A exibição da série Sexo e as Nega, que motivou a escrita do artigo mais lido do ano – Ah! Branco, dá um tempo! – foi o assunto do ano. O texto também foi o mais lido do Media Diversified, sinalizando que nossa luta, aqui e lá fora, é a mesma. Nós, #AsNegaReal, não aceitaremos de modo algum uma representação que nos desumaniza para uso e usufruto da branquidade. A constatação de que o Brasil colonial onde a mula e a mulata precisam ser discutidas nos fez fincar o pé dizer que Mulatólogo não é profissão, é machismo.
Foi um ano em que o Mercado Livre vendeu negros a R$ 1,00, prática que vinha acontecendo com certa frequência, mas que ganhou grande publicidade depois de nossa denuncia. Foi um ano em que mais uma vez o 8 de março foi o Dia Internacional da Mulher BRANCA. Um ano em que o Sistema da PF não aceitou um lindo black power para foto de passaporte. Mais uma vez, a voz de uma falou por todas que enfrentamos o racismo nos processos seletivo, perguntamos para a Arezzo – Não fui selecionada. Por que será? Não, Não se enganem, nós vivemos numa sociedade racista. A bananização do racismo fez que até mesmo um Rolezinho, fosse um ato de resistência política.
No ano em que fomos presenteadas com o emocionante discurso de Lupita Nyong’o, atriz vencedora do Oscar e eleita a mulher mais linda do mundo, perguntamos – Ser preto tá na moda? Mais uma vez, o pessoal é político como sabemos todas aquelas que usamos o cabelo natural. Discutimos o padrão de beleza negra ideal e a ideia que o racismo só aconteceria se houver intenção de dano e também o modo como o crime é noticiado em “se não usar desodorante, fico com cheiro de neguinha”.
Foi um ano em que nós, feministas negras interseccionais, perguntamos Por quais mulheres o feminismo radical luta? Entendemos que se o feminismo não inclui e acolhe a diversidade do que é ser mulher, está dando um tiro no próprio pé. Um ano para pensar também a Lesbianidade negra e a dificuldade de encontrar semelhantes. Um ano em que também falamos em defesa da Beyoncé: feministas negras, feministas brancas e a linha na areia, assunto que também foi assunto do feminismo negro lá fora. Um ano para dizer em alto e bom som que nós, mulheres negras, sobreviveremos apesar da falta de amor através do empoderamento afetivo.
E ano que vem tem mais. Feliz 2015 pra gente!