Essas concepções equivocadas acerca do turbante só refletem o preconceito racial e a falta de conhecimento sobre religiões de matrizes africanas presentes na sociedade, o que faz gerar atitudes discriminatórias e de intolerância religiosa. Já no caso da mulher branca usando esse acessório, de ferramenta de empoderamento negro, é logo elogiada e tida como mulher estilosa e ‘descolada’.
Os pontos que levando aqui são dois: chamar alguns dos vestidos de “galinhas de despacho” e ainda, dizer que na caracterização faltou o agdá com farofa e uma garrafa de cachaça.
Não sei vocês, mas para mim, usar cores já foi difícil, houve um tempo em que usar um batom colorido era impossível, achava que as cores não combinavam com pele preta. O que pode parecer besteira, não é, essa minha insegurança (e acredito que seja de outras mulheres também) reflete o quanto nós, negras, infelizmente ainda sofremos com a falta de referências, essas que crescemos sem.
Ai é que eu afirmo que avançamos, mas ainda estamos num campo perigoso. Por que ser socialmente aceito como exótico, não é lá uma vantagem. É “menos pior” do que ser rejeitado, mas ainda não é uma liberdade plena conquistada. A moda afro ter avançado no mercado tem, no momento, que conviver com essa faca de dois gumes: sair de territórios demarcados para galgar uma universalidade, mas em contrapartida ainda não ser encarado com naturalidade: ser sempre a moda do OUSADO, do super fashion, do Cult, menos o traje de uma identidade afirmada.