É importante aferir que o papel da reconstrução de uma autoestima já fragilizada se faz necessário para que não nos enganemos com supostos relacionamentos paliativos.
A gente não precisa de proteção, a gente não precisa de um príncipe, a gente não precisa de alguém que nos cerque por todos os lados, a gente não precisa casar, a gente não precisa ter filho, a gente pode ter cabelo curto, a gente pode beber com os amigos, com a família, com o diabo! A gente pode o que a gente quiser. Inclusive revidar.
Meu pai sempre foi o tipo de negro que fingiu a vida toda que o racismo nada tinha a ver com a vida dele. Sempre negou sua raça e suas origens, o que para mim trouxe consequências terríveis uma vez que nunca me senti a vontade para dividir a dor de passar pelo racismo que eu passava na escola, por exemplo. Como todo negro q ue nega suas origens meu pai não poderia fazer diferente, escolheu uma mulher branca para se casar. As consequências desse ato, que decorreu da falta de orgulho de si mesmo que meu pai sentia, trouxe-me as piores consequências. A mulher que meu pai escolheu, minha mãe, além de ser branca é também racista. Com certeza alguém dirá: impossível! como uma branco racista pode se casar com um negr? A resposta a essa pegunta não é nenhum pouco simples, mas, no caso da minha mãe, e pelo que ela própria relata, parece ter ocorrido uma certa falta de opção.
Hoje é dia de lembrar Lélia Gonzalez, intelectual, feminista, negra, antropóloga, política, professora, militante que morreu no dia 10 de julho de 1994. Para nos lembrarmos de sua luta e do seu exemplo, como uma das feministas negras mais importantes de seu século, reproduzimos um trecho de uma entrevista concedida ao Jornal do Movimento Negro em 1991. Assertiva, tece críticas ao movimento de mulheres brancas e discorre sobre o relacionamento entre homens e mulheres negras.
Essa talvez seja uma forma de superarmos machismo e racismo, ao menos entre nós. Para compreendermos realmente a dor de nossos irmãos e irmãs é preciso que nossas dores dialoguem entre si, é preciso avançar para além dos muros impostos pela sociedade que nos escraviza e exclui diariamente de suas relações e conquistas, é preciso fazer o caminho mais difícil, seguir abrindo trilhas na mata fechada do preconceito para que nossos descendentes possam vislumbrar com mais nitidez a igualdade que tanto sonhamos.
No frigir dos ovos, temos, por um lado, meninos que sofrem desde crianças para se adequar a um padrão irreal e meninas que, igualmente, se mutilam para tentar alcançar o padrão inalcançável e as que são rejeitadas. Tem que ver isso aí, produção!
Elogio racista é toda demonstração de admiração, afetividade ou carinho que se concretiza por meio de ideias ou expressões próprias ao racismo. Com ou sem a intenção de, que fique bem claro. Um dos mais conhecidos é o famoso “negro de alma