Pois estou aqui pela resistência de minhas ancestrais, Vaulice, minha mãe, Zilma , minha vó, as Cláudias, as Dandaras e as Jandiras. Todos as minhas ancestrais negras que lutaram e resistiram a violência sexual, ao estupro, e lutaram como panteras para que hoje eu e minhas companheiras negras chegassem até aqui fortes e cientes de sua missão que é representar um ideal coletivo e não um ideal individualizado.
Escrever sobre Antonieta de Barros vai além da admiração. Trata-se de reverenciar a capacidade de uma mulher negra que ultrapassou as barreiras do racismo, sexismo e do preconceito social e cultural da classe dominante, em plenos anos 30.
Bailamos à resistência e nos trançamos numa rede tão grande e poderosa quanto a crina da égua que me trouxe a galope pela cordilheira. E assim deixamos um rastro infinito de arco-íris, porque afinal de contas, pavão também voa.
Zanele Muholi e Thembela Dick, duas artistas sul-africanas que fizeram de seu trabalho um ativismo em prol da visibilidade das minorias excluídas da sociedade, estarão aqui em São Paulo, ao vivo. Em carne e osso. AS DUAS! Sim, com direito a conversa com o público depois da exposição das obras.
Quando a Justiça se presta a um ato como estes, pratica-se um retrocesso, não apenas jurídico mas social. Pratica-se um atentado contra o povo (negro) que sofre opressão há séculos dentro deste Brasil. Pratica-se um ato de ignorância sobre tudo o que já se produziu nas Academias deste mundo. Pratica-se a intolerância e a falta de desejo de construir um país mais justo, mais democrático.
Os diversos feminismos que adotam e aplicam o conceito de intersecionalidade, criado pelo Feminismo Negro, reconhecem e denunciam a realidade degradada pelas discriminações multiplicadas pelas diferentes identidades sociais das pessoas, e felizmente têm se tornado mais populares no discurso comum de quem reflete criticamente sobre tudo isso que aí está: as opressões se entrelaçam e se potencializam de formas perversas, quando há dificuldade no acesso a ensino de qualidade ou até mesmo abandono das escolas (outro nome para expulsão), decorrente de abusos constantes; quando se é preterido(a) em uma seleção de emprego porque o(a) concorrente se enquadra nos padrões valorizados pela sociedade; quando se é assassinado(a).
Criar uma lista com as 25 negras mais influentes da internet brasileira é uma tarefa prazerosa porém árdua. O motivo é simples, somos muitas e extremamente competentes naquilo que fazemos, beijo no ombro. É como se cada nome representasse na verdade outras 50 mulheres. É por isso que diremos de antemão que muita gente ficou de fora por falta de espaço, claro. Não pretendemos que esse encargo seja definitivo apesar de todo esforço para que fosse representativo.
Você nunca quis que eu fosse lésbica. Você nunca quis que eu fosse jornalista (ainda não, mas estou indo de encontro para.). Você nunca quis que eu fosse gorda. Você nunca quis que eu morasse longe. Você nunca quis que eu tivesse cabelo colorido e curtinho. E veja só você no que foi que eu me tornei: naquilo que você não queria. E isso não foi escrito com ironia, mãe. Eu sou subversiva por natureza, percebe? Não faço de propósito, é que eu acredito em mim dessa forma, só assim me sinto bem, forte suficiente pra vencer toda essa muralha de desafios que eu tenho pela frente.
Sabemos que, por vezes, a relação entre mulheres brancas e negras no movimento feminista também é marcada por conflitos, tendo sido Lélia chamada por diversas vezes, durante sua militância de “criadora de caso”. Nesse sentido, as afro-brasileiras encontravam-se diante de uma encruzilhada. Se por um lado as implicações das reminiscências do período escravocrata na vida das mulheres negras ganhavam pouco espaço no movimento feminista, por outro, o pensamento machista e patriarcal do Movimento Negro impedia a inclusão do fator gênero no projeto político da organização.