista, branca, adultocêntrica, vivenciada nas relações sociais.