Muitos questionam ações afirmativas com a justificação que os negros seriam privilegiados e favorecidos, como se pedir que os ambientes se tornem mais heterogêneos fosse algum absurdo, como se uma pessoa negra não tivesse o direito de avançar e ocupar seu devido lugar na sociedade.
Se juntarmos todos os professores de algumas das principais universidades do país (UFRGS, USP, UFRJ, Unicamp, UNB, UFCAR e UFMG) teremos um contingente de 18.400 acadêmicos, entre quais 18.333 são brancos e 70 negros, ou seja, são 99,6% de professores brancos, contra 0,4% de professores negros.
Espero que o meu clamor seja ouvido, para que outros alunos não tenha que se submeter as mesmas arbitrariedades e opressões devido a sua cor de pele e condição social.
É hora da sociedade gaúcha, que tem um longo histórico racista, aceitar que a universidade é para todos. E que lugar do negro não é mais na cozinha do restaurante universitário. Negros não são mais os porteiros que vocês cumprimentam na entrada da faculdade.
E ao contrário do que a competência racista tenta convencer: cotas raciais nada têm a ver com competência ou inteligência. Não estamos buscando mostrar que somos mais capazes do que qualquer outra raça. As cotas existem porque a dívida desse ESTADO é secular e as ações afirmativas são o começo do caminho de reconhecimento da marginalização que nos impuseram.
Diante de nossa luta aguerrida, fica evidente a necessidade de a branquitude defender uma reserva de vagas informal destinada apenas aqueles que tem a cor de pele, entre aspas, correta. No entanto, para nós um pingo é letra. Não nos calaremos diante de quaisquer ataques aos nosso direitos sobre os quais estamos ciosas e cientes mais do que nunca. Manifeste sua opinião. Não siga a Folha para que entendam que continuamos de punhos em riste pela gerência e ampliação de nossas conquistas. Não iremos retroceder nem um passo.
Creio que a inserção de pessoas trans negras no mercado de trabalho deva partir, primeiramente, do reconhecimento de sua identidade de gênero, isto é, as pessoas trans precisam ser reconhecidas pelo nome e gênero com relação aos quais se identificam. Isso acarreta um enorme desafio social e legal, que está na pauta dos movimentos sociais trans, mas que precisa ser melhor abraçado pelos grupos organizados.
Enfim, suas categorias político-sociais-econômicas-blá-blá-blá não foram suficientes para nos manter sob controle e agora queremos mais e mais. Queremos ocupar as cadeiras, queremos salas com nossos nomes gravados nas placas da porta com títulos e mais títulos antes deles, currículos que falam por si e tornam nossos rostos negros e duros ainda mais assustadores. Afinal, desmascaramos suas mentiras e dominamos também seus conhecimentos, invadimos sua praia e estamos à vontade para empreender as mudanças necessárias, abrindo com foices e facões as trilhas para os outros que virão. E eles certamente virão, aos montes e trarão outros!